Minhas Finanças

Como escolher entre poupança e Tesouro Direto

Com novas regras da poupança e taxa de juros mais baixa, caderneta se destaca no curto prazo, e títulos públicos, no médio prazo

Investidor precisa ficar mais atento para escolher a aplicação mais vantajosa para "guardar" dinheiro (Divulgação)

Investidor precisa ficar mais atento para escolher a aplicação mais vantajosa para "guardar" dinheiro (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 12h49.

São Paulo – Agora que a poupança se tornou uma aplicação pós-fixada quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano, resta uma dúvida para o investidor: entre poupança e títulos públicos, as aplicações no Tesouro continuam sendo a melhor opção? E em que contexto?

Dentre as aplicações de renda fixa pós-fixadas existentes no mercado hoje, as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e os CDBs de grandes bancos são as únicas comparáveis à poupança nos quesitos liquidez, conservadorismo e até segurança – seja pela garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), no caso de poupança e CDBs, seja pela garantia do governo, no caso dos títulos públicos.

Mas nos bancos grandes, nem sempre o pequeno investidor encontra um CDB de liquidez diária que remunere acima de 90% do CDI. Se for este o caso, a saída será o Tesouro Direto. É como investir em um fundo DI, mas a taxas bem menores, o que não corrói a rentabilidade. O título que equivaleria à poupança é a LFT, papel pós-fixado, indexado à Selic e o mais conservador dentre todos os títulos públicos disponíveis ao investidor individual.

Então é possível que, em alguns cenários, direcionar o dinheiro poupado para as LFTs seja mais vantajoso do que aplicá-lo na poupança, onde essa quantia seria submetida às novas regras. Comparando-se a LFT com a nova poupança, para cenários de Selic igual ou inferior a 8,5%, a LFT é em geral mais vantajosa para aplicações de prazo superior a seis meses. Até seis meses, porém, a poupança ainda se sai melhor, devido à isenção de IR.

Mas é preciso ficar atento aos custos de se aplicar via Tesouro Direto. Algumas corretoras não cobram taxa de administração, restando apenas os custos de 0,3% ao ano de taxa de custódia obrigatória, e de 0,1% de taxa de negociação, a cada nova compra de títulos. Se esses forem os únicos custos, o Tesouro Direto sempre será mais vantajoso que a poupança para prazos maiores que seis meses; e em cenários de Selic realmente baixa, a vantagem aparece quando o prazo for maior que 12 meses.

Poupança X LFT

Cerca de 70% das contas poupança existentes no Brasil têm até 1.000 reais aplicados; 52% do total têm até 100 reais apenas. Fica fácil imaginar que, para boa parte dos brasileiros, a poupança é a única aplicação financeira. E mesmo para aqueles que diversificam seus investimentos, é essencial ter uma parcela de seu patrimônio investida em uma aplicação de curto prazo, conservadora e de alta liquidez.

É a parcela do seu patrimônio voltada para emergências e para objetivos de curto prazo. Se você vender um imóvel hoje e decidir usar o dinheiro para comprar outro imóvel daqui a seis meses, certamente será na poupança que você vai aplicar esse dinheiro. É a forma mais barata e fácil de “guardar” dinheiro e ainda ganhar um troco com a rentabilidade.

De certa forma, a LFT pode funcionar como substituta da poupança. O grau de segurança e conservadorismo é semelhante, e o título pode ser vendido antes do término do prazo sem impacto na rentabilidade. A liquidez não é exatamente diária, mas é alta: toda quarta-feira, o Tesouro faz leilão de títulos, e o investidor que estiver precisando do dinheiro pode vender seus papéis.


Só que agora que a poupança vai corresponder a um percentual da Selic, os investidores precisarão ficar atentos sempre que o Copom mexer na taxa de juros, e se preocupar mais com seu prazo de investimento e os custos de investir. O ideal é gastar o mínimo possível e fazer investimentos com prazos e objetivos bem delineados.

