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Se dólar chegar a R$ 4,50, BC pode interromper corte da Selic, diz Itaú

Banco está revisando estimativa de PIB para 2019 de 1% para 1,2%; vetor do crescimento mais acelerado é a volta dos investimentos

Dólar: o atual patamar do câmbio, de 4,19 reais é reflexo de uma série de notícias negativas para o Brasil, segundo Mario Mesquita (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: o atual patamar do câmbio, de 4,19 reais é reflexo de uma série de notícias negativas para o Brasil, segundo Mario Mesquita (Gary Cameron/Reuters)

NF

Natália Flach

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 14h24.

São Paulo - Caso o dólar chegue a R$ 4,50, o Banco Central, pode interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros da economia, que hoje está em 5% ao ano. Essa é a opinião de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco. "Não é o cenário base que esperamos agora. Mas o nível de R$ 4,50 inviabiliza corte de juros, é o limite de tolerância", diz o executivo, em encontro com jornalistas na tarde desta terça-feira (3).

O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) volta a se reunir nos dias 10 e 11 deste mês para definir a nova Selic. A expectativa do mercado é que, na semana que vem, seja realizada uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic para 4.5% ao ano. "Esperamos que no início do ano que vem tenhamos mais dois cortes menores (de 0,25 p.p.) que levarão a Selic para 4% ao ano", acrescenta Mesquita.

Segundo o economista, o atual patamar do câmbio, de 4,19 reais (cotação das 14h) é reflexo de uma série de notícias negativas para o Brasil - desde o megaleilão da cessão onerosa, que ficou abaixo das expectativas, até turbulências políticas na América do Sul.

A boa notícia vem do produto interno bruto (PIB), que superou as estimativas do Itaú. O banco esperava uma alta de 0,5% no terceiro trimestre e veio um percentual maior, de 0,6%. "Ao colocar esse número na planilha, imediatamente a projeção para o aumento do PIB no ano passa para 1,2%. Fazia tempo que não pensávamos em revisar para cima as projeções", diz. Até então, o banco esperava um avanço de 1% na economia do país em 2019.

A explicação é a volta do investimento - que compensou o vetor do consumo, que cresceu menos do que o esperado. "O investimento voltou em função da política monetária e da redução de risco fiscal", acrescenta.

Apesar da perspectiva para 2019 ser de crescimento de 1,2%, "terminaremos o ano num ritmo de 2%". Para 2020, esse quadro deve se repetir. A expectativa de avanço do PIB é de 2,2%, no entanto, o ano deve terminar em um ritmo de 3%.

Os riscos para esse cenário vêm tanto do exterior, com incertezas de guerra comercial entre Estados Unidos e China, quanto do próprio país, em caso de atrasos na agenda de reformas.

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