Marketing

7 marqueteiras contam como ligam carreira e o pessoal

Para essas executivas do marketing, a principal característica profissional feminina é ser multitarefa

Amalia, Ana, Andrea, Cristiana, Daniela, Karina e Sissi responderam como conciliam o trabalho com a vida pessoal (Getty Images)

Amalia, Ana, Andrea, Cristiana, Daniela, Karina e Sissi responderam como conciliam o trabalho com a vida pessoal (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2012 às 17h05.

Rio de Janeiro - No Dia das Mulheres, resolvemos ouvir algumas executivas brasileiras para entender como seu lado feminino influencia em suas carreiras e como elas conciliam o trabalho com o lado pessoal. Para a maioria delas, a principal característica profissional feminina é ser multitarefa, conseguindo fazer diversas ações ao mesmo tempo.

Elas também precisam ter tempo para o trabalho e para os filhos, mas hoje em dia contam com a ajuda dos parceiros. Especificamente para o marketing, a intuição ainda aparece como um trunfo feminino.

Apesar de 57% das mulheres estarem insatisfeitas com o trabalho, segundo pesquisa da Accenture, o número é menor do que entre os homens, de 59%. Além disso, 69% das mulheres disseram que não têm planos de deixar o emprego. Na realidade atual, as mulheres cada vez mais ocupam postos de destaque e as diferenças em termos profissionais regridem.

Um projeto aprovado pelo Senado ontem, dia 6, propôs que as empresas que paguem às mulheres salários inferiores aos dos homens quando ambos ocuparem as mesmas funções sejam multadas. Falta a aprovação da presidente Dilma Rousseff.

“Vivemos um novo momento da mulher. Depois da revolução e da evolução, agora estamos em mutação, virando um novo ser”, diz Amalia Sina. Amália tem uma história inspiradora, tendo sido presidente da Walita aos 36 anos, vice-presidente da Philips para a América Latina, escrito oito livros e hoje sendo empreendedora, dona da Sina Cosméticos.


“Minha formação básica é o marketing, que sempre permeou a minha história. Sempre fui intensa e incomodada com as coisas mornas, mas acredito que agora é hora de viver os problemas menos intensamente e degustar mais a viagem ao invés de pensar só no destino. No futuro, quero deixar de vender produtos para vender conhecimento”, complementa.

Multitarefa

A característica mais descrita pelas mulheres como um diferencial é a capacidade de fazer diferentes coisas simultaneamente. “Parece clichê, mas é verdade, a mulher realmente tem a capacidade de lidar com vários assuntos ao mesmo tempo. Os homens podem até ser mais rápidos, mas não pensam tanto nas implicações das decisões, o que não é melhor ou pior. A mulher tem uma visão mais ampla do que a decisão vai acarretar nas várias áreas da empresa e ainda pensando nos clientes. Ela pensa em mais coisas ao mesmo tempo”, diz Karina Milaré, mãe de três filhos e diretora na TNS Research International, a maior empresa de pesquisa de mercado customizada do mundo.

A palavra multitarefa também foi abordada por Cristiana Amaral, diretora de marketing da Unilever. “A mulher tem a capacidade de coordenar vários projetos e atividades ao mesmo tempo. Ela é também mais ligada ao detalhe, que hoje é o maior diferencial na implementação de grandes projetos”, diz Cristiana.

“A mulher consegue falar no celular prestando atenção na conversa ao lado, pode estar dirigindo e se maquiando ao mesmo tempo. Temos essa habilidade”, diz Andrea Dietrich, gerente de marketing digital do Grupo Pão de Açúcar, núcleo criado e desenvolvido por ela.


“A mulher é multimídia, tem a mente como se fosse um portal, consegue navegar trazendo informações de diversas formas, como se tivéssemos tentáculos mentais. Conseguimos captar muitas coisas ao mesmo tempo, sem uma ordem específica e cruzamos uma quantidade enorme de informação”, completa Amália Sina.

Intuição como trunfo de marketing

Muita coisa mudou em relação às mulheres na vida profissional e social, mas algo que continua sendo mencionado é que a mulher tem uma intuição mais poderosa, arma que pode ser valiosa para o marketing.

