Influencers: companhias que iniciaram projetos com a Flint para capacitar públicos conectados às suas operalões (travelism/Getty Images)
Estrategista de Comunicação
Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 06h00.
Última atualização em 19 de dezembro de 2025 às 07h51.
Empresas brasileiras de segmentos diversos estão aprendendo a operar como se fossem veículos de comunicação.
Uma pesquisa inédita da Flint, em parceria com a Galaxies, ouviu 292 profissionais e revela que 77% acreditam quea presença nas redes fortalece a reputação e abre novas oportunidades de negócios.
Esse pano de fundo ajuda a entender um movimento silencioso e estratégico nas grandes companhias, que passaram a formar creators dentro de casa, transformando colaboradores e especialistas em porta-vozes ativos de suas marcas.
Na prática, é a institucionalização de um desejo que já existia na base.
Quatro em cada dez respondentes, ou 41% da amostra, veem a “linguagem creator” como fator determinante para o sucesso profissional.
A maioria já atua nos principais canais: a grande parte publica no Instagram, uma fatia relevante no LinkedIn e cerca de um terço no TikTok, o que mostra familiaridade com formatos, ainda que nem sempre com estratégia clara.
Oito números contam essa virada:
Entre os entrevistados, 85% apontam criatividade e geração de ideias como principal habilidade a desenvolver.
Outros 65% valorizam marketing de conteúdo, 63% buscam gestão de tempo e produtividade, 62% querem aprimorar escrita e comunicação e 72% estão dispostos a investir em cursos e treinamentos, o que indica apetite real por capacitação.
Há também um recorte forte de comportamento: 89% citam acompanhar redes sociais como atividade recorrente de lazer, reforçando o quanto a linguagem das plataformas já faz parte do dia a dia.
No front educacional, 72% pretendem fazer cursos de curta duração, privilegiando formações rápidas e aplicadas.
Esse interesse não é teórico: 57% já estudam marketing de conteúdo e 51% se dedicam a mídias sociais e à escrita criativa e comunicação, o que indica busca ativa por ferramental prático.
Em termos de objetivo, 39% querem usar criação de conteúdo para promover a própria marca pessoal ou os negócios, sem necessariamente transformar isso em carreira principal.
As barreiras também estão claras.
A pesquisa aponta dificuldade técnica com plataformas e ferramentas para 38% dos respondentes, baixo retorno de engajamento e monetização para 34% e falta de tempo para 33%.
Somam-se fatores emocionais, como timidez ou aversão à exposição, citadas por 36%, e medo de julgamentos, mencionado por 40%.
Ainda assim, 53% têm interesse em monetizar o próprio conteúdo, embora enfrentem desafios em precificação, criação de produtos e estruturação de funis de vendas
Esse conjunto de dados revela uma massa de profissionais que deseja produzir, se posicionar e ser vista como referência, mesmo sem querer viver exclusivamente de criação.
Esse perfil ganhou nome no vocabulário da Flint: o InfluProfissional, médico, advogado, engenheiro, consultor, professor ou especialista que converte conhecimento em conteúdo e atrai clientes pela autoridade construída.
Christian Rôças, o Crocas, CEO da Flint, resume a virada ao dizer que não se trata de fabricar celebridades digitais, mas de apoiar profissionais que usam o conteúdo como extensão da carreira.
A linguagem das redes deixa de ser um dialeto de nicho e passa a ser transversal a qualquer atividade que dependa de confiança, recomendação e relacionamento.
Do lado das marcas, o quadro é igualmente revelador.
Em vez de depender apenas de campanhas tradicionais, empresas mais maduras entenderam que reputação passa pelo fortalecimento da voz de quem está na ponta, com conhecimento técnico e acesso direto ao cliente.
Natura, Porto, Mercado Livre, Google, LinkedIn, Supergasbras e Apsen estão entre as companhias que iniciaram projetos com a Flint para capacitar públicos conectados às suas operações, de consultoras de beleza a corretores de seguros, empreendedores da Amazônia e médicos.
Os exemplos materializam a tese.
A Natura lançou o programa “Criadores da Beleza” para profissionalizar vendas por influência digital e ampliar a visibilidade das consultoras nas redes.
A Porto criou a “Porto AcademIA”, voltada a mais de 45 mil corretores parceiros, com foco em conteúdo, relacionamento e presença digital qualificada.
O Mercado Livre estruturou o “Biomas em Rede”, que capacita empreendedores da Floresta Amazônica em ferramentas digitais e produção de conteúdo.
A Apsen desenvolveu um programa de educação médica continuada para ensinar profissionais de saúde a comunicar conhecimento com rigor técnico e linguagem acessível.
Em todos esses casos, a empresa deixa de atuar apenas como anunciante e se posiciona como plataforma de formação.
Em vez de depender só de creators externos, essas organizações cuidam da própria cadeia de criação, a partir de quem já conhece produto, serviço e contexto do cliente.
Formar creators dentro de casa deixou de ser experimento para se tornar estratégia competitiva.
Quem demorar a agir corre o risco de descobrir, tarde demais, que o ativo mais valioso da marca sempre esteve ali, sentado na baia ao lado.