Brasil registra queda no lançamento de embalagens
Mundialmente, indústria cresceu 3,03% em 2010, contra 18% em 2009
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2011 às 10h20.
Rio de Janeiro - O Brasil registrou queda de 15,41% no lançamento de embalagens em 2010, com 12.048 unidades. O cenário mundial, no entanto, apresentou crescimento de 3,03%, segundo levantamento realizado pelo Laboratório de Monitoramento Global de Embalagem da ESPM, a partir da ferramenta GNPD da Mintel. O resultado confirma a retomada da indústria global, após a queda no último trimestre de 2008 por conta da crise econômica.
O desempenho do setor em 2010 deixa a desejar se comparado a 2009, quando houve expansão de 18% e 274.273 novas embalagens foram colocadas no mercado, contra 265.530 em 2010.
Os dois últimos anos também não superaram o ritmo de crescimento anterior à crise. De 2006 para 2007, por exemplo, houve expansão de 22,87%, tendo o número de embalagens saído de 197.513 para 242.693, enquanto de 2005 a 2009, o aumento foi de 60%.
Em comparação ao crescimento global, a queda no Brasil é vista como uma consequência tardia da crise. “Num primeiro momento, as empresas (brasileiras) mantiveram os lançamentos previstos, depois, vendo os efeitos da crise no mundo, levantaram o pé do acelerador e reduziram os lançamentos. O efeito dessa atitude apareceu em 2010”, explica Fabio Mestriner, Professor Coordenador do Núcleo de Estudos de Embalagem ESPM.
Cosméticos em franca expansão
Entre os países que mais lançaram embalagens em 2010, a novidade é o crescimento da Alemanha, que ultrapassou França e Japão, garantindo o terceiro lugar. Já Estados Unidos e Reino Unido ocupam a primeira e a segundo colocação, respectivamente, enquanto o Brasil está na sexta posição. Completam a lista Japão (4º), França (5º), Canadá (7º), México (8º), China (9º) e Índia (10º), que permanece no ranking devido à substituição acelerada do varejo de rua para o sistema de auto-serviço e à chegada do Walmart no país.
Entre as 10 categorias com maior número de embalagens lançadas no mundo no último ano estão, nesta ordem, maquiagem para os lábios, produtos para o rosto e pescoço, biscoitos doces, esmalte para unhas, produtos para o corpo, maquiagem para os olhos, produtos para o banho, shampoo, bolos e pastelaria e temperos. O ranking é um termômetro do potencial e desenvolvimento do mercado de cosméticos nos últimos cinco anos. Em 2005, apenas três das 10 categorias mais lançadas eram cosméticos.
“O mercado de cosméticos é o grande destaque do ano. Isso já vinha acontecendo nos últimos anos e mostra a impressionante ascensão da mulher como agente ativo do consumo. Ela vem atuando cada vez mais intensamente em atividades fora do lar e recebendo atenção especial da indústria”, aponta Mestriner.
Natura lidera ranking brasileiro
A preponderância dos cosméticos nos lançamentos de 2010 também pode ser observada no ranking das empresas que mais colocaram embalagens no mercado, já que oito das 10 listadas atuam no segmento. Mundialmente, aparecem Procter & Gamble, Unilever, Avon, Audi, Nestlé, Lòreal, Make-UP Art, The Body Shop, Oriflame e Biersdorf.
No Brasil, o cenário é semelhante, com a predominância de categorias ligadas à beleza e cosmética. No ranking nacional, em primeiro lugar aparecem os produtos para o corpo, seguidos por maquiagem para os lábios, tratamento para o cabelo, shampoo, condicionador, biscoitos doces, preparados e ingredientes para padaria, maquiagem para os olhos, produtos para o banho e desodorantes.
Em 2010, a Natura foi a empresa que mais lançou embalagens no país. No ranking estão também Avon, Akakia, O Boticário, Nestlé, Walmart, Unilever, Carrefour, Weckerle e Kraft. Apesar do destaque dos cosméticos, aparecem também duas grandes redes de supermercados, impulsionadas pelo aumento da participação das marcas próprias no país, que respondem por 15% do total de lançamentos em 2010.
Sustentabilidade e naturalidade em destaque
O mesmo não pode ser observado no cenário mundial. Em mercados maduros, as marcas próprias estão mais consolidadas, tendo sua participação no total dos lançamentos de embalagens caído para 19% em 2010, enquanto em anos anteriores este número chegou a 23%. Já no Brasil, as empresas aproveitam a expansão do segmento. “As marcas próprias têm o pulso do mercado e, portanto, perceberam que o consumo nacional não caiu, acelerando seus lançamentos”, diz Mestriner.
Outra mudança que vem se desenhando no cenário mundial diz respeito aos conceitos de sustentabilidade, naturalidade e orgânicos que aparecem com mais frequência nos rótulos. De acordo com o levantamento, o posicionamento mais adotado em 2010 foi “botânico/herbal”. Em seguida estão “sem aditivos/conservantes”, “hidratante”, “ético/embalagem bio-degradável”, “tempo/rapidez”, “duradouro/dura mais”, “fortificado com vitaminas e sais minerais”, “fácil de usar”, “orgânico” e “brilhante/clareador”.
“Os posicionamentos mais adotados indicam a crescente participação de embalagens e produtos que enfatizam a saudabilidade e a sustentabilidade. Estes dois movimentos estão integrados, pois ambos buscam qualidade de vida, tanto do consumidor, quanto do meio ambiente em que ele vive”, conta o Coordenador do Núcleo de Estudos de Embalagem ESPM.