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Nova poupança será melhor que fundo DI e CDB

No curto prazo, fundos DI mais caros e CDBs que remuneram menos de 90% do CDI não terão vez frente à nova remuneração da poupança

Quem aplicou na poupança até esta quinta garantiu remuneração mais alta em cenários de juros baixos. (VEJA)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2012 às 12h50.

São Paulo – A mudança nas regras da poupança, que entra em vigor nesta sexta-feira, reduziu a rentabilidade da caderneta para os novos depósitos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5%. Mesmo com uma leve desvantagem da poupança em relação às demais aplicações financeiras pós-fixadas, fundos DI de altas taxas de administração e CDBs que remunerem abaixo de 90% do CDI não terão vez enquanto o país rumar para a era do juro baixo.

De acordo com simulação do professor Samy Dana, da FGV-SP, para patamares de juros mais factíveis atualmente, como 8,0% ou 7,0% ao ano, a remuneração da poupança mantém ligeira desvantagem em relação às demais aplicações de renda fixa pós-fixada. Os fundos DI mais caros e os CDBs que remuneram abaixo de 90% do CDI, porém, já são mais desvantajosos que a poupança mesmo nesses cenários.

“Isso vai forçar para baixo as taxas de administração dos fundos DI, que terão de permanecer abaixo de 1%”, diz Gustav Gorski, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas. Aliás, essa era uma das intenções colaterais do governo com a mudança nas regras da poupança. Para o professor Samy Dana, os fundos de investimento não são sequer aconselháveis. “O gestor vai comprar títulos públicos, o que o investidor pode fazer por conta própria via Tesouro Direto, e ainda vai cobrar uma taxa de administração por isso”, diz Dana.

No lado dos CDBs, estão condenados os papéis que pagam menos de 90% do CDI, que são as aplicações de curto prazo tradicionalmente oferecidas pelos grandes bancos ao pequeno investidor. CDBs que remunerarem ao menos 100% do CDI estarão em larga desvantagem. “Os bancos vão ter que dar opções mais rentáveis e interessantes para atrair os poupadores. Não faz sentido o investidor receber menos de 100% do CDI num CDB quando um título público pós-fixado, que é muito mais seguro, remunera 100% da Selic”, observa o professor da FGV-SP. Atualmente, apenas CDBs de instituições menores oferecem ao menos 100% do CDI para prazos de até um ano e com liquidez diária.


A simulação abaixo considera as rentabilidades líquidas de IR acumuladas para uma única aplicação de 1.000 reais em 12 meses, a taxas Selic que variam de 8,0% a 5,0%. Num cenário de inflação de 5,0% ao ano, semelhante ao patamar atual, uma Selic de 7,0% levaria ao juro real de 2,0%, que é a meta do governo Dilma para o fim de 2014. Em azul o que ganha da poupança; em vermelho o que perde.

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SelicPoupança (70% da Selic + TR*)CDB 80% do CDICDB 90% do CDICDB 100% do CDITesouro Direto (LFT)**Fundo DI com taxa de 1,0% ao anoFundo DI com taxa de 0,5% ao ano
8,0%5,60%5,08%5,74%6,40%6,06%5,60%6,00%
7,0%4,90%4,45%5,02%5,60%5,26%4,80%5,20%
6,0%4,20%3,82%4,31%4,80%4,47%4,00%4,40%
5,0%3,50%3,19%3,59%4,00%3,67%3,20%3,60%

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(*) Fonte: Ministério da Fazenda, com TR praticamente igual a zero a partir de uma Selic a 8,0% ao ano.
(**) Considerando uma corretora que não cobre taxa de administração, mas apenas as taxas obrigatórias de custódia e negociação.

Note que os CDBs que pagam um percentual baixo do CDI e os fundos DI com taxa de administração de 1,0% ao ano comem poeira frente à poupança. Os CDBs que remuneram 100% do CDI são as melhores aplicações, seguidas das LFTs e dos fundos DI com taxa de administração baixa. É claro que estas duas últimas aplicações são mais seguras que CDBs.

