Tombini e IBC-Br dao suporte a juros longos
Nos vencimentos curtos, a taxa do janeiro de 2013 apontava 7,07%, de 7,09% no ajuste de quinta-feira
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2012 às 10h38.
São Paulo - As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini , o dado do IBC-Br em linha com as expectativas e indicadores chineses podem dar tração às taxas de juros de longo prazo nesta segunda-feira, neutralizando o rumo negativo dos mercados externos na sexta-feira (12), quando era feriado no Brasil pelo dia de Nossa Senhora Aparecida. No dia, a agenda doméstica está esvaziada, enquanto a pesquisa Focus, apresentada nesta segunda-feira pelo Banco Central, tem alterações já contempladas nos níveis dos contratos futuros de juros. Externamente, os dados e balanços de grupos norte-americanos que serão divulgados contribuição para dar suporte ou não ao clima do dia.
Às 9h27, a taxa projetada no janeiro de 2017 indicava 8,79%, de 8,78% no ajuste de quinta-feira. Nos vencimentos curtos, a taxa do janeiro de 2013 apontava 7,07%, de 7,09% no ajuste de quinta-feira.
Em Tóquio, o presidente do BC quebrou o silêncio e falou. Tombini disse que o BC "não aboliu os ciclos econômicos", e que o BC poderá subir os juros, quando for preciso. "Nós iremos subir os juros, quando necessário", disse o presidente da autoridade monetária brasileira, segundo informações levantadas pela Agência Estado com três participantes de um café da manhã fechado para investidores em Tóquio, promovido pelo banco Itaú-BBA, como parte dos eventos paralelos ao encontro do Fundo Monetário Internacional. Apesar da afirmativa, Tombini passou a avaliação de que há tranquilidade de convergência para a inflação no próximo ano, quando deverá ficar ao redor da meta no terceiro trimestre de 2013. Mas o presidente do BC reiterou os números do Relatório Trimestral de Inflação, que mostram que essa convergência à meta não será linear.
Tombini também comentou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que mostrou que a economia brasileira cresceu em agosto pelo quinto mês consecutivo e apresentou o melhor desempenho em 17 meses. O IBC-Br registrou alta de 0,98% em agosto na comparação com julho, na série com ajuste sazonal. O resultado, segundo Tombini, representa uma expansão de 5,87% em termos anualizados. O PIB do BC foi divulgado na quinta-feira (11), após o fechamento do mercado e esta segunda-feira representa a primeira oportunidade de reação ao dado nas plataformas locais.
A reação do mercado conta com a ajuda do ambiente externo positivo, acalentado por dados de inflação branda e melhora das exportações da China. O índice de preços ao consumidor (CPI) da China subiu 1,9% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2011, numa variação pouco menor do que a taxa anualizada de 2,0% em agosto. A alta confirmou a previsão de 1,9%. Na comparação com agosto, o CPI apresentou ligeira alta de 0,3%. No âmbito do atacado, as notícias foram mais favoráveis. O índice de preços ao produtor (PPI) da China caiu 3,6% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2011, após um recuo de 3,5% em bases anuais registrado em agosto e uma projeção de declínio de 3,4% feita pelos economistas. O PPI recuou 0,1% em setembro ante agosto.
Já o superávit comercial chinês cresceu em setembro para US$ 27,67 bilhões, de US$ 26,7 bilhões em agosto, acima das expectativas de US$ 22,4 bilhões. O dado neutraliza o efeito da queda dos empréstimos no país, divulgado na sexta-feira (13), quando o exterior fechou com uma configuração negativa.
Voltando aos dados locais, o Relatório Focus, mostrou informações divergentes para a inflação. A expectativa para o IPCA passou por leve ajuste de 5,42% para 5,43%, para 2012, e caiu de 5,44% para 5,42% para 2013. Mas o grupo Top 5, que reúne os economistas que mais acertam as projeções, revisaram a projeção para o IPCA de 2013 4,99% para 5,27%, indicando que não corroboram com o diagnóstico do BC de cenário tranquilo para a inflação. A estimativa de crescimento do PIB recuou de 1,57% para 1,54% este ano e permaneceu em 4,00% para 2013.
Na semana, as atenções do mercado doméstico estarão concentradas, na divulgação da ata da última reunião do Copom, na quinta-feira. O documento deve esclarecer as razões que levaram o Banco Central a reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual. Além disso, serão conhecidos ao longo da semana também alguns indicadores de inflação importantes, referentes a outubro, como o IGP-10, na quarta-feira, e o IPCA-15, na sexta-feira.