Geradoras de energia elétrica vão se beneficiar com aumento da demanda por energia (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2012 às 15h54.
São Paulo - No setor de energia elétrica, as empresas geradoras são as preferidas dos analistas. Em relatório de início de cobertura da Votorantim Corretora, os analistas Marcio Loureiro e Bruno Santos enxergam Tractebel, Cesp, AES Tietê e MPX com boas perspectivas para os próximos anos, principalmente pelo crescimento esperado na demanda. Entre as quatro, a Tractebel é a que tem as melhores expectativas de desempenho no mercado e é classificada como outperform (desempenho acima da média do mercado) pelos analistas. Cesp e MPX são recomendadas como marketperform (desempenho em linha com a média) e AES Tietê como underperform (desempenho abaixo da média).
Tractebel
A Votorantim Corretora inicia a cobertura da Tractebel (TBLE3) com preço-alvo de 44 reais por ação para dezembro de 2013. Marcio e Bruno destacam cinco pontos para apostar na empresa:
1. Capacidade consistente para continuar a expansão - a empresa já elevou 85% de sua capacidade com investimentos desde a privatização, em 1998;
2. Portfólio equilibrado entre ACR (Ambiente de Contratação Regulada) e ACL (Ambiente de Contratação Livre) - no ACR os negócios são firmados via leilão e no ACL a compra e venda é negociada livremente através de contratos bilaterais. De 2009 a 2013, a empresa terá aumentado 10 pontos percentuais sua participação em clientes no mercado livre;
3. Alavancagem reduzida combinando um sólido fluxo de caixa - a composição da dívida líquida teve queda de 1,2% no segundo trimestre de 2012, em relação ao primeiro trimestre, de 2.974 milhões de reais para 2.938 milhões de reais;
4. Alta distribuição de dividendos - para 2012, a empresa estima um pagamento de 55%;
5. Estratégia de desenvolvimento de projetos amparada pela controladora - as sinergias entre a Tractebel e a acionista controladora, GDF Suez, representam uma contínua força estratégia. Além disso a geradora se beneficia do know-how do grupo controlador.
Cesp
A corretora também passa a fazer a cobertura da Cesp (CESP6), com classificação de marketperform (desempenho em linha com o mercado) e preço-alvo de 38 reais por ação para dezembro de 2013. Em relação ao desempenho da empresa, Marcio e Bruno destacam o processo de desalavancagem da empresa, que reduziu sua dívida de 9,8 bilhões de reais em 2005 para os 3,9 bilhões de reais registrados no segundo trimestre de 2012.
Eles ressaltam ainda que a distribuição dos dividendos é um ponto forte, com a primeira parcela (de 160 milhões de reais) tendo sido paga em 26 de junho. Além disso, a boa localização da Cesp, na bacia do Rio Paraná, faz com que a produção de energia continue a ultrapassar a energia garantida.
A Cesp está em processo de privatização que, na opinião dos analistas, trará melhor governança corporativa, com menos influência política e melhor eficiência operacional.
O principal risco está nas mudanças repentinas no câmbio que podem afetar os resultados financeiros.
MPX
A geradora de energia elétrica de Eike Batista também foi classificada como marketperform, com preço-alvo de 14 reais por ação para dezembro de 2013. O principal ponto positivo destacado pelos analistas é o fato de a MPX (MPXE3) ter um negócio estruturado estrategicamente. Isto é, seus investimentos tiveram localizações bem escolhidas, logística eficiente e economias de escala. Além de contar com uma equipe de gestão experiente e do know-how do grupo EBX.
A favor da empresa conta também o fluxo de caixa estável e previsível das usinas termelétricas, com receita fixa de 1 567 milhões de reais. Os principais riscos estão nos atrasos recorrentes no incício das operações de projetos, que podem resultar em multas dos órgãos reguladores, e nas possíveis imposições de novas regras ambientais.
AES Tietê
A AES Tietê (GETI4) é a única das geradoras classificada como underperform (desempenho abaixo do mercado) e tem preço-alvo de 26 reais por ação para o fim de 2013. Para os analistas da Votorantim Corretora, a AES Tietê tem se beneficiado do contrato bilateral com a AES Eletropaulo, mas quando o contrato terminar, no final de 2015, a empresa terá dificuldades.
O contrato com a Eletropaulo fornece um fluxo de caixa constante e previsível para a empresa, o que permite que a dívida seja melhor administrada e que o desempenho do indicador de alavancagem seja bom. Além disso, enquanto o contrato estiver vigente, a empresa distribui dividendos acima de 35% de seu lucro líquido disponível para distribuição.
Além do futuro incerto sem o contrato com a AES Eletropaulo, os analistas colocam como risco também a exigência de expansão da capacidade em 15%. A empresa corre o risco de ser punida pelo órgão regulador e pelo Estado de São Paulo por não estar cumprindo as obrigações previstas na declaração de privatização.
Redução das tarifas
Nesta segunda-feira, as ações da Cesp têm forte queda refletindo a preocupação com o plano de redução de tarifas de energia elétrica do governo brasileiro que será detalhado amanhã. Na mínima do dia, as ações da Cesp chegaram a cair 5%, negociadas a 30 reais. Os papéis da Tractebel e da AES Tietê também operam em baixa no pregão de hoje.
Em seu pronunciamento oficial para o 7 de setembro, a presidente Dilma Roussef anunciou uma redução média de 16,2% nas tarifas de energia pagas pelo consumidor residencial e de 28% de redução para o setor produtivo. De acordo com Dilma, as mudanças, que serão detalhadas amanhã, entram em vigor no início de 2013.