“Com certeza a mulher tem sensibilidade, até pela natureza de ser mãe, ela tem um senso intuitivo, enquanto o homem é mais racional e objetivo. A intuição é uma arma extremamente valiosa para o marketing, na questão de entender o perfil do consumidor e o que se está dizendo por trás”, diz Ana Couto, que tem 25 anos de carreira e há 19 lidera a Ana Couto Branding e Design, com o desafio de implementar a cultura do branding no Brasil e abrir espaço para o design como ferramenta estratégica das marcas.

“A intuição nada mais é do que o resultado de conhecimento e estudo. A mulher se destaca porque não tem medo de errar, a sociedade aceita mais do que o erro de homens. Elas não têm vergonha de falar que mudaram de ideia”, diz Amália Sina.

Mães e filhos

Um ponto essencial para se atingir o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional é conciliar uma agenda lotada com a parte de cuidar dos filhos e da casa. Algumas optam por focar na carreira e até adiar a maternidade. “Não tenho filhos. É uma decisão difícil para a mulher que quer se dedicar muito e focar na carreira”, diz Sissi Freeman, diretora de marketing da Granado, em entrevista ao portal. A dedicação plena à carreira tem motivos, já que Sissi é herdeira da empresa que abriga as marcas Granado e Phoebo.


Para quem não abre mão da maternidade, o desafio é ter tempo para os dois. “Sempre quis ser mãe, era algo natural para mim. Não faço papel de Superwoman, mas o que aprendi foi que é preciso conquistar uma divisão com o pai. Nem sempre é fácil, mas vamos ponderando. Tento levar a família para algumas viagens à trabalho que faço”, diz Ana Couto, que tem filhos de 12 e 16 anos.

Andrea Dietrich, do Pão de Açúcar, é mãe recente e está na fase de aprendizagem, com uma filha de sete meses. “Ainda estou aprendendo a conciliar a vida pessoal e a profissional. Nos últimos anos tive uma dedicação muito forte no trabalho, na construção do departamento. Agora tenho que conseguir ponderar isso com meu lado pessoal. É preciso se desdobrar em várias e ainda saber fazer bem feito todas as etapas. O mais difícil é equilibrar e às vezes algum pratinho cai”, diz Andrea.

Desafio é equilibrar família e trabalho

Para Daniela Cianciaruso, gerente geral de marketing da Whirlpool Latin America, que atende as marcas Brastemp e Cônsul, o maior desafio para a mulher é justamente conciliar a carreira com a atenção à família. A ajuda do marido é essencial, cada vez mais presente e necessária, além de uma maior flexibilidade nos horários de trabalho.

“Tenho uma filha de cinco anos e um filho de três. A maternidade demanda muita atenção e dedicação de tempo. É um desafio para qualquer executiva que tem horário fixo de trabalho. A ajuda do marido é essencial, cada vez mais presente e necessária, além de uma maior flexibilidade nos horários de trabalho. Busco trabalhar com flexibilidade de horário na empresa e saio às 17h duas vezes por semana. É difícil ter a gestão de tempo e equilíbrio. Já pensei em cuidar só da casa, mas não seria feliz, meu lado profissional também é importante”, diz Daniela.


A questão de um horário de trabalho mais flexível também foi abordado por Cristiana, da Unilever, que tem duas filhas, de dois e seis anos. “Faço questão de participar do dia a dia da família e da casa. Consigo isso com um horário flexível na Unilever e também posso trabalhar de casa algumas vezes, além de contar com uma grande parceria do meu marido. Acabo também resolvendo muita coisa da casa pelo telefone”, diz.

Diferenças e igualdades

Com o avanço das mulheres na vida profissional, ainda são reconhecidas algumas diferenças, mas também há outro lado, que já não consegue mais fazer esta distinção entre gêneros. É o caso da Sissi, da Granado. “Apesar de acreditar que as mulheres têm mais facilidade em realizar diversas tarefas, acho que não dá mais para fazer esta diferenciação por gênero. Hoje vai muito mais do perfil de cada um”, diz.

Daniela, da Whirpool também compartilha desta opinião. “Não existe uma coisa que mulher tem que homem não tem. Mulher não é melhor ou pior em uma área ou outra. Aqui na empresa trabalhamos muito com diversidade e inclusão e temos mulheres em cadeiras que não imaginávamos que seria o melhor perfil. Toda a parte de entendimento do consumidor, uma área que puxa da sensibilidade inerente a mulher, é liderada por um homem. Em um momento isso foi verdade, mas hoje independe”, diz.

Há controvérsias. “É bom que a natureza feminina seja diferente, se fossemos todos iguais ficaria sem graça”, completa Ana Couto.

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