A Selic hoje

Com a taxa de juros atual, de 9% ao ano, a poupança (ainda remunerada a 6,17% ao ano mais TR) e o Tesouro Direto praticamente empatam num horizonte de até seis meses, mesmo quando a corretora não cobra taxa de administração para quem compra e vende títulos públicos. Se houver essa cobrança, por menor que seja, as LFTs já perdem da poupança.

Num horizonte entre seis e 12 meses, porém, as LFTs são mais vantajosas que a poupança para corretoras que cobram taxa de administração de até 0,2%, quando as LFTs passam a empatar com a poupança. Com uma taxa de 0,3% em diante, o Tesouro Direto já perde.

Selic a 8,5% ao ano: horizonte próximo

É possível que, em sua próxima reunião, no fim do mês, o Copom reduza a Selic para 8,5% ao ano. Nesse novo cenário, a poupança passa a ser remunerada pelas novas regras, e a TR deve assistir a uma redução para algo como 0,02% ao mês em média. Nesse contexto, a poupança continua sendo mais vantajosa que as LFTs em um horizonte de até seis meses, mesmo que não haja cobrança de taxa de administração pela corretora.

As LFTs voltam a ser mais vantajosas que a poupança para aplicações acima de 12 meses, quando a alíquota de IR cai para 17,5% sobre os rendimentos. A vantagem, porém, é anulada caso a corretora cobre taxa de administração de 0,3% ao ano em diante. Para uma aplicação superior a 24 meses, essa tolerância aumenta: são vantajosas as aplicações no Tesouro Direto em corretoras que cobrem até 0,6% ao ano de taxa, quando os dois investimentos empatam.


Selic de 8% a 7% ao ano

Algumas projeções mais agressivas do mercado já preveem que a Selic chegue a 7,75% no fim de 2012, e a 7% em um futuro próximo. Se essa perspectiva se concretizar, significa que logo, logo as LFTs passarão a ser mais vantajosas que a poupança mesmo em um horizonte de até seis meses, desde que a corretora não cobre taxa de administração superior a 0,2% ao ano.

Para prazos maiores, então, a vantagem das LFTs só aumentam. Até 12 meses, os títulos públicos são melhores se a taxa de administração não ultrapassar 0,5% ao ano; entre 12 e 24 meses, a vantagem vale para as aplicações cuja taxa não ultrapasse os 0,7% ao ano; e acima de 24 meses são vantajosas as aplicações em LFTs que não paguem mais do 0,9% ao ano de taxa, uma das mais altas cobradas para a negociação de títulos públicos.

É importante notar que, para horizontes de Selic de 8% para baixo, o governo considera que a TR será igual a zero, o que é realmente uma possibilidade.

Se a Selic cair demais, poupança recupera a atratividade

Quando a Selic cai abaixo de 7% ao ano, a poupança volta a recuperar atratividade no curto prazo. Com a taxa básica de juros de 6,75% a 4,00%, as LFTs empatam com a poupança para aplicações de até seis meses, mesmo quando a corretora não cobra taxa de administração. Os títulos públicos só são mais vantajosos para aplicações de horizontes maiores que seis meses, para taxas de administração de até 0,5% ao ano.

Se a Selic chegar a (atualmente) improváveis 3,75% ao ano, os títulos públicos perderão bastante sua atratividade. Nesse contexto, a poupança será mais vantajosa para horizontes de até seis meses, e só se tornará realmente desvantajosa para aplicações superiores a um ano – ainda assim, considerando ausência de taxa de administração para o Tesouro Direto.

Se a Selic chegasse a 2,5% ao ano, as LFTs só seriam melhores para aplicações sem taxa de administração de prazo superior a dois anos, perdendo completamente suas vantagens no curto prazo. É possível que, em um contexto desses, ocorram novas mudanças nas regras da poupança.

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