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Dólar alto pode beneficiar ações de frigoríficos e mineradoras

Com a valorização da moeda americana em agosto, papéis da Marfrig, JBS e BRF figuraram entre as maiores altas da Bolsa

Ações de frigoríficos tiveram forte alta em agosto, quando o dólar subiu 8,72% (Chaiyaporn Baokaew/Getty Images)

Ações de frigoríficos tiveram forte alta em agosto, quando o dólar subiu 8,72% (Chaiyaporn Baokaew/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 7 de setembro de 2019 às 09h00.

Última atualização em 7 de setembro de 2019 às 09h00.

O dólar atingiu o valor máximo do ano no início de setembro e, mesmo com as recentes quedas, analistas do mercado acreditam que o preço moeda ainda está alto. No último mês, a escalada da tensão comercial e dados macroeconômicos negativos elevaram a taxa de câmbio em 8,72%.

A variação impactou a Bolsa e empresas que possuem receitas em dólar viram suas ações subirem nesse período. Em agosto, os papéis da Marfrig, JBS e BRF estiveram entre as maiores altas do Ibovespa e avançaram 25,94%, 19,04% e 14,16%, respectivamente. Parte dessa valorização também se deve à peste suína na China, que aumentou a importação de carne de porco para atender à demanda interna.

“Empresas exportadoras são impactadas positivamente pelo dólar mais forte”, afirmou Glauco Legat, analista-chefe da Necton. Legat avalia que os papéis de siderúrgicas e mineradoras como Vale, Gerdau e CSN podem se valorizar com a disparada do dólar. “Isso, porém, não se aplica à Usiminas, porque ela é mais focada no mercado interno”, ponderou.

Mesmo com a o dólar mais alto em agosto, as ações da Vale sofreram forte desvalorização e fecharam o mês em queda de 8,51%. Embora seja uma das principais exportadoras do país, o preço do minério de ferro, cotado no mercado internacional, caiu 24,3%. A queda foi motivada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos e pelos sinais de desaceleração econômica, que reduzem a demanda pelo material.

“As duas economias em guerra é um agravamento econômico muito grande para os países emergentes”, avaliou o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.

Outro lado da balança

Empresas que têm gastos em dólar, contudo, tendem a perder valor de mercado com a alta da moeda americana. “Um exemplo são as companhias aéreas, que dependem do querosene de aviação, que é cotado em dólar”, explicou Glauco Legat.

Mesmo apresentando bons resultados financeiros em agosto, as ações da Gol e Azul sofreram o impacto da alta do dólar e caíram 18,97% e 9,04%, respectivamente. A situação, porém, pode mudar, caso a moeda americana comece a cair.

Analistas do mercado acreditam que há espaço para a moeda americana recuar. De acordo com o Boletim Focus de segunda-feira (2), o mercado espera o dólar baixar para 3,85 reais até o fim do ano. A expectativa de Nagem é a de que a moeda fique entre 3,90 e 3,95 reais se Estados Unidos e China chegarem a um acordo. "O dólar acima de 4 reais machuca", comentou.

A queda, segundo analistas, provocaria valorização dos papéis de importadoras de matéria-prima, já que o preço em reais ficaria mais barato. “Esse é o caso, por exemplo, da fabricante de biscoitos M. Dias Branco, que importa trigo”, citou Legat . Com a alta do dólar em agosto, a ação da companhia das marcas Adria e Piraquê perdeu 7,49% de seu valor de mercado.

Além das importadoras, empresas com dívida em dólar podem apresentar melhores resultados em um cenário de dólar mais barato. Mas há vários aspectos a serem analisados. Por exemplo, a Petrobras informou, no último balanço, ter dívida líquida de 83,7 bilhões de dólares. Contudo, a petrolífera também é uma grande exportadora. “No geral, o dólar alto pode ser bom para a Petrobras, mas é uma situação bastante complexa. O ideal é olhar cada empresa individualmente”, afirmou Legat.

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