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Empresas adiam IPO à espera da reforma da Previdência

Grupo Neonergia, XP Investimentos e banco digital Agibank devem abrir capital somente no fim do ano ou no início de 2020

Bolsa: 20 a 30 empresas brasileiras têm interesse em fazer uma emissão inicial de ações em 2019 (Cris Faga/Getty Images)

Bolsa: 20 a 30 empresas brasileiras têm interesse em fazer uma emissão inicial de ações em 2019 (Cris Faga/Getty Images)

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Natália Flach

Publicado em 27 de março de 2019 às 07h35.

Última atualização em 11 de julho de 2019 às 17h25.

São Paulo - A negociação um tanto truncada da reforma da Previdência tem levado empresas brasileiras a adiarem seus planos de abertura de capital para o fim do ano ou para o início de 2020. É o caso da companhia do setor elétrico Neoenergia, da corretora XP Investimentos e do banco digital Agibank que decidiram aguardar a aprovação da pauta no Congresso para fazer sua emissão inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A lógica por trás desse paralelo político-econômico é que a reforma é o sinal verde para que vários investidores estrangeiros voltem a investir na bolsa brasileira – o que em última instância pode significar uma captação maior para as estreantes. 

“Estamos com tudo pronto desde meados do ano passado, mas preferimos aguardar a volta dos estrangeiros que só virão quando houver maior previsibilidade fiscal”, afirma Paulino Ramos Rodrigues, diretor financeiro do Agibank. O executivo estima que a reforma só deve receber o aval do Congresso em agosto, o que significa que o IPO deve ficar para o fim do ano ou para o início de 2020. “Estamos com as barbas de molho”, diz ele, que espera captar cerca de 2,5 bilhões de reais para fazer nova rodada de investimentos em tecnologia, promover abertura de agências físicas e até mesmo adquirir concorrentes.

A XP também não tem planos de estrear na bolsa no curtíssimo prazo. Fontes ligadas à empresa afirmam que, além das incertezas do cenário político, o fato de ainda não ter se tornado um banco fez com que a corretora adiasse o IPO. Procurada, a XP preferiu não comentar. A Neoenergia segue na mesma linha de compasso de espera, segundo fontes próximas ao grupo que também não quis se pronunciar.

 

 

Ao todo, 20 a 30 companhias têm interesse em listar suas ações na B3, como a Tivit, que está em período de silêncio, e o grupo segurador Austral, que preferiu não comentar. A Smart Fit também almeja fazer seu IPO, apesar de o assunto não estar evoluindo no momento. O Banrisul, por sua vez, afirma que a estreia da sua área de cartões na bolsa “não está na agenda atual” do banco.

Os investidores estrangeiros acompanham atentamente as negociações da reforma da Previdência de olho na janela de oportunidades do mercado de capitais brasileiro. É que, por mais que o Ibovespa tenha batido recentemente o patamar mais alto durante um pregão, o principal índice da bolsa ainda está longe das máximas históricas em dólar. Isso representa uma chance de retorno interessante especialmente para os investidores que operam em moeda americana, segundo Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae. “Os asiáticos – em especial, os chineses – estão muito interessados em investir em renda variável e em títulos, além de quererem fazer investimentos diretos em ativos”, diz. Álvaro Frasson, analista sênior da corretora Necton, explica que os investidores sabem que vão pagar mais caro se entrarem somente após a aprovação da reforma da Previdência. "Mas esse é o preço de um risco menor", afirma.

A questão é saber até quando as empresas brasileiras e os investidores vão esperar. Afinal, como bem lembra a advogada Lívia Caselta, da SBAC Advogados, as companhias também podem acessar outros mercados de capitais, como fez a Stone recentemente, que captou dinheiro na bolsa americana. O Agibank está de olho nessa possibilidade. “Ainda não tem nada definido, mas, nesse hiato entre colocar a casa em ordem e fazer o IPO, começamos a cogitar fazer uma operação na Nadasq ou na Nyse (ambas em Nova York)”, diz Rodrigues. Não custa lembrar que no mercado tempo é dinheiro.  

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