11 músicas que fizeram sucesso na publicidade
Marcas capricham na escolha das trilhas sonoras e levam emoção e experiência aos filmes publicitários
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2011 às 23h04.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h35.
Há filmes publicitários que se destacam tanto pela trilha sonora que acabam tornando-se muito mais significativos do que o próprios clipes originais da canções. Na maioria dos casos, a música é encaixada em uma ideia já existente. Em outros, a trilha se torna o elemento-mãe, e a ideia é construída e se desenvolve a partir da letra.
Isso depende muito da mensagem e da sensação que se quer passar com o comercial, mas em todos os casos, a escolha da trilha tem a ver com a geração de uma experiência emotiva e sensorial com a marca - e é através dela que se desenvolve a relação com os consumidores.
Os comerciais que serão mostrados a seguir, alguns bastante premiados, são exemplos perfeitos de trabalhos que deram certo e são lembrados até hoje pela harmonia alcançada.
Em 2004 e no decorrer dos anos seguintes, a Apple lançou uma série de comerciais chamada “Silhouettes”, criada para promover o iPod nas ruas. A campanha foi eleita a “ Propaganda de rua da década ” pela AdweekMedia em 2010 por conseguir deixar o produto claro para as pessoas sem que ele fosse o foco do olhar nos anúncios publicitários. As peças traziam silhuetas de pessoas dançando contra panos de fundo bem coloridos, sempre ouvindo músicas em iPods e fones da Apple, que são implicitamente lembrados por serem representados na cor branca. Dessa forma, os aparelhos destacam-se em relação à silhueta e também ao fundo. Os comerciais e as "silhuetas dançarinas" são variados e modificam-se de acordo com a trilha. Entre os artistas que participaram da série com músicas próprias estão: Wolfmother (ao lado), U2, White Stripes, The Temper Trap, Feist, Jet, The Fratellis, Coldplay, Gorillaz, Steriogram, The Black Eyed Peas, Daft Punk e outros.
A propaganda "Carlinhos", como ficou conhecido o comercial institucional da Fundação Síndrome de Down, tornou-se popular na década de 90 e é lembrada até hoje pela suavidade com que tratou o tema: “Down. A pior síndrome é a do preconceito”. Criada pela agência DM9DDB em 1998, o filme tinha a música “Fake Plastic Trees”, do banda britânica Radiohead, como trilha sonora. O mérito do comercial está no casamento perfeito entre som e imagem, com um grande potencial para emocionar. A música foi doada pela banda para o filme.
Big Splash, a primeira campanha da Coca-Cola para a América Latina em 2009, mostra um mundo drasticamente modificado pela explosão de uma garrafa do refrigerante: pessoas mais felizes, lugares mais coloridos e poluição transformada em bolhas transparentes e espuma. O visual totalmente psicodélico no melhor estilo anos 70 brinca com o poder transformador das atitudes positivas. Com o slogan “Sua felicidade transforma” e a música “What a Wonderful World”, originalmente cantada por Louis Armstrong, agora na voz de Joey Ramone, o filme leva a assinatura da Ogilvy Argentina, com adaptação da Ogilvy Brasil para a versão tupiniquim. Produzido pela Stink de Londres, o comercial também foi exibido no Japão e na Itália.
Uma sequência com várias pessoas usando máscaras de lama sobre o rosto, cantando baixinho e sem ânimo "Forever Young", uma das músicas mais conhecidas do grupo alemão Alphaville. A primeira impressão que se tem quando o comercial começa é de que em seguida virão frases sobre algum tratamento ou produto estético. Foi por isso que o filme "Lama faz Bem", do Mitsubishi Pajero TR4 Flex 2010, surpreendeu tanto. Na peça, as imagens e o conceito de manter a juventude formam um jogo de significados perfeitamente encaixado com a letra da música oitentista, aqui em uma versão punk rock. Assinada pela agência Africa, o comercial destaca os atributos do carro e o poder que ele tem de tornar as pessoas ainda mais jovens e felizes do que qualquer tratamento estético.
