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Ibovespa fecha abaixo dos 100 mil e tem 1ª queda mensal desde março

Mercado brasileiro volta a se descolar do exterior com volta dos temores fiscais; indefinição sobre auxílio emergencial pressiona negócios

Bolsa: Ibovespa pode ter primeira queda mensal desde março (NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa pode ter primeira queda mensal desde março (NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 17h00.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 17h32.

A bolsa brasileira fechou em queda nesta segunda-feira, 31, com os investidores temerosos sobre a condução fiscal do país em meio ao aumento de gastos em função dos efeitos da pandemia. O Ibovespa principal índice da B3, caiu 2,72% e encerrou em 99.369,15 pontos.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 teve leve queda de 0,28%, enquanto o Nasdaq avançou 0,68% e voltou a registrar novo recorde de fechamento. Apesar do ambiente misto no exterior, no Brasil, o a questão fiscal continuou pressionando os negócios, de acordo com analistas da Exame Research, e o Ibovespa teve sua primeira queda mensal desde março. Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam em alta pelo quinto mês consecutivo.

"Vamos fechar 2020 com um déficit gigantesco devido ao aumento de gastos justamente por conta dos programas sociais. O Renda Brasil deve ajudar a estourar bastante o teto de gastos", comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Segundo Laatus, a indefinição sobre o auxílio emergencial, que vem se arrastando desde a semana passada, ajudou a pressionar os negócios na bolsa. "O mercado fica preocupado. A impressão que passa é já não se sabe o que fazer para não furar o teto. O Bolsonaro tomou gosto pelo populismo e o populismo custa caro."

No radar dos investidores também esteve a redução da cota de aço que o Brasil pode exportar para os Estados Unidos e o resultado do índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China, que ficou em 51 pontos, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade, mas levemente abaixo dos 51,2 previstos anteriormente.

No cenário interno, teve a apresentação do orçamento federal de 2021, em que se prevê déficit primário de 233,6 bilhões de reais. A previsão do governo é de que o PIB do Brasil cresça 3,2 no próximo ano.

Destaques

Na bolsa, as ações com maior peso no Ibovespa apresentaram forte movimento de queda. No setor financeiro, as ações do Itaú caíram 3,60%, as do Bradesco 3,4% e da B3, 3,6%, puxando o índice para baixo. Também com presença significativa, as ações da Petrobras tiveram baixa de 2,9% e da Ambev, de 3,45%. Até mesmo os papéis da Vale fecharam em queda superior a 2%, a despeito da valorização do minério de ferro no mercado internacional.

Já entre as maiores queda do Ibovespoa ficaram as ações da Eletrobras, que caíram 5,28%, refletindo o pessimismo do mercado sobre o andamento de pautas do governo, como a da privatização da companhia. Na lanterna do índice ficou os papéis da Hypera, com desvalorização de 5,92% e da GOL, com depreciação de 5,74%.

As ações da resseguradora IRB Brasil, que recuaram 4,93%, refletindo seu desempenho no segundo trimestre, período em que a empresa teve prejuízo de 685 milhões de reais, revertendo o lucro de 397,5 milhões de reais do segundo trimestre de 2019. A empresa ainda sofre com o aumento da insuficiência de liquidez de 2,1 bilhões de reais para 3,4 bilhões de reais. "Não se sabe se a empresa vai fazer um novo aumento de capital ou partir para desinvestimentos, já que ela tem participações em outras áreas, como shoppings", comenta Esteter.

Apesar do tom majoritariamente negativo na bolsa, as ações da EDP conseguiram driblar o pessimismo do mercado e fecharam em alta de 6,62, após a empresa registrar lucro líquido de de 237,2 milhões de reais no segundo trimestre do ano. O valor ficou cerca de 25% superior ao do mesmo período do ano passado.

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