Produtos à base de plantas fazem sucesso, mas termo ainda gera dúvidas
Não há dúvida de que o mercado de proteínas vegetais está em alta. O que ainda não está tão claro: como definir "à base de plantas"
Vanessa Barbosa
Publicado em 17 de julho de 2019 às 12h50.
Mesmo antes de a fabricante de hambúrguer vegano Beyond Meat se tornar a estrela da bolsa com sua oferta pública inicial, já era evidente que a demanda por alimentos à base de plantas estava em alta. O que ainda não está tão claro: como definir "à base de plantas".
As vendas da categoria no varejo dos Estados Unidos subiram 11%, para US$ 4,5 bilhões no ano passado, superando em muito o crescimento de 2% do setor de alimentos em geral, segundo relatório divulgado na terça-feira pela Plant Based Foods Association (PBFA) e pelo The Good Food Institute.
As vendas de produtos alternativos ao leite cresceram mais rapidamente do que produtos lácteos de origem animal em todas as categorias, e os leites vegetais agora respondem por 13% do mercado total de leite, segundo dados do relatório.
"Estamos agora no ponto de inflexão, com a rápida expansão de alimentos à base de plantas em toda o mercado", disse Julie Emmett, diretora sênior de parcerias de varejo da PBFA.
Mas nem todos concordam com o significado do termo. A PBFA define produtos à base de plantas como alimentos completamente livres de ingredientes de origem animal.
Grandes processadoras de carnes, no entanto, usam o termo de forma mais flexível. A Tyson Foods lançounuggetsque contêm claras de ovos, e a Perdue Farms vende seusnuggetsde legumes com frango como à base de plantas.
Mesmo especialistas não conseguem chegar um consenso. Os Institutos Nacionais de Saúde definem uma dieta à base de plantas como aquela que “exclui todos os produtos de origem animal, como carne vermelha, aves, peixes, ovos e laticínios”.
Mas um artigo da Harvard Health Publishing diz que adotar uma dieta à base de plantas não significa que a pessoa "nunca come carne ou laticínios". Algumas dietas à base de plantas incluem produtos animais, disse Michele Simon, diretora executiva da PBFA, mas o grupo exclui essas dietas de seus rótulos porque "quando você faz uma afirmação em um pacote, o termo tem que ter um significado real".
"Embora ’vegano’ tenha conotações negativas porque passou a ser entendido como privação, os clientes gostam de ’à base de plantas’ porque o termo é afirmativo, comemorativo e descritivo", disse Simon. O termo "se concentra no que os produtos têm e não no que excluem".