Em 2011, a famosa canção "Emoções", de Roberto Carlos, foi usada pela primeira vez em uma campanha publicitária. A música é a trilha sonora de " Retrospectiva ", uma das peças que marcam a comemoração dos 90 anos da Nestlé no Brasil. A estratégia da marca foi envolver os consumidores com atributos emocionais, mostrando no decorrer do comercial cenas representativas para a vida de cada consumidor, individualmente, e também para o Brasil, como por exemplo as vitórias de Daiane dos Santos, Ayrton Senna e Guga no esporte. A presença de Roberto Carlos em comerciais da Nestlé acontece desde o início do ano passado, quando a Nestlé lançou o comercial "Em ritmo de prêmios ", que sorteou 50 calhambeques inspirados no carro da famosa canção do Rei. Desde então, a marca tem relacionado com sucesso sua imagem ao cantor.
Em 2006 o MercadoLivre.com criou um spot de 30 segundos em que um rapaz anuncia a venda de um beijo pelo site, e uma garota resolve comprar o "produto". A ideia da peça era humanizar o slogan "Alguém procura o que você tem, alguém tem o que você procura", destacando o MercadoLivre como um ponto de encontro para os desejos dos usuários. Bom exemplo de harmonia entre ideia e trilha, "Beijo", como foi chamado o vídeo, fez a música "Someone is there waiting for my song", da canadense Aselin Debison, ficar na mente de todos cada vez que o comercial era exibido na TV. Aparentemente, a parceria deu certo. O comercial seguinte do MercadoLivre, chamado " Moto ", leva também na trilha a assinatura da cantora.
Comercial do Fiat Punto de 2007, "Heroína" foi criado pela agência Leo Burnett e mostra a relação de um rapaz com uma personagem de HQ. A personagem sai de um cartaz no início do filme e ganha vida, passando a fazer parte do cotidiano do protagonista para, por fim, voltar ao seu lugar original. A música que embala o comercial chama-se Shut Your Eyes, e é originalmente da banda sueca Shout Out Louds, mas a versão que passa na TV é mais lenta, cantada pelo próprio diretor da peça, Carlos Manga Jr. Há ainda outra versão do comercial, com a música original cantada pela banda.
Em 2009, a VISA estreou um comercial inspirador criado pela agência TBWAChiatDay e embalado por Today, de Smashing Pumpkins. Na versão exibida no Brasil, a peça publicitária, parte da campanha "Go", é narrada pelo ator Antônio Fagundes. Liderada por Billy Corgan, Smashing Pumpkins foi uma das bandas mais aclamadas e de maior sucesso comercial dos anos 90. Embora ainda esteja em atividade hoje, porém, já não possui mais a formação original, nem cativa o público como antigamente. O licenciamento de uma música do grupo para fins comerciais marcou uma mudança no posicionamento de Corgan. Cinco anos antes, o cantor havia declarado em uma entrevista ao site da Newsweek que já se recusara a autorizar o uso de duas de suas músicas (Today e Tonight, Tonight), mesmo em troca de muito dinheiro, por representarem canções sagradas para ele. Os tempos mudaram.
Assista à versão original do comercial, em inglês.
Assista à versão original do comercial, em inglês.
O comercial de lançamento do Fiat Idea, de 2006, fez muita gente sair cantando "Un Belo Dia" sem perceber. A música ganhou simpatia e virou hit. Interpretada por Yaniel Matos Perez, "Un Belo Dia" foi produzida pelo estúdio Tentáculo especialmente para o filme, a pedido da agência Leo Burnett, que atende a conta da Fiat.
A Nescafé Dolce Gusto incorporou James Brown em 2009 e colocou suas cafeteiras para dançar ao som de Get Up I Feel Like Being A Sex Machine, também conhecida como Sex Machine. O filme, lançado para anunciar a parceria entre a Nestlé e a Krups, fabricante alemã de máquinas de café, é aberto com a voz do próprio cantor, que anuncia "Fellas, I’m ready to get up and do my thing". Um comercial simples e empolgante, capaz de gerar desejo de consumo. Nada mais sugestivo do que comparar uma máquina que prepara café - uma bebia tão associada à vivacidade -, a uma “Sex Machine”.
A campanha Claro Teste, de 2009, é embalada com muita pertinência pela clássica "Should I Stay or Should I Go?", da banda inglesa The Clash. A música faz parte do álbum Combat Rock, de 1982, do grupo. Ao lado de Sex Pistols e Ramones, The Clash foi um dos ícones do movimento punk na década de 80. A escolha da trilha encaixou perfeitamente no comercial porque ambos trabalham com a ideia de dúvida. No caso do filme da Claro, a música introduz o teste, produto oferecido pela empresa. O comercial foi dirigido pelo cineasta Heitor Dalia e criado pela AlmapBBDO.