Schvartsman: não vamos usar dinheiro para outra coisa além de pagar muitos dividendos (Divulgação/Klabin/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 18 de maio de 2018 às 16h27.
(Bloomberg) -- A Vale, que já foi a pagadora de dividendos mais generosa entre as principais empresas de mineração, pode recuperar esse status enquanto seu presidente, Fabio Schvartsman, aproxima a companhia das metas de redução de dívida e evita acumular caixa ou apressar negócios.
Como outros do setor, a maior produtora de minério de ferro e níquel cortou dividendos para se defender de uma crise de commodities que afetou seu lucro e elevou as métricas de dívida. Com os preços se recuperando à medida que a oferta se equilibra, os produtores voltam a recompensando os acionistas. Em março, a Vale aprovou um plano para começar a pagar pelo menos 30% dos lucros antes dos itens menos os investimentos sustentáveis. No primeiro trimestre, isso significou US$ 1 bilhão.
A nova política estabelece pagamentos mínimos, o que significa que a Vale pode ir muito além do que a fórmula estabelece, de acordo com Schvartsman, em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York nesta sexta. Assim que atingir sua meta de endividamento de US$ 10 bilhões no final deste ano, ele se concentrará em distribuir mais dinheiro aos acionistas.
"Por enquanto, não vamos usar dinheiro para outra coisa além de pagar muitos dividendos", disse ele. "Será o mínimo estipulado na política, mas possivelmente muito mais alto que isso."
Agora, Schvartsman está protelando grandes investimentos em minas de níquel no Canadá e na Nova Caledônia para evitar os erros do passado. Essa é uma boa notícia para os acionistas que buscam maior benefício imediato da recuperação do setor.
"Alocação de recursos é tudo nesta indústria", disse ele. "Eu não quero ter caixa na empresa porque pressiona todo mundo na decisão errada."
Sobre a guerra comercial entre as maiores economias do mundo, Schvartsman diz que tudo parece ser mais um ruído do que algo sério que prejudicaria o crescimento global. Se as barreiras se instalarem, irão afetar o crescimento e o lucro da Vale, ele diz. Mas isso não parece provável. "Se elevarem as barreiras, será negativo para todos", incluindo fornecedores globais como a Vale.