Em patamares de juros realmente baixos, a diferença entre a remuneração da poupança e das demais aplicações conservadoras começa a diminuir. Se e quando o Brasil chegar a uma Selic tão reduzida, a praticidade e a isenção de IR na poupança podem reinar absolutas. Ainda que a remuneração da poupança ainda seja ligeiramente menor, possivelmente o investidor vai preferir manter seu dinheiro na caderneta. “Em patamares de juros realmente baixos, pode ser que comece a haver uma migração de recursos maciça para a poupança. E aí talvez seja necessária uma nova mudança”, diz Gustav Gorski, da Quantitas.


Médio e longo prazo

Acima de 12 meses, porém, o investimento em outras aplicações financeiras passa a ganhar com mais folga da poupança. O destaque fica por conta do Tesouro Direto e dos CDBs que remuneram ao menos 100% do CDI. Veja a tabela a seguir, para os mesmos investimentos, mas em um prazo de um ano e meio (tributação de 17,5%). A rentabilidade é aquela acumulada no período. Em azul o que ganha da poupança; em vermelho o que perde.

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8,0%8,42%7,99%9,04%10,10%9,60%8,85%9,47%
7,0%7,37%6,98%7,89%8,81%8,32%7,57%8,19%
6,0%6,31%5,98%6,75%7,54%7,05%6,29%6,91%
5,0%5,26%4,98%5,62%6,26%5,78%5,02%5,64%

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(*) Fonte: Ministério da Fazenda, com TR praticamente igual a zero a partir de uma Selic a 8,0% ao ano.
(**) Considerando uma corretora que não cobre taxa de administração, mas apenas as taxas obrigatórias de custódia e negociação.

O CDB que paga menos de 90% do CDI continua a comer poeira em relação à poupança, mas o fundo DI que cobra 1,0% ao ano de taxa de administração é vantajoso pelo menos enquanto a taxa de juros está acima de 6,0% ao ano. Novamente, à medida que baixam os juros, a rentabilidade das demais aplicações vai ficando muito próxima à da poupança, e esta vai se tornando cada vez mais atrativa.

No entanto, para um investidor que vá manter o dinheiro aplicado por mais tempo e que não necessite de liquidez, não há por que escolher a poupança ou o fundo DI. Para prazos mais longos – de dois ou três anos – é possível encontrar CDBs que paguem 100% do CDI até em alguns bancos grandes.


Outra opção são os CDBs que remuneram mais de 100% do CDI em prazos mais longos, oferecidos por instituições financeiras pequenas e médias para quem tem até 70.000 reais para aplicar. Dentro da renda fixa, porém, os títulos públicos – notadamente as LFTs – são as opções mais seguras entre as aplicações mais rentáveis. Quanto aos fundos DI, no longo prazo novamente os mais caros são penalizados em relação às demais aplicações pós-fixadas.

Como será a partir desta sexta

Para os depósitos feitos a partir desta sexta-feira, ainda não será possível sentir diferença na remuneração. Isso porque a Selic ainda está em 9,0% ao ano, acima, portanto, do patamar em que a remuneração da poupança é indexada à Selic. Daqui para frente, será sempre assim: os novos depósitos serão remunerados a 6,0% ao ano mais TR sempre que os juros estiverem acima de 8,5% ao ano; e passam a remunerar 70% da Selic mais TR sempre que forem iguais ou inferiores a 8,5% ao ano.

Para os depósitos feitos até esta quinta-feira, ainda vale a regra antiga para qualquer cenário. Isso significa que, quem tem “dinheiro antigo” na poupança vai se beneficiar muito quando os juros ficarem abaixo de 8,5%, desde que esse dinheiro permaneça aplicado na caderneta. Imagine uma Selic de 6,0% ao ano, talvez num futuro ainda distante. Ganhar 6,0% ao ano mais TR livre de IR não será nada mau.

“Para o investidor, acabou a moleza dos juros altos. Afinal, juros altos são ruins para devedores, mas muito bons para poupadores. Não haverá mais rentabilidade alta sem algum risco, ainda que moderado. E a tendência é que a rentabilidade se torne historicamente menor”, diz Gustav Gorski, economista-chefe da gestora Quantitas.

