Para 2013, é prevista uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% e um aumento do endividamento público de 129% (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2013 às 17h20.
Roma - A agência de classificação de riscos Standard & Poor's (S&P) anunciou nesta terça-feira a redução da nota da dívida soberana da Itália, que passou da 'BBB+' para 'BBB', com perspectiva negativa.
Em comunicado, a agência justificou o rebaixamento devido à 'piora das perspectivas econômicas' para a Itália, pois é prevista uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) este ano de 1,9% e um aumento do endividamento público de 129% para o final de 2013.
Esta é a primeira mudança da Standard & Poor's sobre a qualificação de risco da Itália desde 13 de janeiro de 2012, quando anunciou de modo conjunto o rebaixamento na nota de nove países da zona do euro e deixou a dívida italiana com um 'BBB+'.
A S&P afirmou hoje que o fraco crescimento econômico italiano provém 'em grande parte' da 'rigidez' do mercado de trabalho e de produtos da Itália, onde, segundo dados do Eurostat, o custo nominal por trabalhador cresceu mais nos últimos anos que em qualquer outro dos grandes países do euro.
Acrescentou que, 'como reflexo da deterioração da competitividade' da economia italiana, a parcela do mercado de bens e serviços global da Itália entre 1999 e 2012 foi reduzida em um terço.
Na justificativa da redução da nota figura também um canal de transmissão monetária 'danificado' e que as taxas de juros para empréstimos às empresas continuam acima dos níveis de antes da crise, apesar das distintas iniciativas adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE).
A agência de medição de risco alertou, além disso, que acredita que o objetivo de um déficit fiscal público de 2,9% para 2013 está 'em risco', dadas as diferenças existentes na coalizão do governo de centro-esquerda e centro-direita sobre as medidas fiscais.
Existe a possibilidade que a classificação da dívida italiana possa sofrer uma nova redução em 2013 ou 2014, sobretudo se o governo não conseguir implementar políticas que 'evitem que os indicadores fiscais piorem' além de suas expectativas e que enfrentem a 'rigidez' do mercado de trabalho, de produtos e serviços.
Após conhecer o rebaixamento da qualificação, o primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, abordou o assunto em entrevista na televisão pública 'Rai' e disse que isso demonstra que 'a situação continua complicada, que a Itália, com uma dívida tão alta, continua sendo supervisionada de modo especial'.
Por outro lado, fontes do Ministério da Economia italiano consultadas pelos meios de comunicação asseguraram que a decisão da agência de avaliação de riscos responde a fatos 'já superados', tem um olhar 'retrospectivo' e não leva em conta as medidas mais recentes adotadas pelo Executivo. EFE