Casas Bahia: principal marca da Via (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de julho de 2022 às 09h06.
Última atualização em 11 de julho de 2022 às 18h37.
A Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, definiu o pagamento de até R$ 105 milhões a diretores e conselheiros para o exercício social deste ano. A quantia é 35% superior à remuneração de R$ 77,83 milhões acordada no ano passado.
O aumento em relação ao ano anterior foi aprovado em assembleia geral extraordinária, mesmo com a piora contábil do balanço da empresa.
Nos últimos 12 meses findos em março (data dos últimos dados divulgados), a Via teve prejuízo líquido de R$ 459 milhões, impactado por provisões por despesas trabalhistas, contra R$ 1,17 bilhão dos 12 meses findos em março de 2021. Na bolsa, as ações da Via acumulam 83% de queda em relação ao mesmo período do ano passado.
A maior remuneração acordada, de R$ 96,1 milhões, foi reservada aos cargos de diretoria estatuária, composta por cinco integrantes, tendo entre eles Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, e outros quatro vice-presidentes. Os R$ 8,9 milhões restantes serão destinados aos membros do Conselho de Administração.
A assembleia geral que definiu a remuneração aos executivos teve a participação de somente 35% do capital da empresa, sendo que dos presentes, apenas 67% votaram a favor. Ou seja, a remuneração teve anuência de menos de 25% do capital da Via.
A parcela destinada aos diretores será divida em remuneração fixa (9,6%), variável (37,8%) e baseada em ações (52,5%). O maior valor pago pela Via em 2021 a um diretor foi de R$21,4 milhões, enquanto a remuneração média da diretoria estatuária ficou em R$ 11,4 milhões.
À Exame, a Via encaminhou uma nota a respeito do novo pacote de remuneração:
"A Via esclarece que aproximadamente 90% se referem à remuneração variável. Esse tipo de remuneração é condicionada ao atingimento de resultados e sua parte mais significava depende totalmente da valorização das ações da Companhia na B3. Assim, o valor total aprovado em assembleia para 2022 é um teto global máximo de remuneração da Administração.
Apenas 34% dos valores publicados de 2021 correspondem ao montante efetivamente pago. A maior parte do montante de remuneração esteve atrelada a incentivos de longo prazo. O valor das ações sofreu nos últimos 12 meses uma queda de cerca de 80%. Para que os executivos efetivamente recebam os valores provisionados ao longo do tempo, será necessária uma expressiva valorização da ação ao longo dos próximos anos. Ainda assim, os planos de incentivo aprovados pela Assembleia e Conselho desde 2019, devem ser lançados contabilmente a partir da concessão das opções, e, consequentemente, devem constar do pacote global de remuneração."