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Como fazer o balanço semestral dos seus investimentos

Veja o resultado dos principais investimentos no primeiro semestre e saiba o que levar em conta na hora de rebalancear a carteira

De seis em seis meses é bom revisar o seu caminho e se preparar para o futuro (John Nyberg/SXC)

De seis em seis meses é bom revisar o seu caminho e se preparar para o futuro (John Nyberg/SXC)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2012 às 07h00.

São Paulo – O primeiro semestre terminou e é chegada a hora de fazer um balanço da sua carteira de investimentos. Com o desempenho sofrível da Bolsa nos primeiros seis meses do ano, os investimentos que se salvaram foram os papéis e fundos que pagam dividendos, os títulos de renda fixa prefixada e os fundos multimercados que conseguiram surfar essa tendência. Com a queda da taxa Selic, os investimentos indexados ao juro básico da economia estão em um patamar intermediário. E agora, como o investidor deve rever sua carteira?

Especialistas aconselham que a revisão dos investimentos seja feita pelo menos uma vez por ano, embora possa ser mais aconselhável fazer isso semestralmente. “A nossa recomendação é que o balanço seja até trimestral. Mas o mínimo é de duas vezes no ano”, diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, empresa do grupo Vinci Partners voltada para a pessoa física.

O que rendeu mais neste semestre?

Primeira coisa a se fazer é verificar o desempenho da sua carteira, checar se está de acordo com seus objetivos e comparar com a média do mercado. Veja na tabela a seguir o desempenho das aplicações nos primeiros seis meses de 2012:

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Aplicação No ano (%) Fechamento em
Dólar comercial 11,44% 29/06/2012
Ouro BM&F 9,47% 29/06/2012
Fundos Multimercado Macro 9,07% 26/06/2012
Fundos de Ações - Dividendos 8,87% 26/06/2012
Fundos Multimercado Multiestratégia 7,23% 26/06/2012
LTN (vencimento em 01/01/2013) 6,11% 29/06/2012
NTN-F (vencimento em 01/01/2013) 6,05% 29/06/2012
Fundos Multimercados Juros e Moedas 5,66% 26/06/2012
Fundos de renda fixa 5,45% 26/06/2012
LFT (vencimento em 07/03/2013) 4,72% 29/06/2012
Fundos referenciados DI 4,67% 26/06/2012
Selic 4,64% 28/06/2012
CDI 4,59% 28/06/2012
NTN-B (vencimento em 15/08/2012) 4,48% 29/06/2012
Fundos de Ações – Small Caps 2,98% 26/06/2012
Poupança (depósitos até 04/05/2012) 2,79% 29/06/2012
Fundos de Ações Livres 2,70% 26/06/2012
Fundos de ações Ibovepa Ativo 0,26% 26/06/2012
Ibovespa -7,23% 29/06/2012

Embora tenha começado bem para a renda variável, o primeiro semestre continuou amargando os efeitos da crise internacional. O dólar e o ouro foram os ativos que mais tiveram alta, o que reflete justamente a permanência do cenário de incertezas. Mas após os bons resultados da cúpula da União Europeia no fim de junho, a perspectiva para a Bolsa em julho já é mais animadora.

Os fundos multimercados que conseguem surfar as tendências dos mercados foram os investimentos que se saíram melhor, uma vez que conseguem focar nos ativos mais vantajosos em cada momento econômico. Os fundos de dividendos também renderam bons resultados, por investirem em ações que não sofrem tanto com as oscilações do mercado. Em seguida vieram os papéis prefixados de renda fixa, que ganharam com o ciclo de queda na taxa Selic.

Com isso, os investimentos atrelados à taxa de juros tiveram uma posição apenas intermediária entre o mau desempenho da Bolsa e o bom desempenho das aplicações campeãs. Neste ano, a Selic já caiu de 10,50% ao ano para 8,5% ao ano, o que exigiu mudanças na regra da poupança. Os depósitos feitos a partir de 4 de maio agora rendem 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR) sempre que a taxa de juros estiver menor ou igual a 8,5%, retornando à rentabilidade de 0,5% ao mês mais TR quando o juro estiver acima deste patamar. De 30 de maio (quando a Selic caiu a 8,5%) a 29 de junho, a nova poupança rendeu 0,51%.

Com a queda do juro real para 2,80%, o juro prefixado pago pelos títulos públicos atrelados à inflação (NTN-Bs) também sofreu uma redução. A NTN-B Principal com vencimento em 15 de maio de 2015 à venda em dezembro do ano passado oferecia um juro de mais de 5%, fora a correção pelo IPCA. Hoje, o juro real pago por esse mesmo papel está em 3,43%. Isso é menos do que a NTN-B com vencimento mais próximo, em 2013, pagava em dezembro do ano passado: 4,4%.

