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Guerra na Ucrânia pode afetar o dólar? UBS aponta efeitos

Analistas do banco suíço esperam que alta das commodities, impulsionada por tensão no Leste Europeu, sustente moedas da América Latina

Investimentos no exterior: uma forma de aproveitar as oportunidades oferecidas por diferentes mercados e reduzir os riscos associados a um único país ou classe de ativos (Nelson A Ishikawa/Getty Images)

Investimentos no exterior: uma forma de aproveitar as oportunidades oferecidas por diferentes mercados e reduzir os riscos associados a um único país ou classe de ativos (Nelson A Ishikawa/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 10h05.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 11h27.

O início dos ataques russos a regiões da Ucrânia tem provocado grande aversão ao risco entre investidores nesta quinta-feira, 24. Ondas de vendas de ações levam a perdas severas nas principais bolsas de valores. O índice DAX, da Alemanha, chega a cair mais de 5%, enquanto índices da Rússia superam 30% de queda. A busca por proteção também leva a maior demanda por dólar no mundo.

O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente às principais divisas desenvolvidas, avança para próximo da máxima de julho de 2020.  Apesar da forte valorização do dólar no exterior, a guerra na Ucrânia não deve ter grandes efeitos negativos sobre o real e outras moedas da América Latina, segundo analistas do UBS. Pelo contrário. Para o banco suíço a valorização de moedas da região, lideradas pela alta de 10% do real no ano, são sustentáveis.

"Preços elevados das commodities, exacerbados pelas tensões geopolíticas curso na Ucrânia, estão dando suporte a moedas da região", escreveu o UBS em relatório. A crise no Leste Europeu tem se refletido principalmente no preço do petróleo, que já subiu cerca de 30% neste ano, superando pela primeira vez desde 2014 a marca dos 100 dólares por barril. 

O principal risco o câmbio da América Latina, aponta o UBS, é a possibilidade de políticas mais duras do Federal Reserve, o banco central americano - que, de acordo com os analistas, cresceu após o país ter registrado 7,5% de inflação, a maior em 40 anos.

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Ainda assim, o banco vê as moedas latino-americanas em posição favorável, já que bancos centrais da região iniciam antes seus ciclos de alta de juros.  O Brasil, em sua última decisão de política monetária, elevou para 10,75% a taxa básica de juros Selic. As recentes altas, aponta o UBS, "ampliaram drasticamente o diferencial da taxa de juros com os Estados Unidos".

O diferencial de juros, por sinal, vem sendo apontado como um dos principais motivos para a recente queda do dólar no Brasil. Isso porque quanto maior, mais atrativas são as operações de carry trade, que implica em tomar dinheiro em países com juros mais baixo e aplicar em títulos de países que pagam mais juros, capturando o spread.

Para a reunião de março, o UBS espera que o Federal Reserve (Fed) eleve sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual e promova outras cinco elevações ao longo de 2022. Caso o Fed siga esse plano de voo, o UBS vê efeito apenas limitado sobre as moedas latino-americanas, já que projeta  continuidade do aperto monetário na região - e em ritmo mais acelerado que nos Estados Unidos. "O diferencial da taxa de juros com várias economias da América Latina provavelmente aumentará ainda mais no curto prazo.",

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