Coronavírus: vendedor ambulante se protege de contágio em Milão, na Itália (Flavio Lo Scalzo/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de fevereiro de 2020 às 11h03.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2020 às 11h04.
A escalada de novos casos de coronavírus reportados fora da China ligaram o sinal de alerta no mercado financeiro. Com a expectativa de que a doença continue se espalhando pelo mundo, a palavra “pandemia” tem ganhado cada vez mais espaço no entre gestores.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, é justamente este medo que está ditando as recentes movimentações no mercado. Desde o início da semana, investidores iniciaram um rali para ativos de segurança. O ouro, por exemplo, atingiu a maior cotação em sete anos enquanto o título americano de 10 anos bateu o menor rendimento da história. “O mercado não está mais precificando só China, mas uma pandemia global”, afirmou.
Fechado desde sexta-feira (21) devido ao carnaval, a bolsa brasileira deve sentir esses efeitos logo na abertura desta quarta, que irá ocorrer mais tarde, às 13h.“Hoje vai ter uma queda bastante expressiva. Estamos falando em algo que pode chegar a quase 7%”, disse Perfeito.
Desde o início da semana, o ETF EWZ, que representa o mercado brasileiro nos Estados Unidos, caiu 6,34% enquanto o S&P 500, principal índice americano, acumula queda de 6,28%. Já o VIX, conhecido como “índice do medo” subiu 63% em dois dias.
Nesta quarta-feira (26), o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, o que pode provocar uma reação ainda mais acentuada por aqui. Apesar da preocupação, Perfeito vê espaço para oportunidades. Segundo ele, o pânico entre os investidores pode deixar alguns papéis baratos. “Sugiro paciência para ver até onde a queda da Bolsa vai. É nesses dias que se faz dinheiro”, disse.
No mundo, a doença já deixou 81 mil infectados e 2,77 mil mortos, segundo o site de estatísticas Wordometers. O número segue aumentando, principalmente, fora da China, onde já são computados 3,2 mil infectados e 55 mortos.
Apesar dos números crescentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) descarta que o coronavírus possa ser considerado uma epidemia. No entanto, na segunda-feira (24), o diretor-geral da OMS confirmou que o vírus tem um “potencial pandêmico”.