Trump: "O mercado avaliou que é preciso um pouco mais de calma para entender o que vai acontecer" (Lucas Jackson / Reuters)
Luísa Granato
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 17h21.
São Paulo - O dólar subiu cerca de 1,5 por cento e encostou em 3,21 reais nesta quarta-feira, longe da máxima da sessão, após a vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca ter alimentado uma onda de aversão ao risco nos mercados globais.
O dólar avançou 1,33 por cento, a 3,2095 reais na venda, depois de bater 3,2500 reais na máxima do pregão, com alta de 2,61 por cento, e 3,1985 reais na mínima. O dólar futuro registrava ganho de cerca de 1,3 por cento no final da tarde.
Nos quatro pregões anteriores, o dólar havia acumulado queda de 2,28 por cento sobre o real com apostas de que Trump não sairia vitorioso da eleição.
"O mercado avaliou que é preciso um pouco mais de calma para entender o que vai acontecer. No final, o resultado das eleições acabou sendo menos doloroso (para o mercado) do que se esperava", comentou o diretor de câmbio da Intercam Corretora de Câmbio, Jaime Ferreira.
O republicano surpreendeu o mundo derrotando a franca favorita Hillary Clinton na eleição presidencial dos Estados Unidos na terça-feira, encerrando oito anos de governo democrata e colocando o país em um caminho novo e incerto.
Rico empresário do setor imobiliário e ex-apresentador de reality show, Trump capitalizou uma onda de revolta contra Washington para vencer Hillary, candidata democrata, cujo currículo no "establishment" inclui as funções de primeira-dama, senadora e secretária de Estado dos EUA.
Com a onda de aversão ao risco, que elevou a busca por ativos considerados mais seguros, como ouro e iene, o dólar subiu ante divisas emergentes, destaque ao peso mexicano, com valorização que chegou a cerca de 10 por cento.
Trump fez um discurso considerado conciliador após sua vitória, diferentemente do estilo agressivo adotado em toda a sua campanha, o que reduziu um pouco o temor nos mercados financeiros.
"O discurso foi mais leve, menos polêmico", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
Mesmo assim, a apreensão não deve ser totalmente dissipada e os investidores devem permanecer atentos até entender o que de fato o presidente eleito vai colocar em prática das propostas radicais que anunciou em sua campanha.
Pesquisa Reuters feita nesta quarta-feira com especialistas mostrou que a surpresa com Trump na eleição presidencial pode ter desencadeado alguns temores nos mercados, mas o Federal Reserve, banco central norte-americano, continuava no curso para aumentar as taxas de juros no próximo mês.
Nesta manhã, o Banco Central não fez seu tradicional de leilão de swap cambial reverso, justamente para não adicionar ainda mais pressão compradora ao dólar.
Profissionais avaliaram que o BC pode permanecer fora do mercado até que se a volatilidade provocada pela vitória de Trump continuar por mais tempo.