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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A negociação para a venda do ABN Amro é a mais nova vítima da turbulência que sacode os mercados mundiais, cujo epicentro é a desconfiança quanto à saúde do mercado hipotecário dos Estados Unidos. A retração da liquidez internacional pode levar um dos interessados na compra - o banco belgo-holandês Fortis - a ter dificuldades para captar os recursos necessários para honrar sua parte no consórcio que integra, junto com o escocês Royal Bank of Scotland (RBS) e o espanhol Santander.
A desconfiança quanto à concretização do negócio levou as ações do ABN Amro a despencarem 4,2% na bolsa de Amsterdã, acumulando uma queda de 11% até esta sexta-feira (10/8). Trata-se do pior desempenho da instituição em quase seis anos.
A oferta do consórcio liderado pelo RBS, no valor de 71 bilhões de euros, é considerada pelos analistas a mais promissora. O grupo disputa com o britânico Barclays o controle da instituição holandesa desde o início deste ano. Os ingleses oferecem 65 bilhões de euros pelo banco.
Cabe ao Fortis, na divisão interna do consórcio, contribuir com 24 bilhões de euros, mas o diretor de Finanças do banco, Gilbert Mittler, informou à imprensa européia, nesta quinta-feira, que o momento não é o mais apropriado para securitizações - operações fundamentais para que a empresa consiga participar da parceria pela compra, já que na oferta de pagamento pelo ABN Amro o trio se dispôs a pagar predominantemente em papel-moeda.
Para os analistas internacionais, ainda é cedo, para dizer se a compra de fato será adiada, mas muitos já apostam que a venda do maior banco da Holanda corre o risco de ficar para depois da crise.
A queda aconteceu num contexto de tremor nas principais bolsas de valores, diante da incerteza quanto à dimensão das perdas com o crédito imobiliário nos Estados Unidos. Bancos centrais da Europa e da Ásia injetaram bilhões de dólares, ao longo da sexta-feira, para garantir liquidez no mercado, mas a medida não foi suficiente para evitar a preocupação com uma possível retirada maciça de capitais do sistema financeiro, o que atingiria inclusive a lucratividade dos bancos e, portanto, seu valor de mercado.