São Paulo - Desde junho do ano passado os investidores não viam a bolsa brasileira fechar um mês com queda acumulada no período, mas em janeiro de 2010, o resultado negativo voltou à cena. A baixa acumulada pelo Ibovespa no primeiro mês do ano foi de 4,65%, motivada principalmente pela fuga em massa de capital estrangeiro - 1,985 bilhão de reais foram retirados até o dia 27, com resultados negativos também nos dois dias seguintes. O fenômeno foi uma reação dos investidores a notícias preocupantes vindas dos Estados Unidos e da China e à situação desconfortável de algumas economias européias. Diante desse cenário, os analistas mantiveram o foco de suas carteiras recomendadas para fevereiro em ações de empresas voltadas para o mercado interno, para fugir da volatilidade externa que ainda deve perturbar a bolsa no curto prazo.

Dos Estados Unidos também vieram informações que geraram insegurança e afetaram o desempenho da bolsa brasileira. No fim de janeiro, o presidente americano Barack Obama anunciou a possibilidade de uma nova legislação para limitar a atividade de grandes bancos, considerados os principais causadores da crise financeira de 2008. Entretanto, ainda sem formato definido, a legislação segue em debate, e deixa uma possibilidade, ainda que remota, de desmantelamento de algumas instituições atualmente em operação.

Aposta no consumo

Especialistas da corretora Planner lembram que as recentes notícias de problemas de liquidez na Grécia, Portugal e Espanha também podem contribuir com o clima de insegurança no mercado internacional. Nas últimas semanas, notícias sobre o aumento do déficit fiscal na Grécia trouxeram preocupação aos investidores. O quadro se intensificou com o desenrolar das dificuldades financeiras enfrentadas pelo mercado de títulos nos países ibéricos. De acordo com os analistas do HSBC, a percepção de risco soberano na Europa ainda permanece elevada. As incertezas devem permanecer enquanto os mercados aguardam uma possível intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), oferecendo a estes países uma ajuda financeira de curto prazo.

Diante da expectativa de mais turbulência, as corretoras posicionaram suas carteiras em papéis de empresas com atividade mais voltada para a economia interna. Apesar da expectativa de um possível aperto monetário para manter a inflação sob controle, os analistas confiam no bom desempenho da economia brasileira, principalmente no primeiro semestre. Papéis de bancos como o Itaú Unibanco e o Banco do Brasil devem se beneficiar dos indicadores favoráveis e foram mantidos nas carteiras. Ações de companhias que atuam no varejo, como Lojas Americanas e Pão de Açúcar também compõem as indicações.

(Continua)
 

Apesar da insegurança com relação à política monetária na China, os analistas mostram confiança na continuidade do desenvolvimento econômico desse país. No último trimestre de 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês registrou o surpreendente crescimento de 10,7%. Assim, as recomendações para fevereiro também demonstram otimismo com setores cíclicos, especialmente os atrelados ao bom desempenho da economia chinesa. Dentre os principais setores estão os de commodities, minérios, metais, papel e celulose. As ações da Vale, por exemplo, que em janeiro sofreram com a aversão dos investidores ao risco, continuam no portfólio de 10 das 11 corretoras ouvidas pelo Portal Exame.

Veja as carteiras recomendadas por 11 corretoras para fevereiro: