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Saldo externo da Bovespa é o pior desde junho de 2013

Também representou um forte aumento frente a julho deste ano, quando a bolsa registrou o primeiro resultado negativo de 2015


	Bovespa: também representou um forte aumento frente a julho deste ano, quando a bolsa registrou o primeiro resultado negativo de 2015
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Bovespa: também representou um forte aumento frente a julho deste ano, quando a bolsa registrou o primeiro resultado negativo de 2015 (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2015 às 14h25.

O saldo externo na Bovespa ficou negativo em 3,3 bilhões de reais em agosto, o pior resultado em mais de dois anos, reflexo particularmente do aumento de incertezas com a China e deterioração das perspectivas macroeconômicas brasileiras.

O resultado marcou a maior saída líquida mensal de estrangeiros desde junho de 2013, quando o saldo negativo superou 4 bilhões de reais, de acordo com dados disponibilizados pela BM&FBovespa. Também representou um forte aumento frente a julho deste ano, quando a bolsa registrou o primeiro resultado negativo de 2015, com a saída líquida de 567,9 milhões de reais.

Para o chefe de estratégia de Investimento para América Latina e Ibéria da gestora BlackRock, Axel Christensen, as saídas devem continuar se os sinais da China continuarem a alimentar incerteza e seguirem as notícias locais adversas.

"No entanto, caso a situação na China estabilize e/ou o fronte local veja alguns sinais de melhoria, a percepção dos investidores poderia mudar e, assim, o sentido dos fluxos", afirmou o diretor-executivo da gestora à Reuters.

Ainda assim, Christensen pondera que, para investidores de portfólio, o mercado acionário brasileiro ainda apresenta um elevado grau de incerteza econômica e política, que são difíceis de precificar.

"Isso pode levá-los a adiar seus investimentos até que tais níveis diminuam ou, pelo menos, algumas mudanças de tendência sejam observadas." Dados recentes reforçando o cenário de desaceleração mais forte da China e o efeito negativo em preços de commodities afetaram mercados emergentes de modo geral, incluindo o Brasil.

Enquanto isso, no Brasil, a oficialização da entrada do país em recessão técnica no segundo trimestre e a apresentação de Orçamento de 2016 com previsão de déficit primário de 30,5 bilhões de reais deixaram investidores ainda mais apreensivos pelo risco perda do grau de investimento.

A partir do movimento dos credit default swaps (CDS) de 5 anos do país, o Credit Suisse destacou em nota a clientes nesta quarta-feira que investidores mostraram nos últimos dias que um eventual rebaixamento da nota do Brasil ainda não estava totalmente no preço.

No mercado futuro, contudo, houve um aumento na exposição de estrangeiros em contratos do Ibovespa, com a posição comprada líquida passando de 47.972 contratos em 31 de julho para 92.097 contratos em 31 de agosto.

Profissionais do mercado avaliam que o movimento pode refletir as chamadas operações "cash & carry", em que o investidor compra o índice futuro e vende as ações no mercado à vista.

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