Ações para comprar quando a recuperação começar
Analistas ainda não acham que os problemas europeus já estão próximos de uma solução, mas quem quiser aproveitar os preços baixos deve começar a se planejar
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 06h48.
São Paulo – Apesar da recuperação dos últimos dias, os analistas do mercado financeiro continuam pessimistas em relação a uma solução rápida para a crise europeia. Alguns países mediterrâneos devem ser obrigados a renegociar suas dívidas, um processo que nem bem começou. As moratórias devem colocar muitos bancos em risco, e, no mercado, há quem pense que serão necessários trilhões de euros para evitar o risco de quebradeira no sistema financeiro. Enquanto isso, os líderes europeus não se entendem para colocar em prática um plano de recuperação proporcional à gravidade do problema. Até mesmo para elevar o fundo europeu de estabilização financeira para 440 bilhões de euros, um valor ainda bem distante do que será necessário, foram necessárias diversas semanas de negociações políticas. O Parlamento da Eslováquia chegou até mesmo a rejeitar a medida, ainda que, logo em seguida, tenha voltado atrás.
Diante da necessidade de chegar a uma solução que parece bastante complexa, os investidores permanecem retraídos. “A bolsa deve registrar alta volatilidade por pelo menos mais um ano”, diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ativa. Nesse cenário, a maioria das corretoras ainda dá preferência aos papéis mais defensivos . É praticamente impossível, no entanto, identificar com muita antecedência os sinais de que as coisas vão melhorar. Em geral, quando fica claro que a bolsa chegou ao fundo do poço e começará a reagir, os melhores preços já ficaram para trás. O melhor, então, é se preparar desde já para o momento da virada. A seguir, quatro especialistas ouvidos por EXAME.com dizem quais ações devem ser mais beneficiadas quando a recuperação vier:
Gustavo Pires, da equipe de análise da XP
A solução da crise na Europa traria de volta os investidores estrangeiros ao Brasil. Um setor que foi muito prejudicado e que deve ser bastante beneficiado com uma virada no humor é o de construção civil. Historicamente, as ações das incorporadoras são negociadas pelo equivalente a 1,5 vez o patrimônio líquido. Hoje, no entanto, empresas como a Gafisa, a Cyrela e a Brookfield são negociadas em bolsa por menos que o valor patrimonial. Até mesmo as dúvidas em relação às fontes de financiamento para essas empresas ficarão de lado quando os estrangeiros começarem a voltar.
Outros ativos que estão muito baratos são os das empresas pré-operacionais, com destaque para as do grupo EBX. O Eike Batista tem muito contato com os investidores estrangeiros, e eles devem voltar a olhar para esses papéis quando a volatilidade diminuir. Neste cenário internacional deteriorado, o mercado se questiona muito se as empresas X terão caixa suficiente para entregar os projetos que prometeram. Num momento de reversão, entretanto, essas empresas teriam acesso a crédito mais farto e o mercado voltaria a olhar par ao valor das reservas e ativos a serem explorados por essas companhias.
Por último, acho que as ações de varejo vão andar muito bem. Os juros estão novamente em tendência de queda, o que favorece o consumo. Acho que o setor de vestuário tende a apresentar a melhor performance. Ações de empresas como Renner, Hering, Marisa, Le Lis Blanc e Guararapes são bem sensíveis ao crédito e oferecem boa liquidez para o investidor estrangeiro.
Salomão Santos, sócio da iCash Investimentos
Quando o cenário internacional melhorar, os primeiros a se beneficiar serão os bancos. Em primeiro lugar, porque essas ações estão baratas na percepção do mercado. Os investidores estrangeiros voltarão a comprar bancos no mundo inteiro a partir do momento em que fique entendido que o risco de quebra de instituições financeiras já ficou para trás. Também é importante lembrar que os bancos brasileiros têm sido punidos pelo mercado injustamente. Instituições como o Bradesco e o Itaú estão em um momento bom e não têm exposição à Europa.
Mas quando os países europeus estiverem a salvo, a bolsa como um todo tende a andar bem. De empresas de commodities a construtoras, há muitos setores que vão se beneficiar. Eu acho que a bolsa poderia voltar para uns 67.000 pontos ou até mesmo para os 70.000 pontos a partir do momento em que o mercado passe a esperar a iminente recuperação europeia.
Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ativa
Um grande ajuste na Europa beneficiaria todo mundo, mas como a solução do problema virá por partes, acho que a recuperação nas bolsas também será lenta. É por isso que eu acharia prematura partir para as ações mais arriscadas. O investidor que tem perfil de longo prazo deve continuar nas ações mais defensivas mesmo quando a recuperação começar porque a confiança não voltará de uma vez. Eu preferiria as empresas de telecomunicações, energia, varejo e de gigante nacionais, como a Vale e as siderúrgicas.
Flavio Sznajder, sócio-gestor da Bogari Capital
Quando a recuperação vier, os bancos e as commodities vão se valorizar. Os bancos estão muito baratos porque o investidor estrangeiro não entende por que o Bradesco ou o Itaú devem ser negociados a duas vezes o valor patrimonial enquanto no mundo inteiro há excelentes instituições financeiras sendo negociadas por menos que o patrimônio líquido. Mas os bancos brasileiros são muito bons e, no longo prazo, haverá uma convergência entre preço de mercado e valor intrínseco. Também gosto muito das ações da Redecard, da Cosan e da Brasil Insurance.
