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Ibovespa fecha em queda e perde os 80 mil com embate entre China e EUA

Donald Trump ameaça China por ter, supostamente, criado o coronavírus e ameça retaliar com tarifas - mercado vê possível volta de guerra comercial

Bolsa: Ibovespa cai com piora de cenário externo; política interna não ajuda (d3sign/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa cai com piora de cenário externo; política interna não ajuda (d3sign/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de maio de 2020 às 17h30.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 17h47.

A bolsa brasileira fechou em queda, nesta segunda-feira, 4, refletindo o cenário global de maior aversão a risco, após o aumento das tensões entre China e Estados Unidos em torno da origem do coronavírus, que para o governo americano, foi criado em um laboratório chinês. No cenário interno, a instabilidade política não ajudou e o Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, fechou em queda de 2,02%, em 78.876,22 pontos.

Na sexta-feira, o presidente Donald Trump culpou a China por, supostamente, ter criado o vírus e ameaçou fazer retaliações por meio de tarifas. Desde então, suas falas têm tido repercussão negativa no mercado.

Segundo Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, as acusações “pesadas” de Trump e a ameaça de novas tarifas fez ressurgir a preocupação sobre a volta da guerra comercial. "É tudo o que o mundo não queria", afirmou.

Fechado desde quinta-feira, 30, devido ao feriado do Dia do Trabalho, o mercado brasileiro também absorveu parte das quedas do fim da última semana. As expectativas eram de que a bolsa brasileira cairia mais, visto que, na sexta, o ETF EWZ, que representa a bolsa brasileira nos EUA, caiu 4,42%. 

Com a maior cautela entre os investidores, alguns dos principais índices acionários do mundo registraram perdas. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 3,41%. O destaque negativo ficou com a bolsa de Paris, que desabou 4,24%. Assim como o brasileiro, o mercado francês esteve fechado na última sexta-feira.

Nos Estados Unidos, onde, na sexta, as bolsas chegaram a cair mais de 2%, os índices de ações voltaram a abrir em queda, mas reagiram nas últimas horas de pregão e fecharam no azul. O S&P 500 subiu 0,42%.

Por aqui, Bertotti avalia que a instabilidade política também pode intensificar as perdas do Ibovespa ao longo do mês. "O risco político continua em maio e pode se acentuar."

No radar dos investidores, esteve as acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que passou mais de 8 horas, no sábado, prestando depoimentos na Polícia Federal de Curitiba e o recente mal estar entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal, após o ministro Alexandre de Moraes ter suspendido a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal.

Na bolsa, as ações do setor de aviação amargaram as maiores quedas do Ibovespa. Após apresentar prejuízo líquido de 2,261 bilhões de reais em balanço não auditado do primeiro trimestre, os papéis da GOL caíram 10%. 

"O resultado apresentado pela Gol corrobora a dificuldade que as empresas do setor devem possuir ao longo do ano", afirmou em relatório Luis Sales, analista de empresas da Guide Investimentos. 

Mas, a maior queda da sessão ficou com as ações de sua concorrente Azul, que recuaram 12,87%. As ações da Embraer tiveram queda de 10,75%.

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