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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Você já deve ter pensado em algum momento de sua vida em comprar um imóvel para alugar e obter uma renda extra todo mês. Agora imagine receber esse dinheiro sem ter de se preocupar com inquilino, condomínio, manutenção do imóvel e inadimplência. É essa a vantagem de quem aluga ações ao invés de imóveis.
Os investidores que possuem uma carteira de longo prazo - com objetivo de aposentadoria, por exemplo - podem ofertar seus papéis no mercado e receber como remuneração pelo aluguel mais de 10% ao ano, sem correr risco algum. A operação, bastante semelhante à de locação de um imóvel, é intermediada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), que exige do locatário uma garantia correspondente a 100% do valor das ações alugadas, mais um percentual que varia de 8% a 80%, de acordo com a liquidez do papel.
Apesar de não se tratar de uma novidade - as operações de aluguel de ações existem desde 1996 - somente agora, com o desenvolvimento do mercado acionário, essa modalidade de negócio começa a ganhar fôlego e a chamar a atenção dos investidores. Nos últimos cinco anos, o volume de recursos movimentados saltou mais de 1000% e, somente neste ano, até o dia 24 de agosto, já foram negociados 175 bilhões de reais, 65 bilhões de reais a mais que durante todo o ano de 2006. Os pequenos investidores são os principais fornecedores de ações para locação, respondendo por 31,85% das ofertas, segundo dados da CBLC (clique aqui e veja mais).
Na outra ponta, figuram os investidores institucionais como os maiores interessados na locação de ações. Por meio dessas operações, companhias de seguros e capitalização, fundos de pensão e de investimentos colocam em prática estratégias de gestão que lhes permitem obter ganhos no mercado financeiro.
"O aluguel de ações é o tipo de operação em que todos saem ganhando. Quem doa os papéis é remunerado por isso, quem toma as ações emprestadas consegue satisfazer suas necessidades temporárias e o mercado como um todo é beneficiado com o aumento de liquidez", afirma o presidente da Associação Nacional Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancor), Gilberto Biojone.
Como funciona
Qualquer investidor pode oferecer suas ações para locação. Para isso, é necessário entrar em contato com uma corretora, que fará a inclusão da oferta no sistema de negociação da CBLC e não cobrará nada por isso. Algumas corretoras, no entanto, fazem exigências aos clientes para realizar a operação. Na Bradesco Corretora, por exemplo, os clientes precisam ter, no mínimo 300.000,00 reais investidos para colocar suas ações para locação.
O doador (proprietário da ação) estabelece uma taxa de retorno e o prazo no qual está disposto a fornecer seus papéis. Assim como na locação de um imóvel, a remuneração deve ser fixada dentro da média do mercado para que haja interessados no negócio. No site da CBLC (www.cblc.com.br) é possível verificar todos os ativos disponíveis para locação e a taxa média negociada.
Uma vez registrada a oferta, a operação é fechada quando surgir um interessado. O tomador (aquele que aluga as ações) passará a contar com o ativo em sua carteira, podendo vendê-lo no momento em que desejar, até o vencimento do contrato. Em se tratando de ações ordinárias, lhe será concedido temporariamente o direito a participação em assembléias de acionistas e de voto.
No portfólio do doador, continuará constando a propriedade do papel alugado, porém, este estará indisponível para negociação. O pagamento de juros e dividendos das ações alugadas, no entanto, será realizado normalmente, devendo ser depositado na conta do doador junto à corretora.
Ao término do contrato - geralmente um mês -, o doador recebe de volta suas ações e o valor referente ao aluguel, descontado o imposto de renda, que varia de 15% a 22,5%, de acordo com o prazo da operação. Do tomador é cobrada a corretagem, em média 0,5% do valor negociado, mais 0,25% de taxa de registro na CBLC.