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O fator psicológico dos 110 mil pontos

Analistas veem "quebra de paradigma" e acreditam que números redondos possam vir a se tornar uma régua para o mercado

Para analistas, fator psicológico é um dos que mais pesam quando os índices ultrapassam números redondos (metamorworks/Getty Images)

Para analistas, fator psicológico é um dos que mais pesam quando os índices ultrapassam números redondos (metamorworks/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 10h48.

Última atualização em 6 de dezembro de 2019 às 17h47.

São Paulo - O Ibovespa bateu os 110 mil pontos pela primeira vez na história, nesta quarta-feira (4). Mas, por que foi dada mais atenção a este recorde do que a outros, como o de quinta-feira (5)? Parte dessa resposta está na cabeça dos investidores.

O fator psicológico, segundo analistas, é um dos que mais pesam quando o índice ultrapassa números redondos. “Serve como uma quebra de paradigma”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus.

No mercado, essas marcas costumam ser encaradas com uma barreira. “Essa é uma região de resistência (que, na análise gráfica ou técnica, representa um obstáculo que dificulta a alta dos preços ou indicadores), tanto na compra quanto na venda, já que muita gente vai repensar as decisões acima desses patamares”, afirmou Laatus.

Exemplo semelhante ocorreu nos Estados Unidos, quando o S&P 500 alcançou os 3 mil pontos. Em julho deste ano, o índice americano alcançou a marca pela primeira vez, mas não conseguiu se manter nesse patamar. Foi só em outubro que o indicador passou a ser negociado acima dessa pontuação. 

Até por conta dessa volatilidade, o analista da Guide Investimentos Luis Sales recomenda cautela nesses momentos. “Por mais que tenha passado os 110 mil pontos, ainda é preciso buscar novas máximas para ter uma consolidação acima desse ponto”, ponderou. 

Para Laatus, a tendência é de que o índice caia - o que representaria uma correção de preços. “Tem gente que está comprada desde 100 mil pontos, então é natural que realize lucros agora, levando o mercado recuar um pouco.”

De acordo com o sócio da Portofino Investimentos Adriano Cantreva, parte dessa volatilidade se deve ao fato do índice estar no maior patamar da história. “O mercado não opera em ‘new highs’ o tempo todo. Você bate 110 mil e volta um pouco. Depois bate 111 mil e volta. Até que uma hora fura e vai embora”, disse.

Cantreva também destaca elementos técnicos que essas marcas representam. “Às vezes, tem um topo que, uma vez superado, se torna um piso. E aí se parte para outra banda”, explicou. 

Mas, para que isso aconteça, é necessário um conjunto de elementos concretos, como o crescimento da economia local, dizem analistas.

Nesta semana, um dos fatores que podem ter contribuído para a alta foi a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6% no terceiro trimestre - acima das expectativas do mercado, que esperava por um avanço de 0,4% para o período.

Outro motivo é expectativa de que a guerra comercial esfrie. A melhora do humor ocorreu após fontes próximas às negociações confirmarem à agência Bloomberg que um acordo, mesmo que preliminar, pode estar perto de ser concluído.

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