Negócios

Vacina e eleições: alta das empresas de tecnologia tem limite, diz Goldman

A expectativa de uma vacina contra a Covid-19 e o potencial de uma vitória democrata nas eleições nos EUA podem levar a uma reversão da sorte para o setor

Amazon: ao lado de Apple, Facebook e Samsung, é uma das empresas em alta na bolsa durante a pandemia (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Amazon: ao lado de Apple, Facebook e Samsung, é uma das empresas em alta na bolsa durante a pandemia (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 09h07.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 11h31.

O Goldman Sachs reforça o coro de investidores e estrategistas que alertam sobre uma mudança iminente na liderança do mercado. Segundo o banco, uma série de mudanças políticas e econômicas deve frear o desempenho de ações de tecnologia e impulsionar papéis que ficaram para trás no rali, como de bancos e montadoras.

O aumento dos rendimentos dos títulos, a expectativa de aprovação de pelo menos uma vacina contra a Covid-19 neste ano e o potencial de uma vitória democrata nas eleições nos Estados Unidos em novembro podem levar a uma reversão da sorte para o setor que tem sido o vencedor do mercado acionário na pandemia, segundo análise da equipe que inclui Peter Oppenheimer divulgada na quinta-feira.

Estrategistas cortaram a recomendação para ações tecnologia para “neutra” e elevaram papéis de bancos e de montadoras para “overweight”. Também rebaixaram a recomendação para ações de alimentos, bebidas e tabaco para “underweight”.

“Nos próximos meses, esperamos algumas mudanças políticas e econômicas que apoiem ​​uma rotação temporária; e essas rotações podem ser bastante significativas”, escreveram os estrategistas. “As tendências seculares ainda favorecem crescimento ou ações defensivas de crescimento.”

Ações de tecnologia dispararam neste ano com a aposta de investidores na resiliência dos ganhos do setor e nos benefícios da tendência do trabalho remoto, enquanto bancos são desafiados pela redução dos juros para níveis recordes. O índice Nasdaq 100, com forte peso do setor de tecnologia, mostra alta de 37% no acumulado do ano, em comparação com queda de 35% do índice S&P 500 Banks.

O segmento bancário “é o setor mais sensível a juros e crescimento e, apesar dos baixos retornos subjacentes nos últimos anos, acreditamos que oferece valor excepcional”, escreveram os estrategistas. “Rebaixamos tecnologia para refletir nossa expectativa de um salto no curto prazo em valor.”

O Goldman se une a bancos como Citigroup ao recomendar ações de valor, que têm decepcionado investidores durante a última década.

Alexander Altmann, responsável de estratégia de negociação de ações para EUA do Citi, disse em conferência em Sydney nesta semana que as eleições dos EUA poderiam colocar ações de valor no foco mais uma vez.

Alguns investidores quantitativos dizem que a extensão dos ganhos para ações de crescimento as coloca sob risco de um “momento Minsky”, fenômeno em que um período de retornos consistentemente fortes gera imprudência entre investidores, que então se torna insustentável ​​e termina em colapso do mercado.

“Quando coisas ruins não acontecem por um longo tempo, as pessoas se sentem mais confortáveis”, disse George Mussalli, codiretor de investimentos e chefe de pesquisa de ações da Panagora Asset Management. “Não sabemos qual poderia ser o catalisador, a eleição poderia ser um catalisador, mas ninguém sabe.”

--Com a colaboração de Joanna Ossinger.

Acompanhe tudo sobre:Bancosempresas-de-tecnologiaGoldman Sachs

Mais de Negócios

Inflação nos EUA segue 'desconfortavelmente' alta, diz dirigente do Fed

Melhores e Maiores 2024: empresas listadas na premiação têm desempenho melhor que o PIB

Ele trocou a vida de concursado para comandar uma cafeteria. Hoje, fatura em torno de R$ 2 milhões

“Vamos desalavancar a companhia”, diz Gustavo Couto, CEO do Grupo Vamos

Mais na Exame