A bolsa brasileira teve um pregão de recuperação nesta quinta-feira, 24, com os investidores em busca de oportunidades, após perdas recentes. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 1,33%, em 97.012,17 pontos. O movimento foi impulsionado por ações de empresas financeiras com grande participação no índice. No radar do mercado estivaram a revisão do PIB brasileiro pelo Banco Central de queda de 6,4% para 5% e dados da economia americana, que reforçaram a necessidade de mais estímulos.

"A revisão do PIB ajuda o mercado local. Mas mais importante que essa mudança pontual é a tendência que vem sendo observada. No início da pandemia, falava-se de perdas de dois dígitos e, desde então, esses números vêm sendo revisados para melhor", comenta Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.

IRB Brasil

As ações da resseguradora IRB Brasil avançaram 12,38% e lideraram as altas do Ibovespa por todo o pregão, após o presidente da companhia, Antônio Cássio dos Santos, afirmar em uma live que a empresa não precisa fazer novas captações no mercado para atender aos requerimentos da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Segundo Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, os resultados de julho, apresentados na véspera, também contribuem para a valorização do ativo. No período, o IRB teve prejuízo líquido de 62,4 milhões de reais, mas dobrou o faturamento em relação ao mesmo mês de 2019 para 1,546 bilhão de reais. “Os destaques positivos vieram da melhora no índice de sinistralidade e o menor prejuízo líquido da IRB, referentes a julho, mas ainda acreditamos ser insuficientes para apontar uma virada na empresa”, afirma.

CVC

As ações da CVC sobem 4,65% e figuram entre as maiores as altas do Ibovespa, após afirmar ter 1,526 bilhão de reais em caixa. Em fato relevante, a agência de turismo informou que tem buscado preservar caixa e aumentar a eficiência operacional. A companhia também informou que as reservas vêm aumentando desde julho e que, na primeira quinzena de setembro, o valor atingiu 40% do total do mesmo período do ano passado. Ainda segundo a CVC, 80% dos hotéis parceiros no Brasil estão reabertos, com 85% do volume de diárias reservadas atingidas em relação a setembro de 2019.

"Essas sinalizações da CVC são positivas. Mas a empresa vem enfrentando uma série de turbulências desde o ano passado e a pandemia foi mais um fator de estresse. A visibilidade sobre a companhia segue baixa, com incertezas quando aos impactos que uma possível segunda onda de coronavírus pode ter sobre o setor de turismo. As ações podem reagir bem, mas os riscos permanecem elevados no curto prazo", afirmam analistas da Exame Research em relatório.

Big Caps

Entre as ações com maior peso no Ibovespa, as financeiras apareceram como destaque positivo, com as ações da B3 se valorizando 5,51%. Entre os grandes bancos, o Itaú subiu 2,45%, Bradesco, 1,9%, Banco do Brasil, 0,8% e Santander 2,73%. "São ações que caíram muito nos últimos dias, então aquela máxima de comprar na baixa está fazendo efeito hoje. Tem muito investidor achando essas ações baratas", comenta Morelli.

Dados americanos

Divulgados nesta manhã, os pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos voltaram a decepcionar pela terceira vez consecutiva. Divulgado nesta manhã, o número de pedidos ficou em 870.000, acima dos 840.000 previstos. Os pedidos também superaram os registrados na semana passada, que foram revisados de 860.000 para 866.000.

Por outro lado, os dados de vendas de casas novas nos Estados Unidos vieram acima das expectativas. Referentes ao mês de agosto, os dados apontaram para alta mensal de 4,8%, muito acima das expectativas de queda de 0,1%. No mês, o número de vendas foi de 1,011 milhão. Por lá, o índice S&P 500 avançou 0,3% e o Nasdaq, 0,37%.

Apesar dos dados mistos, Morelli vê a possibilidade de o Congresso americano aprovar o um novo pacote de estímulo para atenuar os efeitos da pandemia na economia americana, após as eleições presidenciais. "Se o dado vem bom é bom. E se vem ruim é bom também porque é mais um motivo para o governo [americano] ajudar."