Sócios da CPFL Renováveis vão à CVM contra State Grid
O Estado apurou que os acionistas questionam a forma como o preço foi recalculado pela chinesa e reclamam da demora do processo, que se arrasta desde 2016
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de julho de 2018 às 07h51.
Última atualização em 12 de julho de 2018 às 08h13.
Os minoritários da CPFL Renováveis - grupo que inclui grandes investidores como Pátria e BTG - protocolaram na quarta-feira, 11, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) carta contestando a nova oferta feita pela chinesa State Grid. No fim de junho, a controladora da CPFL Energia elevou de R$ 12,20 para R$ 13,81 o preço pelas ações da Renováveis - o que representa acréscimo de R$ 390 milhões ao preço original de quase R$ 3 bilhões.
O Estado apurou que os acionistas questionam a forma como o preço foi recalculado pela chinesa e reclamam da demora do processo, que se arrasta desde 2016. Um dos argumentos usados para derrubar a revisão do preço feita no mês passado é que a State Grid teria tentado alterar os fundamentos da justificativa de preço original e usado informações financeiras selecionadas. A acusação é que a empresa não teria feito os cálculos com base no IFRS (normas contáveis internacionais), que consolida os números de todas as controladas da companhia.
Além disso, a avaliação é que o atraso tem sido prejudicial aos acionistas minoritários, pois a correção monetária do preço da Oferta Pública de Ações (OPA) pela taxa Selic não representa proteção efetiva ao valor devido, não remunera o custo de oportunidade do capital investido e não atende às necessidades de liquidez. Procurada, a CPFL Renováveis não quis se pronunciar por estar envolvida no caso. Os minoritários também não quiserem comentar sobre a contestação feita na CVM.
Já o grupo chinês disse, em nota, que ainda não recebeu a contestação. "A State Grid reforça que o novo preço justificado atende plenamente às exigências do conselho da CVM e da regulamentação local. A State Grid segue estritamente todas as etapas do processo com transparência, boa fé e respeito."
Novela
A revisão do preço apresentada pela State Grid foi feita depois que o colegiado da CVM exigiu, no início de maio, ajustes nos cálculos. Na ocasião, a autarquia suspendeu a decisão de sua área técnica que definia preço mínimo de R$ 16,69 para a Oferta Pública de Ações (OPA) - o que significava algo em torno de R$ 1 bilhão a mais de desembolso da chinesa.
A State Grid foi responsável por uma das maiores transações do País em 2016, ao adquirir o Grupo CPFL Energia. Entre a compra do controle (da Camargo Corrêa) e das ações no mercado, a empresa desembolsou cerca de R$ 25 bilhões. O negócio também incluía a compra das ações da CPFL Renováveis, subsidiária do grupo de energia. Aí começou o conflito.
A chinesa oferecia R$ 12,20 para adquirir a participação no mercado, bem abaixo dos R$ 25 oferecidos aos minoritários da holding. Os acionistas da Renováveis não aceitaram a proposta e entraram com uma reclamação na CVM, que em fevereiro deste ano decidiu a favor dos minoritários ao estipular um limite de R$ 16,69 para a oferta. Essa definição, no entanto, foi derrubada pelo colegiado da autarquia, que pediu novos cálculos para a State Grid.