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60 corpos são encontrados em crematório abandonado no México

Autoridades mexicanas encontraram um total de 60 cadáveres, incluindo mulheres e crianças, em um crematório particular no porto de Acapulco

Membros do serviço médico legal trabalham em crematório privado, onde foram encontrados dezenas de corpos no México (AFP)

Membros do serviço médico legal trabalham em crematório privado, onde foram encontrados dezenas de corpos no México (AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 20h47.

Acapulco - Autoridades mexicanas encontraram um total de 60 cadáveres, incluindo de mulheres e crianças, em um crematório particular, ao que parece abandonado há um ano, no turístico e violento porto de Acapulco (sul) - informaram autoridades locais nesta sexta-feira.

A descoberta despertou temores de que poderia se tratar de um novo caso de surgimento de cadáveres de vítimas dos cartéis narcotraficantes mexicanos, mas as autoridades ainda não levantaram nenhuma hipótese.

Os corpos foram encontrados na quinta-feira em uma inspeção no imóvel Cremações do Pacífico, situado perto da zona turística de Acapulco, depois que vizinhos alertaram sobre o cheiro forte que saía do lugar.

Militares e policiais isolaram o crematório, onde encontraram corpos sobre macas cobertos com lençóis e sal e um forno de cremação.

"Entre os 60 corpos encontrados, existem cadáveres de mulheres, homens e crianças, que estão perfeitamente embalsamados e preparados para sua cremação", disse a Procuradoria do estado de Guerrero em um comunicado.

"Ao não ter cremado os cadáveres, foram descumpridas as normas sanitárias de caráter federal, estadual e municipal", afirmou a Procuradoria.

A nota não menciona a possibilidade de que os mortos sejam vítimas do crime organizado, não especifica as causas, nem as datas das mortes.

A Procuradoria de Guerrero disse que os delitos investigados são "contra o respeito aos cadáveres, ou restos humanos, contra as normas de sepultamento e exumação e atentado contra os mortos".

Temor entre antigos clientes

Uma imponente operação de segurança chegou na noite de quinta-feira a esta zona, depois que moradores avisaram sobre o forte cheio que saía do crematório.

Inicialmente, as autoridades haviam informado sobre a localização de dez cadáveres em estado avançado de decomposição. No decorrer da noite, os demais corpos foram encontrados.

Moradores da área declararam à AFP que já haviam denunciado há dois dias o forte odor de putrefação no crematório, mas que as autoridades não se dirigiram ao local até quinta-feira.

Investigadores e peritos trabalharam a noite toda, recolhendo os cadáveres e levando-os ao para o instituto médico legal de Acapulco. Nesta sexta, pessoas que haviam entregue corpos de familiares ao crematório foram à instituição.

"Eu vi o forno aceso e o corpo da minha mãe, mas nunca vi se a colocaram no forno", disse à AFP David Jaimes, que contratou os serviços do Cremações do Pacífico há nove meses.

"Eu e meus irmãos lembramos que um senhor nos disse 'se quiserem, podem ir embora porque esse lugar é perigoso', e fomos. É a incerteza que nos entristece", desabafa Jaimes, que quer que a Procuradoria analise as cinzas entregues pela empresa para saber se são realmente de sua mãe.

Em Acapulco, uma das cidades mais perigosas do país e um importante centro de consumo de drogas, o crime organizado exerce forte violência contra a população local que vive nos bairros próximos à zona turística. Sequestros, extorsões e assassinatos são constantes.

Este centro turístico fica no estado de Guerrero (sul). Em setembro passado, esse mesmo estado foi palco do desaparecimento e suposto massacre de 43 estudantes, assassinados por policiais da cidade de Iguala em conluio com narcotraficantes. O crime chocou o país e o mundo.

Mais de 20 mil pessoas desapareceram no México desde o início da ofensiva militar contra os cartéis de drogas, em 2006.

*Atualizada às 21h47 do dia 06/02/2015

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