(Mighty Buildings/Divulgação)
Em 2030, a Organização das Nações Unidas estima que 40% da população mundial, ou seja, mais de 3 bilhões de pessoas, precisarão de acesso à moradia adequada. Isso representa uma demanda por 96.000 novas unidades habitacionais acessíveis todos os dias. Diante desse desafio, quatro empreendedores se uniram na cidade americana de Oakland, na Califórnia, para repensar na forma como casas e escritórios vêm sendo projetados e construídos.
“Observamos que, mesmo com tantas disrupções acontecendo em outros setores, os métodos de construção ainda são arcaicos. Usamos os mesmos processos há décadas e, em alguns casos, até séculos ao invés de abraçar novas tecnologias”, disse Sam Ruben, cofundador e diretor de sustentabilidade do Mighty Buildings em entrevista à EXAME.
Em 2017, ele e outros três sócios decidiram investir em automação e robótica para construir casas modulares a partir da impressão 3D. Assim, materiais convencionais, como aço e concreto, dão lugar a um composto chamado “Light Stone Material”, que endurece quando exposto à luz ultravioleta. “O material é da mesma família do Corian, da DuPont, e pode ser usado para substituir muitos dos materiais que compõem paredes, pisos e teto de uma casa tradicional”, explica Ruben. Entre as vantagens, diz ele, está não só a automação em si, como o aumento de eficiência térmica e a rapidez na entrega do imóvel.
A startup garante que consegue construir todo o exterior de uma casa de 32 metros quadrados em apenas 24 horas. “É claro que a instalação de acabamentos internos leva um pouco mais de tempo, mas no geral o processo é muito mais rápido do que a construção tradicional”, diz o executivo. O resultado, diz ele, são casas mais leves e sustentáveis.
“Aplicando automação de última geração, a Mighty Buildings pode imprimir estruturas em 3D duas vezes mais rapidamente, com 95% menos horas de trabalho e dez vezes menos desperdício do que uma construção convencional”, explica Ruben. “Quanto à sustentabilidade, conseguimos eliminar virtualmente os resíduos da construção que, no caso da construção tradicional, acabam em aterros”.
Em termos de valores, os modelos oferecidos pela empresa variam de 115.000 a 285.000 dólares, incluindo acabamentos. “Uma casa tradicional construída em madeira na Califórnia custa 327 dólares por metro quadrado. A nossa sai 40% mais em conta”, afirma o executivo.
Com o investimento de empresas de capital de risco como a Khosla Ventures e a Y Combinator, a startup pretende agora aprimorar seus processos e expandir as parcerias para que se torne capaz de imprimir e implantar estruturas em prazos curtos e em grande escala em todo o mundo. “Em teoria, também seremos capazes de imprimir designs únicos para indivíduos ou empresas”, diz Ruben. A ideia, diz ele, é que os arquitetos possam simplesmente montar seus projetos e enviá-los diretamente para as fábricas automatizadas. Para isso, bastaria dar um “enter” e esperar pela entrega das chaves.