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Ibovespa recua mesmo após corte de juros nos Estados Unidos

Primeiro corte emergencial feito pelo Fed desde crise financeira de 2008 assustou o mercado

Bolsa: Ibovespa recua 1,02% e fecha em 105.537,14 pontos (d3sign/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa recua 1,02% e fecha em 105.537,14 pontos (d3sign/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2020 às 18h33.

Última atualização em 3 de março de 2020 às 19h31.

São Paulo - Juros baixos costumam agradar os mercados, mas não foi o que aconteceu nesta terça-feira (3). Para conter os impactos econômicos do coronavírus (Covid-2019), o Federal Reserve fez uma manobra inesperada, cortando a taxa de juros americana em 0,5 ponto  percentual a duas semanas da reunião ordinária do Fomc. Em um primeiro momento, a medida causou reação positiva no mercado financeiro, mas logo o pessimismo preponderou.

A última vez que o Fed havia cortado os juros de forma emergencial foi na crise financeira de 2008. Com isso, o índice americano S&P 500 caiu 2,28%. O movimento de baixa também foi seguido no Brasil, com o Ibovespa recuando e 1,02% e encerrando em 105.537,14 pontos.

“Não se imaginava que o Fed fosse cortar juros hoje. Isso assustou o mercado, que começou a se perguntar ‘por que tão rápido?’”, comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus.

Pela manhã, autoridades monetárias das sete principais economias debateram medidas para conter os efeitos do coronavírus na economia. A expectativa do mercado é a de que os outros seis países sigam a linha dos Estados Unidos e também anunciem redução dos juros. Mas os estímulos econômicos também podem ser feitos por meio de medidas fiscais.

Para Adriano Candreva, sócio da Portofino Investimentos, os incentivos fiscais podem ter efeitos ainda mais positivos que os monetários. “Essas medidas fiscais são importantíssimas. Existem fábricas com falta de componentes para a produção, então, de nada adianta dinheiro mais barato se a empresa parou”, disse.

Apesar da queda de hoje, Candreva acredita que o pior cenário no mercado financeiro já passou. "As expectativas daqui para frente tendem a melhorar conforme os governos se mostraram prontos para atuar. Aquele descontrole da semana passada não vai ter mais."

Na B3, as ações com maior liquidez e mais peso no Ibovespa caíram e impulsionaram a queda do índice. Entre elas, as ações dos bancos foram as que tiveram as maiores perdas. Na sessão, os papéis do Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander recuaram 1,82%, 2,6%, 2,93% e 2,52%, respectivamente. As ações da Petrobras também pressionaram as perdas, com as ordinárias caindo 2,14 e as preferenciais, 1,81%. Já as ações da Vale chegaram a registrar alta de 5,89% na máxima da sessão, mas também fecharam no vermelho.

“O pessoal bateu nos ativos com mais liquidez, tanto que os papéis menos líquidos seguraram um pouco”, comentou Bruce Barbosa, analista e fundador da Nord Research.

Porém, a maior queda do pregão ficou com a ação da IRB Brasil, que caiu 7,74%.  A resseguradora, que viu suas demonstrações financeiras virarem alvo de questionamentos da gestora Squadra, tem passado por uma fase difícil na Bolsa. Nesta terça, pesou sobre o preço de seus papéis o processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a renúncia de Ivan Monteiro da presidência do conselho de administração da companhia.

“Os questionamentos sobre a saída do ex-presidente do conselho de administração deixa os investidores ainda mais cautelosos em relação ao desempenho da empresa”, escreveram analistas da Guide Investimentos em relatório a clientes.

Sobre a IRB Brasil, Bruce Barbosa vê um cenário em que “é difícil saber em quem acreditar”. “Tem muita coisa mal explicada. É bem difícil pegar inconsistência contábil. Em geral, nem as auditorias pegam. Mas o mercado sempre desconfiou da capacidade de crescimento da IRB, que vinha apresentando resultados consistentes a cada trimestre”, comentou.

Ainda na ponta negativa, os papéis da BRF caíram 7,27%, apesar da empresa ter apresentado forte crescimento do lucro no balanço do quarto trimestre de 2019, divulgado hoje. Outro papel que teve mal desempenho foi o do BTG Pactual, que fechou em queda de 6%.

Já a maior alta da sessão foi dos papéis da B2W, que subiram 4,99%. A ação segue em movimento de recuperação, após ter se desvalorizado 14,58% na semana passada.

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