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Vale puxa alta, e Ibovespa se reaproxima dos 109 mil pontos

Comentários de Trump sobre taxar aço e alumínio brasileiro tiveram pouco efeito sobre as ações das siderúrgicas, que tiveram dia positivo na bolsa

Ibovespa: principal índice da Bolsa sobe puxado pelas ações da Vale, (Bruno Rocha/Fotoarena)

Ibovespa: principal índice da Bolsa sobe puxado pelas ações da Vale, (Bruno Rocha/Fotoarena)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 18h37.

Última atualização em 2 de dezembro de 2019 às 19h38.

O comentário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar o aço e o alumínio do Brasil e da Argentina passou batido pelos investidores. A notícia foi ofuscada pelo otimismo com a mineradora Vale, que, pela primeira vez desde o acidente de Brumadinho, em Minas Gerais, divulgou projeções para a produção de minério de ferro. Com alta de 2,72% dos papéis da mineradora, o Ibovespa subiu 0,64% para 108.928 pontos, nesta segunda-feira (2), ficando próximo ao patamar de 109 mil pontos.

A mineradora anunciou, em Nova York, que deverá produzir algo entre 340 milhões e 355 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020. Para o ano seguinte, a estimativa é de uma produção entre 375 milhões e 395 milhões de toneladas, de acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Vale estima ainda que vai investir 5 bilhões de dólares em 2020 e 2021. Além disso, as despesas de parada devem recuar de 900 milhões de reais, em 2019, para 500 milhões de reais em 2020 e 180 milhões de reais em 2021.

Não à toa, as ações da Vale tiveram um giro financeiro de 1,2 bilhão de reais, volume bem acima da média para os papéis, de acordo com Luis Sales, analista da Guide. "O mercado se animou", afirma o especialista.

Outro empurrão para a alta da bolsa foi a melhora da atividade industrial na China que injetou alguma dose de otimismo no mercado. No país asiático, o índice PMI divulgado mostrou que o ritmo de crescimento da indústria é o melhor em quase três anos. 

“Os dados reforçaram a mensagem de que o risco de recessão das principais economias globais tem se tornado cada vez menor”, afirmou o time de analistas da XP Investimentos em relatório a clientes.

Por aqui, o volume de produção do setor aumentou, em novembro, pelo quarto mês consecutivo, sustentado, principalmente, pela maior demanda interna. Contudo, o superávit da balança comercial no período foi o menor desde 2015, ficando em 3,428 bilhões de dólares - ainda assim, em linha com as expectativas.

Além disso, as varejistas começaram a semana em ritmo de forte alta, com expectativa de que o setor teve fortes vendas na Black Friday. O destaque ficou para a B2W e Via Varejo que subiram, respectivamente 4,37% e 4,09%. A alta da Via Varejo é a oitava consecutiva. Na última semana, a empresa das marcas Casas Bahia e Pontofrio se valorizou 12,09%. 

No setor, os papéis da C&A subiram 2,33%, os das Lojas Americanas, 2,02% e os da Renner, 1,16%. Por outro lado, as ações da Marisa recuaram 3,58% e os da Magazine Luiza, 0,24%.

Por sua vez, as ações das siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau que abriram em queda, nesta segunda, encerraram o dia em alta — de 5,73%, 2% e 2,65%, respectivamente. "Com a queda, os investidores aproveitaram para aumentar suas posições", diz. A explicação é que, apesar de negativo, um possível aumento de tarifas teria efeitos limitados, já que os Estados Unidos não são os melhores clientes do Brasil, segundo o economista-chefe do banco digital Modalmais, Álvaro Bandeira.

.....Reserve should likewise act so that countries, of which there are many, no longer take advantage of our strong dollar by further devaluing their currencies. This makes it very hard for our manufactures & farmers to fairly export their goods. Lower Rates & Loosen - Fed!

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 2, 2019

Para economista sênior da XP Investimentos, Marcos Ross, o impacto deve ser limitado. Isso porque esses produtos representam apenas 1,7% das exportações totais do Brasil para todos os países. Para ele, a declaração de Trump é uma tentativa de angariar o apoio político dos produtores de aço e alumínio dos EUA.

Entre as companhias de proteína animal, a Minerva voltou a liderar na Bolsa. A ação da empresa, apreciou-se mais 4,76% nesta segunda, após um de seus frigoríficos ser liberado para exportar carnes para a Rússia. 

A notícia foi bem recebida pelos analistas da Guide, que, em relatório, disseram que o fato deve ser um dos principais gatilhos para a valorização dos papéis da Minerva no curto prazo, “apesar da capacidade de abate pequena do frigorífico habilitado”. Em novembro, o papel acumulou alta de 42,17%.

No segmento, somente as ações da Marfrig acompanharam a alta, valorizando-se 1,4%. Enquanto isso, os papéis da JBS caíram 0,98% e os da BRF, 0,49%. 

A maior baixa do Ibovespa, porém, ficou a cargo da Qualicorp, que recuaram 2,72%, após valorização de 15,36% no último mês e 4,19% na semana passada. 

 

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