*Matéria atualizada às 12h52 de 04/05/2012.

Veja também

São Paulo – A mudança nas regras da poupança, que entra em vigor nesta sexta-feira, reduziu a rentabilidade da caderneta para os novos depósitos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5%. Mesmo com uma leve desvantagem da poupança em relação às demais aplicações financeiras pós-fixadas, fundos DI de altas taxas de administração e CDBs que remunerem abaixo de 90% do CDI não terão vez enquanto o país rumar para a era do juro baixo.

De acordo com simulação do professor Samy Dana, da FGV-SP, para patamares de juros mais factíveis atualmente, como 8,0% ou 7,0% ao ano, a remuneração da poupança mantém ligeira desvantagem em relação às demais aplicações de renda fixa pós-fixada. Os fundos DI mais caros e os CDBs que remuneram abaixo de 90% do CDI, porém, já são mais desvantajosos que a poupança mesmo nesses cenários.

“Isso vai forçar para baixo as taxas de administração dos fundos DI, que terão de permanecer abaixo de 1%”, diz Gustav Gorski, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas. Aliás, essa era uma das intenções colaterais do governo com a mudança nas regras da poupança. Para o professor Samy Dana, os fundos de investimento não são sequer aconselháveis. “O gestor vai comprar títulos públicos, o que o investidor pode fazer por conta própria via Tesouro Direto, e ainda vai cobrar uma taxa de administração por isso”, diz Dana.

No lado dos CDBs, estão condenados os papéis que pagam menos de 90% do CDI, que são as aplicações de curto prazo tradicionalmente oferecidas pelos grandes bancos ao pequeno investidor. CDBs que remunerarem ao menos 100% do CDI estarão em larga desvantagem. “Os bancos vão ter que dar opções mais rentáveis e interessantes para atrair os poupadores. Não faz sentido o investidor receber menos de 100% do CDI num CDB quando um título público pós-fixado, que é muito mais seguro, remunera 100% da Selic”, observa o professor da FGV-SP. Atualmente, apenas CDBs de instituições menores oferecem ao menos 100% do CDI para prazos de até um ano e com liquidez diária.


A simulação abaixo considera as rentabilidades líquidas de IR acumuladas para uma única aplicação de 1.000 reais em 12 meses, a taxas Selic que variam de 8,0% a 5,0%. Num cenário de inflação de 5,0% ao ano, semelhante ao patamar atual, uma Selic de 7,0% levaria ao juro real de 2,0%, que é a meta do governo Dilma para o fim de 2014. Em azul o que ganha da poupança; em vermelho o que perde.

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8,0%5,60%5,08%5,74%6,40%6,06%5,60%6,00%
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6,0%4,20%3,82%4,31%4,80%4,47%4,00%4,40%
5,0%3,50%3,19%3,59%4,00%3,67%3,20%3,60%

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(*) Fonte: Ministério da Fazenda, com TR praticamente igual a zero a partir de uma Selic a 8,0% ao ano.
(**) Considerando uma corretora que não cobre taxa de administração, mas apenas as taxas obrigatórias de custódia e negociação.

Note que os CDBs que pagam um percentual baixo do CDI e os fundos DI com taxa de administração de 1,0% ao ano comem poeira frente à poupança. Os CDBs que remuneram 100% do CDI são as melhores aplicações, seguidas das LFTs e dos fundos DI com taxa de administração baixa. É claro que estas duas últimas aplicações são mais seguras que CDBs.

Em patamares de juros realmente baixos, a diferença entre a remuneração da poupança e das demais aplicações conservadoras começa a diminuir. Se e quando o Brasil chegar a uma Selic tão reduzida, a praticidade e a isenção de IR na poupança podem reinar absolutas. Ainda que a remuneração da poupança ainda seja ligeiramente menor, possivelmente o investidor vai preferir manter seu dinheiro na caderneta. “Em patamares de juros realmente baixos, pode ser que comece a haver uma migração de recursos maciça para a poupança. E aí talvez seja necessária uma nova mudança”, diz Gustav Gorski, da Quantitas.