São Paulo – Apesar da recuperação dos últimos dias, os analistas do mercado financeiro continuam pessimistas em relação a uma solução rápida para a crise europeia. Alguns países mediterrâneos devem ser obrigados a renegociar suas dívidas, um processo que nem bem começou. As moratórias devem colocar muitos bancos em risco, e, no mercado, há quem pense que serão necessários trilhões de euros para evitar o risco de quebradeira no sistema financeiro. Enquanto isso, os líderes europeus não se entendem para colocar em prática um plano de recuperação proporcional à gravidade do problema. Até mesmo para elevar o fundo europeu de estabilização financeira para 440 bilhões de euros, um valor ainda bem distante do que será necessário, foram necessárias diversas semanas de negociações políticas. O Parlamento da Eslováquia chegou até mesmo a rejeitar a medida, ainda que, logo em seguida, tenha voltado atrás.
Diante da necessidade de chegar a uma solução que parece bastante complexa, os investidores permanecem retraídos. “A bolsa deve registrar alta volatilidade por pelo menos mais um ano”, diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ativa. Nesse cenário, a maioria das corretoras ainda dá preferência aos papéis mais defensivos . É praticamente impossível, no entanto, identificar com muita antecedência os sinais de que as coisas vão melhorar. Em geral, quando fica claro que a bolsa chegou ao fundo do poço e começará a reagir, os melhores preços já ficaram para trás. O melhor, então, é se preparar desde já para o momento da virada. A seguir, quatro especialistas ouvidos por EXAME.com dizem quais ações devem ser mais beneficiadas quando a recuperação vier:
Gustavo Pires, da equipe de análise da XP
A solução da crise na Europa traria de volta os investidores estrangeiros ao Brasil. Um setor que foi muito prejudicado e que deve ser bastante beneficiado com uma virada no humor é o de construção civil. Historicamente, as ações das incorporadoras são negociadas pelo equivalente a 1,5 vez o patrimônio líquido. Hoje, no entanto, empresas como a Gafisa, a Cyrela e a Brookfield são negociadas em bolsa por menos que o valor patrimonial. Até mesmo as dúvidas em relação às fontes de financiamento para essas empresas ficarão de lado quando os estrangeiros começarem a voltar.
Outros ativos que estão muito baratos são os das empresas pré-operacionais, com destaque para as do grupo EBX. O Eike Batista tem muito contato com os investidores estrangeiros, e eles devem voltar a olhar para esses papéis quando a volatilidade diminuir. Neste cenário internacional deteriorado, o mercado se questiona muito se as empresas X terão caixa suficiente para entregar os projetos que prometeram. Num momento de reversão, entretanto, essas empresas teriam acesso a crédito mais farto e o mercado voltaria a olhar par ao valor das reservas e ativos a serem explorados por essas companhias.
Por último, acho que as ações de varejo vão andar muito bem. Os juros estão novamente em tendência de queda, o que favorece o consumo. Acho que o setor de vestuário tende a apresentar a melhor performance. Ações de empresas como Renner, Hering, Marisa, Le Lis Blanc e Guararapes são bem sensíveis ao crédito e oferecem boa liquidez para o investidor estrangeiro.
Salomão Santos, sócio da iCash Investimentos
Quando o cenário internacional melhorar, os primeiros a se beneficiar serão os bancos. Em primeiro lugar, porque essas ações estão baratas na percepção do mercado. Os investidores estrangeiros voltarão a comprar bancos no mundo inteiro a partir do momento em que fique entendido que o risco de quebra de instituições financeiras já ficou para trás. Também é importante lembrar que os bancos brasileiros têm sido punidos pelo mercado injustamente. Instituições como o Bradesco e o Itaú estão em um momento bom e não têm exposição à Europa.
Mas quando os países europeus estiverem a salvo, a bolsa como um todo tende a andar bem. De empresas de commodities a construtoras, há muitos setores que vão se beneficiar. Eu acho que a bolsa poderia voltar para uns 67.000 pontos ou até mesmo para os 70.000 pontos a partir do momento em que o mercado passe a esperar a iminente recuperação europeia.
Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ativa
Um grande ajuste na Europa beneficiaria todo mundo, mas como a solução do problema virá por partes, acho que a recuperação nas bolsas também será lenta. É por isso que eu acharia prematura partir para as ações mais arriscadas. O investidor que tem perfil de longo prazo deve continuar nas ações mais defensivas mesmo quando a recuperação começar porque a confiança não voltará de uma vez. Eu preferiria as empresas de telecomunicações, energia, varejo e de gigante nacionais, como a Vale e as siderúrgicas.
Flavio Sznajder, sócio-gestor da Bogari Capital
Quando a recuperação vier, os bancos e as commodities vão se valorizar. Os bancos estão muito baratos porque o investidor estrangeiro não entende por que o Bradesco ou o Itaú devem ser negociados a duas vezes o valor patrimonial enquanto no mundo inteiro há excelentes instituições financeiras sendo negociadas por menos que o patrimônio líquido. Mas os bancos brasileiros são muito bons e, no longo prazo, haverá uma convergência entre preço de mercado e valor intrínseco. Também gosto muito das ações da Redecard, da Cosan e da Brasil Insurance.