Andries Oudshoorn (à esquerda) e Marcos Leite, da OLX: plataforma quer conectar todos os parceiros | Foto: Leandro Fonseca/EXAME (Leandro Fonseca/Exame)
Bianca Alvarenga
Publicado em 22 de agosto de 2021 às 08h20.
Última atualização em 30 de agosto de 2021 às 18h16.
A aquisição do Grupo ZAP, que reúne as marcas ZAP Imóveis e Viva Real, pela OLX Brasil, em março do ano passado, criou o maior marketplace de imóveis do país. Somadas as três plataformas, são mais de 16 milhões de anúncios, 30 milhões de usuários e 50.000 imobiliárias cadastradas.
O poder de alcance do ZAP+, como foi batizada a nova empresa, foi um dos principais fatores considerados pelos donos da OLX, o grupo Naspers, da África do Sul, e o norueguês Schibsted, para desembolsar quase 3 bilhões de reais pelo Grupo ZAP. O ativo apresentava uma enorme e rica base de dados de clientes, tanto de donos de imóveis quanto de pessoas que desejam trocar de casa.
“Somos o maior ecossistema imobiliário do mercado brasileiro. Além das três marcas, temos várias ferramentas estratégicas, como o DataZAP+, que é a maior e mais abrangente fonte de inteligência de mercado, com mais de 20 anos de dados do setor imobiliário brasileiro”, conta Marcos Leite, diretor geral do ZAP+.
Com a aprovação definitiva da operação, em novembro de 2020, era hora de pensar em estratégias para transformar o alcance dos anúncios em novas soluções para os milhões de clientes que acessam o portal em busca de um imóvel, mas que ainda enfrentam uma longa jornada até o momento de retirar as chaves.
Afinal, ter um enorme marketplace de imóveis pode ficar aquém do potencial para gerar valor se o processo de compra ou aluguel acontece totalmente fora da plataforma. O executivo do ZAP+ diz que a escolha do lar, por meio do anúncio, é só o primeiro passo de um longo caminho que pode durar até 14 meses para a compra de um imóvel.
Em entrevista exclusiva à EXAME Invest, Marcos Leite falou dos planos do grupo para a transformação de uma vitrine de anúncios em um marketplace de serviços relacionados à moradia. Leia abaixo trechos da conversa:
Como foi a união entre OLX e Grupo ZAP?
Parte do meu trabalho como CEO da OLX era o de estruturar uma nova estratégia para as áreas de imóveis e automóveis. Fizemos a aquisição do Grupo ZAP, que foi concluída no ano passado, e desde então eu assumi a liderança do ZAP+, que reúne OLX Imóveis, ZAP Imóveis e Viva Real.
Agora somos o maior ecossistema imobiliário do mercado brasileiro. Além das três marcas, temos várias ferramentas estratégicas, como o DataZAP, que é a maior e a mais abrangente fonte de inteligência de mercado, com mais de 20 anos de dados do setor imobiliário brasileiro.
Como o senhor avalia a evolução do mercado imobiliário?
O mercado brasileiro ainda é cinco vezes menor do que o da Espanha, da França ou da Rússia. Temos uma oportunidade grande de digitalizar a oferta de imóveis e para isso é importante que as pessoas entendam que é necessário "estar online" para alavancar vendas.
Pode parecer uma obviedade dizer que um anúncio digital ajuda a concretizar a venda de um imóvel mais rapidamente, mas precisamos lembrar que o Brasil é maior do que as grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Boa parte do país ainda está "offline". Queremos trazer esse público para nossa plataforma.
Qual o próximo passo, depois de fortalecer o marketplace do ZAP+?
A jornada de compra de um imóvel pode levar até 14 meses para ser concluída. Depois de encontrar a casa certa, a primeira coisa em que o cliente pensa é: será que consigo pagar por esse imóvel? No fim das contas, o financiamento acaba sendo a parte mais importante da maioria das transações.
Atualmente, temos parcerias com os bancos Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) para oferecer aos nossos usuários uma ferramenta de simulação de financiamento nos anúncios. Nós enviamos esses dados aos bancos, para que eles possam oferecer o crédito.
Mas isso é só o começo, ainda há um longo caminho para melhorarmos a experiência do cliente. Queremos usar nossa inteligência de dados para levar o cliente certo para o financiamento certo, e para dar alternativas caso ele não seja aprovado.
Não queremos ser a empresa que concede o crédito. Somos a plataforma que conecta os compradores a todos os parceiros, sejam bancos, sejam fintechs, usando inteligência de dados para fazer isso da melhor forma.
Os bancos têm aumentado os juros do financiamento habitacional. O senhor acredita que isso deve impactar as vendas?
Apesar de as taxas estarem aumentando, quando olhamos para O histórico, ainda são juros baixos. Ainda está fazendo bastante sentido comprar um imóvel. Embora a inflação esteja pressionando o custo dos imóveis novos, os preços ainda estão atrativos. As oportunidades continuam melhores para o comprador do que para o vendedor.
Como o senhor avalia o segmento de locação de imóveis?
A demanda por aluguéis continua bem aquecida, e nós temos planos para oferecer serviços para esse público, em vez de continuar somente oferecendo os anúncios. Queremos ter, em breve, a opção de garantia locatícia para nossos 30 milhões de usuários.
Nós sabemos que outros players já contam com esse serviço, mas pelo volume de usuários e a capilaridade dos anúncios do ZAP+, conseguiremos ter a melhor garantia locatícia do mercado brasileiro. É uma parte importante da nossa estratégia, então estimamos que em 24 meses o produto será duas vezes maior do que o de qualquer outro player do mercado.