Médio e longo prazo

Acima de 12 meses, porém, o investimento em outras aplicações financeiras passa a ganhar com mais folga da poupança. O destaque fica por conta do Tesouro Direto e dos CDBs que remuneram ao menos 100% do CDI. Veja a tabela a seguir, para os mesmos investimentos, mas em um prazo de um ano e meio (tributação de 17,5%). A rentabilidade é aquela acumulada no período. Em azul o que ganha da poupança; em vermelho o que perde.

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SelicPoupança (70% da Selic + TR*)CDB 80% do CDICDB 90% do CDICDB 100% do CDITesouro Direto (LFT)**Fundo DI com taxa de 1,0% ao anoFundo DI com taxa de 0,5% ao ano
8,0%8,42%7,99%9,04%10,10%9,60%8,85%9,47%
7,0%7,37%6,98%7,89%8,81%8,32%7,57%8,19%
6,0%6,31%5,98%6,75%7,54%7,05%6,29%6,91%
5,0%5,26%4,98%5,62%6,26%5,78%5,02%5,64%

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(*) Fonte: Ministério da Fazenda, com TR praticamente igual a zero a partir de uma Selic a 8,0% ao ano.
(**) Considerando uma corretora que não cobre taxa de administração, mas apenas as taxas obrigatórias de custódia e negociação.

O CDB que paga menos de 90% do CDI continua a comer poeira em relação à poupança, mas o fundo DI que cobra 1,0% ao ano de taxa de administração é vantajoso pelo menos enquanto a taxa de juros está acima de 6,0% ao ano. Novamente, à medida que baixam os juros, a rentabilidade das demais aplicações vai ficando muito próxima à da poupança, e esta vai se tornando cada vez mais atrativa.

No entanto, para um investidor que vá manter o dinheiro aplicado por mais tempo e que não necessite de liquidez, não há por que escolher a poupança ou o fundo DI. Para prazos mais longos – de dois ou três anos – é possível encontrar CDBs que paguem 100% do CDI até em alguns bancos grandes.


Outra opção são os CDBs que remuneram mais de 100% do CDI em prazos mais longos, oferecidos por instituições financeiras pequenas e médias para quem tem até 70.000 reais para aplicar. Dentro da renda fixa, porém, os títulos públicos – notadamente as LFTs – são as opções mais seguras entre as aplicações mais rentáveis. Quanto aos fundos DI, no longo prazo novamente os mais caros são penalizados em relação às demais aplicações pós-fixadas.

Como será a partir desta sexta

Para os depósitos feitos a partir desta sexta-feira, ainda não será possível sentir diferença na remuneração. Isso porque a Selic ainda está em 9,0% ao ano, acima, portanto, do patamar em que a remuneração da poupança é indexada à Selic. Daqui para frente, será sempre assim: os novos depósitos serão remunerados a 6,0% ao ano mais TR sempre que os juros estiverem acima de 8,5% ao ano; e passam a remunerar 70% da Selic mais TR sempre que forem iguais ou inferiores a 8,5% ao ano.

Para os depósitos feitos até esta quinta-feira, ainda vale a regra antiga para qualquer cenário. Isso significa que, quem tem “dinheiro antigo” na poupança vai se beneficiar muito quando os juros ficarem abaixo de 8,5%, desde que esse dinheiro permaneça aplicado na caderneta. Imagine uma Selic de 6,0% ao ano, talvez num futuro ainda distante. Ganhar 6,0% ao ano mais TR livre de IR não será nada mau.

“Para o investidor, acabou a moleza dos juros altos. Afinal, juros altos são ruins para devedores, mas muito bons para poupadores. Não haverá mais rentabilidade alta sem algum risco, ainda que moderado. E a tendência é que a rentabilidade se torne historicamente menor”, diz Gustav Gorski, economista-chefe da gestora Quantitas.

*Matéria atualizada às 12h52 de 04/05/2012.

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