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Venda de ações da Cesp sem privatização é mau negócio, diz Unibanco

Segundo a instituição, cotações podem despencar, já que dificilmente o governo conseguiria um preço justo para os papéis

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h11.

O governo fará um mau negócio se decidir vender somente parte das ações que detém da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), de forma a mantê-la estatal. A avaliação é do Unibanco, que nesta segunda-feira (8/9) divulgou relatório afirmando que a operação não traria benefícios nem para o governo, nem para os minoritários.

De acordo com a instituição, o governo enfrentaria grande dificuldade para conseguir um preço justo para os papéis, principalmente após o fracasso da privatização. Assim, as ações da companhia(CESP6), que na última semana recuaram 20%, para 20,69 reais, poderiam cair ainda mais, para a faixa entre 15 e 20 reais. Além disso, no caso de venda de apenas parte das ações em poder do governo, os minoritários não teriam direito a tag along(recebimento de, no mínimo, 80% do valor pago aos acionistas controladores), já que não haveria troca de controle da empresa.

Caso esse cenário se confirme, o Unibanco afirma que retirará sua recomendação de compra para os papéis e reduzirá sua projeção de valorização, que atualmente é de 59,5 %, com um preço-alvo de 33 reais.

Informações desencontradas

A discussão sobre a renovação das concessões das hidrelétricas Jupiá e Ilha Solteira ganhou força nos últimos dias com a publicação de diversas reportagens sobre o assunto. As duas usinas respondem por quase 70% da capacidade geradora da Cesp e, por isso, a renovação dos contratos, que vencem em 2015, tornou-se essencial para o sucesso da privatização da companhia.

Na última sexta-feira (5/9), o jornal O Estado de S.Paulo afirmou que ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou duas possibilidades para a questão: ou o estado de São Paulo devolve para a União as duas usinas, ou a União renova as licenças, mas faz uma "concessão onerosa", modelo no qual a União cobra um bônus do estado.

Ontem, foi a vez da Folha de S.Paulo publicar matéria sobre o assunto. De acordo com o jornal, a ministra Dilma e o governador de São Paulo, José Serra, teriam chegado a um acordo. O governo federal prorrogaria as concessões das duas usinas mediante a desistência da privatização da companhia. O governo paulista poderia vender as ações da Cesp até um certo limite, de forma a garantir que ela continue sendo estatal.

Nesta segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, negou que tenha sido fechado um acordo para a renovação das concessões. "Não foi feito acordo. O que existe é que o governo federal tem estudado as leis das concessões, porque tem havido um levantamento sobre a renovação das concessões e como isso se dará. Há um grupo de trabalho avaliando isso", disse Zimmermann à Agência Estado durante o 1º Seminário EXAME de Energias Renováveis, em São Paulo. "Você não pode dar um tratamento para cada empresa. Você tem que tratar o setor como um todo. Não pode tomar medidas privilegiando uma empresa em detrimento das outras."

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