O que considerar ao revisar suas aplicações

Além de checar a rentabilidade da própria carteira frente à média do mercado, há também outras avaliações que o investidor deve fazer. Em relação ao patrimônio, diz Paulo Bittencourt, é importante também considerar o imobilizado, que também faz parte dos seus investimentos: “Qual o valor da sua casa hoje? Por quanto um apartamento semelhante foi vendido na sua região? Se seu imóvel não é próprio, quanto outras pessoas pagam de aluguel em apartamentos semelhantes na sua região? Teria como renegociar o seu aluguel?”, diz Bittencourt.

Já em relação à renda, é preciso avaliar quanto é possível continuar poupando mensalmente. Quanto está comprometido com dívidas? É possível poupar mais daqui para frente? Ou suas obrigações financeiras lhe obrigam a reduzir os aportes mensais? É possível cortar algum gasto ou quitar uma dívida antecipadamente? “De nada adianta ganhar 0,6% ao mês em uma aplicação, mas pagar juros em um financiamento de 3% ao mês”, diz Bittencourt. Nesses casos, usar o dinheiro que seria investido para quitar a dívida vale mais a pena.


Finalmente, é importante olhar para três indicadores econômicos básicos: a inflação, o dólar e a taxa Selic. “A inflação hoje, para o investidor, é crucial, porque determina quanto você ganha realmente com suas aplicações, que é o juro real”, diz o diretor da Apogeo. Veja a trajetória desses indicadores na tabela abaixo:

Passado:

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Datas Dólar comercial Selic IPCA*
30/06/2011 R$ 1,56 12,25% 3,86%
02/01/2012 R$ 1,87 11,00% 3,11%
29/06/2012 R$ 2,00 8,50% 2,23% (até maio)

(*) Acumulado dos últimos seis meses até então.

Projeções do mercado segundo o Boletim Focus de 29 de junho de 2012:

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Datas Dólar comercial Selic IPCA*
Dez/2012 R$ 1,95 7,5% 4,93%
Dez/2013 R$ 1,90 9,0% 5,50%

(*) No ano

Dólar: Quem vem acompanhando a trajetória do dólar terá observado que o patamar da moeda americana subiu de dois anos para cá. “Estamos agora em um patamar muito mais para ficar ao redor de dois reais do que para ficar abaixo. Tem que ficar atento todo mundo que tiver viagem marcada, importações em vista ou outros passivos em dólar, como o pagamento de um intercâmbio de estudos”, diz Paulo Bittencourt.

Juro real: Avaliar a inflação e a Selic permite ao investidor saber se o juro real obtido das aplicações está satisfatório. “Pela avaliação da trajetória da inflação e da Selic nos últimos tempos é possível notar que a taxa de juros está caindo numa velocidade maior que a inflação. Ou seja, o juro real está sendo comprimido”, diz o diretor da Apogeo. Quando isso acontece, é preciso fazer algo para compensar essa perda.

Pode ser aumentar o investimento mensal, o tempo de investimento ou mesmo buscar um pouco mais de risco, desde que isso se reverta em aumento da rentabilidade. Com um juro real atual de menos de 3% ao mês, leva muito mais tempo para chegar ao mesmo patamar de rentabilidade do que quando o juro real era de 10%, por exemplo. “Os juros no Brasil entraram em um novo patamar, é a nova situação estrutural do país. Não dá para ficar esperando voltar a subir aos patamares de antes”, diz Bittencourt.

Realocações

Na reavaliação dos investimentos, vale a pena fazer uma realocação se a proporção em investimentos perdedores estiver alta. “Se você tem 60% da sua carteira em ações do Ibovespa e não está melhorando, não adianta se tornar um torcedor. Quando os papéis desvalorizam, precisam valorizar em proporção muito maior para recuperar o que perderam”, explica Paulo Bittencourt. Para ele, é melhor reduzir um pouco a alocação nos ativos que não estão indo tão bem, mesmo que a perspectiva seja para prazo mais longo, mas não sair totalmente. “Até porque, quando a economia se recupera, a Bolsa é a primeira a sentir e subir”, completa.

Quem já tem uma carteira mais valorizada – com ações mais agressivas e mais defensivas, por exemplo – já está protegido. Seria uma questão de manter as proporções dos ativos na carteira. “Não se deve ser um caçador de tendência. Quando você divide o portfólio em curto prazo (até um ano), médio prazo (de dois a cinco anos) e longo prazo (acima de cinco anos), não precisa mexer nas proporções. Só precisa ir mudando as proporções de alocação dos ativos em função da idade”, diz o diretor da Apogeo.

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