Os temores em relação ao setor de crédito imobiliário nos Estados Unidos fizeram com que os investidores estrangeiros tirassem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) 3,2 bilhões de reais em julho. Foi a maior fuga de recursos do mercado acionário brasileiro dos últimos anos, e o principal fator que provocou a queda de 0,39% no Ibovespa no mês passado.

"Os investidores desfizeram suas posições em ações nos mercados emergentes para investir em títulos públicos americanos, que são mais seguros. Mas, esse movimento deve ser passageiro, como o visto em maio do ano passado e fevereiro desse ano. Pode demorar alguns dias, mas as perspectivas para a Bolsa ainda são positivas", afirma Paulo Miguel, economista-chefe da Quest Investimentos.

Apesar do forte fluxo negativo no mercado à vista em julho, no ano, o saldo de investimentos estrangeiros na Bolsa está positivo em 17,9 bilhões de reais, devido à forte participação dos estrangeiros em ofertas públicas de ações. Dos 30 bilhões de reais negociados em 41 operações, 73,4% - ou seja, 21,2 bilhões de reais -, vieram do exterior.

Os investidores estrangeiros são os que mais negociam na Bovespa, com 35,52% de participação em julho. Em seguida vêm os investidores institucionais, com 29,03% das operações realizadas no mês passado, e as pessoas físicas, com 23,43% dos negócios.

Home broker

Com a queda dos juros, é cada vez maior o número de pessoas físicas que deixam a renda fixa para investir na Bolsa em busca de retornos mais atrativos. Em julho, as operações via home broker registraram volume recorde: 15,7 bilhões de reais, o correspondente a 8,73% do total negociado na Bovespa no mês.

Foram realizadas 1,8 milhão de operações pelo sistema, 29,59% do total de transações em julho. Atualmente, 57 corretoras oferecem o serviço de home broker aos seus clientes.