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Cannes Lions confisca Leões conquistados pela agência Moma

Polêmica em torno da acusação de pedofilia pela imprensa norte-americana acabou tornando transparente a não veiculação das peças, o que é contra as regras do festival

Premiados em Cannes, "Teacher" e "Princess", da agência Moma para a Kia, foram relacionados à pedofilia pela imprensa norte-americana (Divulgação)

Premiados em Cannes, "Teacher" e "Princess", da agência Moma para a Kia, foram relacionados à pedofilia pela imprensa norte-americana (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 14h48.

São Paulo - Os dois Leões conquistados pela Moma no Festival de Cannes não pertencem mais a ela. Por meio de um comunicado oficial, a organização do evento cancelou os prêmios por falta de comprovação de que a campanha havia sido veiculada, como manda a regra.

A organização investigou as peças “Teacher' e 'Princess' - elaboradas para o ar-condicionado Dual Zone Air Conditioning da KIA - , que faturaram Prata na categoria Press e Bronze em Outdoor. A própria agência já havia admitido que a campanha não chegou a ser veiculada.

Segundo as regras do evento, “todas as inscrições devem ser desenhadas para a publicação, e devem ter sido implementadas entre 1 de Março de 2010 e 30 de abril de 2011”, o que não ocorreu neste caso (a prática da criação de anúncios especificamente para a participação no festival - sem a intenção de veiculá-los - é conhecida no mercado como "publicidade fantasma")

O processo de apuração já havia sido aberto no início de julho, como informou Amanda Benfell, responsável pelo contato com a imprensa do Cannes Lions. Mas a decisão foi divulgada oficialmente apenas nesta quarta-feira, 20, no site do evento.

Philip Thomas, CEO do Festival, comentou a situação: "O Cannes Lions deixa claro nas regras que, se solicitada, deve ser fornecida prova de que as campanhas ocorreram e foram legitimamente criadas para um cliente que paga. Apesar de muitas conversas, a Moma Propagana não forneceu a prova que necessitamos e, portanto, os Leões foram retirados”.

"Além disso, como consta nos nossos termos e condições, temos o direito de tomar medidas contra indivíduos listados nos créditos que não conseguem provar a veracidade das entradas para nós. Nesta ocasião, a decisão foi tomada para proibir qualquer trabalho criado pela agência por um ano. Portanto, entradas não serão aceitas a partir desses indivíduos para o Cannes Lions Festival 2012 ", acrescentou Thomas.

Procurada, a Moma afirmou que em breve vai se pronunciar sobre a cassação.

Como tudo começou

O assunto veio à tona após polêmica causada no mercado e na imprensa dos Estados Unidos após a premiação. Acusados de pedofilia, os anúncios forma renegados pela KIA norte-americana, que se defendeu e alegou que não iria usá-los "de forma alguma".


A empresa passou a bola para a distribuidora brasileira. A Kia Brasil, cliente da Moma desde 2008, aprovou as peças e estava ciente do conteúdo. Porém, por sua vez, passou a bola para a agência quando foi questionada sobre o assunto.

A Moma se defendeu, assumiu toda a responsabilidade em nome da empresa do produto anunciado, e explicou que a intenção nunca havia sido “gerar questionamentos envolvendo um assunto tão importante e sério como pedofilia”.

Na época, foi questionada a perda dos Leões devido à interpretação considerada ofensiva. A agência se esquivou e disse que a intenção, no momento, era dissipar a polêmica gerada pelas acusações e que a preocupação era outra.

A reportagem apurou o caso e descobriu, por confissão da própria agência, que os anúncios nunca haviam sido veiculados. De acordo com a própria Moma, “a campanha estava programada para ser veiculada em revistas adultas masculinas, mas em função da polêmica gerada ela não será mais veiculada”.  Entretanto, ficou claro que a peça inscrita no festival não obedeceu as regras exigidas.

*Texto atualizado às 11h42 de 21 de julho de 2011.

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