XI JINPING e DONALD TRUMP: se a China seguir desvalorizando o iuan como resposta às tarifas dos EUA, a disputa entre os países pode evoluir para uma guerra cambial / Damir Sagolj/REUTERS (Damir Sagolj/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2019 às 06h36.
Última atualização em 3 de outubro de 2019 às 07h07.
Os Estados Unidos estão a caminho de uma recessão? Esta é a grande pergunta sem resposta simples que vem tirando o sono de investidores mundo afora e que puxou, ontem, as bolsas para baixo. Neste cenário, qualquer pequena alteração, para cima ou para baixo, em dados econômicos tende a levar a picos de pânico e euforia. Nesta quinta-feira, os olhos estão no índice de serviços (ISM) dos Estados Unidos; amanhã, nos dados oficiais de emprego.
A expectativa é que o ISM tenha um leve recuo, 56,4 em agosto para 55. A criação de vagas deve ser de 145.000, acima das 130.000 em agosto. Será o suficiente para apagar os temores de um mergulho provocado pelos efeitos da guerra comercial sobre a indústria? E será o suficiente para suplantar, por aqui, uma nova leva de indefinições sobre as reformas?
A quarta-feira foi marcada por notícias ruins no Brasil e no exterior. Por aqui, o Senado aprovou um destaque do texto da reforma da Previdência que reduziu em 76 bilhões de reais o impacto previsto — levando a uma desidratação que já chega a um terço da economia inicialmente calculada em 1,2 bilhões de reais em 10 anos. O presidente do Senado, David Alcolumbre, já admite adiar em uma semana a aprovação da reforma em segundo turno em meio a uma série de impasses que vêm surgindo nos últimos dias.
Nos Estados Unidos, dados de emprego na indústria e produção industrial abaixo do previsto deram munição a analistas que afirmam que a guerra comercial com a China já está puxando a economia do país para baixo. O presidente Donald Trump, mais uma vez, culpou a política de juros do Banco Central pelos índices. Na Europa, o “plano final” do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para o Brexit foi recebido com ceticismo pela outra borda do Canal da Mancha.
O ambiente está tão confuso que até uma decisão da Organização Mundial do Comércio, anunciada ontem, ampliou os temores de uma guerra comercial ainda mais ampla. A OMC autorizou os Estados Unidos a impor tarifas sobre 7,5 bilhões de dólares em produtos europeus, numa gama que vai de queijos e vinhos a aviões. É uma resposta a subsídios ilegais concedidos pela Europa à fabricante de aeronaves francesa Airbus.
Tudo isso somado levou o Ibovespa, dependente de commodities, a recuar 2,9% ontem, para 101.031 pontos, na maior queda em dois meses. O índice Dow Jones recuou 1,86%, e o S&P 500, 1,79%. As bolsas asiáticas fecharam em queda nesta quinta-feira, com Tóquio recuando 2% e Xangai, fechada ontem em virtude de feriado na China, recuando 0,92%.