Entenda como essa empresa quer resolver inadimplência em condomínios
Superlógica recebeu R$ 300 mi para serviço que pagará mensalidade em caso de desemprego do inquilino; negócio anunciou fusão com a concorrente Ahreas
Gabriel Aguiar
Publicado em 7 de julho de 2021 às 15h00.
Última atualização em 8 de julho de 2021 às 15h49.
Se a inadimplência é o pesadelo de síndicos de condomínios, a Superlógica – plataforma financeira para administradoras – oferece a solução: uma espécie de seguro que garante o pagamento todos os meses. E, segundo a empresa, esse serviço pode impactar diretamente no bolso de proprietários e locatários, já que reduz a margem de imprevisibilidade que está prevista nas cobranças atualmente.
“Um condomínio de 100 apartamentos com 60.000 reais de despesas a taxa mensal deveria ser de 600 reais, certo? Só que, na realidade, a conta fica bem mais cara, pelo menos 690 reais, justamente por causa dos inadimplentes. Com nosso serviço, o síndico não precisará arrecadar mais do que precisa para pagar as contas, porque sabe quando e quanto receberá”, diz Carlos Cêra, CEO da empresa, que anunciou nesta semana a fusão com a Ahreas, concorrente com foco na cidade de São Paulo (SP) e que atende aproximadamente 24.000 condomínios na capital paulista.
De acordo com o executivo, a inadimplência varia de 14% a 18% no país, o que representa um rombo de 7 bilhões. Entretanto, diferentemente do que poderia prever o senso comum, esse número não varia em momentos de crise e se mantém estabilizado. Por isso, o histórico de pagamentos se torna um aliado do serviço, que influencia diretamente na cobrança de taxas (que pode chegar a até zero).
“Temos uma operação muito saudável e atrativa para investidores, regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para captar o valor necessário. Recebemos 300 milhões de reais do fundo Warburg Pincus para custear o Inadimplência Zero até meados de 2022 e, então, começaremos a receber novos investimentos. Em quatro anos, queremos atender cerca de 100.000 condomínios”, diz.
Outro diferencial é que, caso o condômino comprovadamente perca a fonte de renda – como em uma demissão, por exemplo –, a empresa arcará com os custos mensais durante três meses. E não haverá a cobrança retroativa desse valor. Também está previsto o pagamento de seis meses de mensalidade do condomínio em caso de falecimento, semelhante à operação de um seguro prestamista.
“Trabalhamos esse produto há cerca de um ano. Pesquisamos e trouxemos profissionais capacitados. É uma operação de crédito, na qual não tínhamos know how até trazer essas pessoas. E temos planos bem ambiciosos. Já testamos o serviço com a base de clientes e entendemos que o mercado está carente de algo neste sentido. E toda a distribuição será feita por meio das administradoras”, afirma.
E não há planos de mudar esse modelo de negócio, oferecendo serviços e funcionalidades – que incluem também aplicativos para gerenciamento de serviços e emissão de boletos de pagamento, por exemplo – nos próximos anos. Segundo Cêra, o foco da Superlógica é oferecer suporte financeiro e tecnológico. Em 2020, a empresa transacionou quase 14,6 bilhões de reais por meio da própria plataforma.
“Nossos serviços financeiros têm custos totais muito menores que nos bancos, porque, além das tarifas mais baixas, a gente elimina os gastos com ineficiência operacional. E isso se traduz em economia. Além do Inadimplência Zero, que reduz os custos para os condôminos, também existem comodidades, como a possibilidade de controlar a entrada no edifício ou agendar serviços só pelo aplicativo”, diz.
Como resultado da previsão de crescimento, a Superlógica anunciou a fusão com a Ahreas, concorrente com foco na cidade de São Paulo (SP) e que atende aproximadamente 24.000 condomínios na capital paulista. Esse movimento de consolidação – que visa a absorção de rivais para redução do mercado – já estavam sob análise por quatro anos, de acordo com Cêra, mas o valor da transação não foi revelado.
“Quando juntamos as diferentes frentes da Superlógica, podemos nos tornar o único ponto de contato para metade dos condomínios brasileiros. E isso motivou a fusão. Porque esse mercado transaciona até 100 bilhões de reais por ano e, considerando todo o ecossistema, esse valor é oito vezes maior. Então, a união nos dá condições de criar novos produtos e atingir um público maior”, diz o executivo.