Mercados

Startups querem quebrar hegemonia de bancos no mercado de câmbio

Algumas instituições não mostram sinais de enfraquecer o controle sobre o mercado

Empresas iniciantes dizem que os bancos podem ler os padrões de negociação para obter preços mais altos dos gestores de ativo (Gordan1/Getty Images)

Empresas iniciantes dizem que os bancos podem ler os padrões de negociação para obter preços mais altos dos gestores de ativo (Gordan1/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 08h20.

Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 11h24.

Mais de cinco anos desde que as negociações globais de câmbio foram contaminadas por um escândalo de manipulação, alguns bancos são mais dominantes do que nunca e não mostram sinais de enfraquecer o controle sobre o mercado eletrônico que movimenta 5,1 trilhões de dólares por dia.

Mas silenciosamente uma nova geração de startups está tentando romper essa hegemonia, mirando operações de câmbio voltadas a gestoras de ativos, fundos de pensão e companhias de seguros menores, mas com maior margem.

A empresa de análise de dados Coalition estima que a maior parte dos fluxos diários é entre bancos, e a maioria provavelmente permanecerá com as grandes instituições financeiras, como Citi, JPMorgan, Bank of America Merrill Lynch, HSBC e UBS, os quais, juntos, detêm quase 45% dos negócios globais com câmbio, acima dos cerca de 35% em 2012.

As empresas iniciantes dizem que os bancos podem ler os padrões de negociação para obter preços mais altos dos gestores de ativos, que, por outro lado, deveriam economizar milhões de dólares por ano, até 50% nos custos de operação de câmbio, negociando diretamente entre si.

O custo da negociação depende de tamanho, moeda, liquidez e horário do dia. Para uma transação de 25 milhões de dólares em euro/dólar, um gestor de uma instituição de médio porte pode pagar um spread de 1 a 2 "pips" (equivalente a 5 mil dólares) para operar por meio de um grande banco.

Os bancos --que costumam usar as negociações de câmbio para obter negócios mais lucrativos, como produtos estruturados, soluções de hedge e serviços de tesouraria-- dizem que seu domínio e credibilidade lhes permitem oferecer aos clientes os melhores preços da maneira mais segura.

"Também podemos igualar mais liquidez internamente, permitindo garantir preços melhores para os clientes do que se tivéssemos sempre que ir ao mercado como as pequenas empresas precisam", disse Richard Anthony, chefe global de FX eRisk do HSBC.

No entanto, agora existem 80 ou mais plataformas de negociação de câmbio, com um ou dois lançamentos a cada ano, diz Marketfactory, uma empresa que oferece aos clientes uma interface para operar com elas.

Isso ocorre principalmente porque os custos de tecnologia, antes uma grande barreira à entrada nesse mercado, caíram, com o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) estimando que o desenvolvimento de uma plataforma de negociação custa entre 5 milhões e 10 milhões de dólares, contra o intervalo entre 100 milhões e 150 milhões de dólares no início dos anos 2000.

Um dos lançamentos esperados para este ano é o FX HedgePool, de Nova York. O fundador Jay Moore disse que os bancos incluem custos como transferência de crédito e risco de mercado, capital, tecnologia, taxas de plataforma e salários de funcionários em suas cotações.

"Buscamos reduzir significativamente esses custos, permitindo que as instituições obtenham liquidez umas das outras", disse Moore, que enfrentará concorrência de plataformas como a 24 Exchange, com sede em Londres, que começou a operar em agosto.

Acompanhe tudo sobre:BancosCâmbioHSBCMerrill LynchStartupsUBS

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado