Companhia diz que Carnaval manteve impulso comercial da operção de cervejas no Brasil (Divulgação/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 4 de maio de 2023 às 06h30.
Última atualização em 4 de maio de 2023 às 13h50.
Pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2020, período que marcou a chegada da Covid-19 no Brasil e diversos países do mundo, o volume vendido pelo consolidado das operações da Ambev (ABEV3) caiu. No primeiro trimestre de 2023, o cenário macroeconômico mais deteriorado nos países da América do Sul e da América Central e Caribe levou a cervejaria a reportar queda de 0,4% no volume total (44 milhões de hectolitros), mesmo com estabilidade do volume de cerveja no Brasil e crescimento em bebidas não alcoólicas e nas operações no Canadá.
Os primeiros três meses da Ambev foram de menos expansão e mais retorno à rentabilidade, embora os custos de alumínio e cevada ainda tenham surpreendido e pressionado negativamente. No período, o lucro líquido da companhia avançou 8,2%, para R$ 3,82 bilhões, ou R$ 3,70 bilhões, se considerado o lucro atribuído aos controladores.
A receita da companhia cresceu 11,3% no reportado ou 26,5% em números orgânicos, para R$ 20,53 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 6,44 bilhões, um avanço de 16% ou de 39,9% em termos orgânicos. Houve também melhora nas margens, que ainda não retomaram ao período prá-pandemia, mas seguem em expansão: a margem bruta chegou a 50,7%, 1,8 ponto percentual a mais e margem Ebitda avançou 1,4 pinto percentual, para 31,4%.
A necessidade de mudar o faseamento da compra de matéria-prima e o maior nível de estoques afetando o contas a pagar fizeram com que o fluxo de caixa livre da companhia passasse para o campo negativo no primeiro trimestre de 2023. Em 2022, era R$ 519,8 milhões positivos e foi para R$ 576 milhões negativos. Também pesou a maior participação de imposto de renda retido na fonte sobre juros sobre o capital próprio (JCP).
O patamar elevado dos juros no Brasil e a exposição cambial de toda a operação fizeram com que o resultado financeiro da Ambev também se deteriorasse, indo de R$ 596,7 milhões em despesas financeiras líquidas para R$ 997,9 milhões.
No total da operação brasileira, que responde por mais da metade do negócio do grupo, o volume vendido cresceu 2,5%,, sendo +0,8% em Cerveja e +7,3% em bebidas não alcoólicas, para 22 milhões de hectolitros e 8,12 milhões de hectolitros, respectivamente.
"O 'momentum' no nosso negócio continuou, liderado mais uma vez pelo Brasil. O desempenho foi impulsionado por nossa execução comercial durante o primeiro Carnaval completo pós-pandemia e por marcas mais saudáveis, à medida a que superamos um forte primeiro trimestre em que a obrigatoriedade do uso de máscaras foi suspensa no país", diz a direção da companhia em seu comentário, acrescentando que não houve perda de participação de mercado dos dois negócios no período.
Praticamente estável, o segmento de cerveja, seu principal negócio, registrou aumento de 13,5% em receita por hectolitro (a medida corresponde a 100 litros). Esse avanço foi impulsionada pelo carrego dos aumentos de preços e o que a companhia chama de iniciativas de gestão de receita, especialmente durante o Carnaval.
Também houve impacto positivo do mix de produtos, com os rótulos premium avançando 35%, capitaneados por marcas como Original, Corona e o Chopp Brahma, consumido especialmente nos bares e para o qual a companhia lançou ontem um novo formato: em lata. No mesmo período, a principal concorrente, a Heineken Brasil, reportou um avanço de algo em torno de 25% de receita e um dígito alto (algo em torno de 8% a 9%) de volumes no país.
O custo no entanto seguiu em tendência de alta. Excluindo amortização e depreciação, o custo por hectolitro cresceu 14,5%, bem acima da projeção da companhia para o total de 2023. A empresa estima que esse indicador apresente crescimento entre 6% e 9,9% para o negócio de cerveja no Brasil.
Outro destaque da operação no Brasil foi a plataforma Zé Delivery. O volume total de vendas (GMV) cresceu 5%, e o total de usuários cresceu 9% (atingindo a média de 5 milhões de usuários ativos por mês). Também houve alta de 16% em valor médio por encomenda. Já o marketplace da plataforma BEES, de venda aos pontos comerciais, chegou a 77% da base de clientes, hoje emtorno de 1 milhão de cadastros.