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Remarcação de preço ganha força e eleva apostas em inflação alta

A demanda por títulos indexados à inflação está aumentando comparada com a procura por papéis prefixados à medida que operadores se protegem contra os aumentos dos preços

A inflação está ganhando força após superar a meta de 4,5% do governo pelos dois últimos anos e em meio a reajustes salariais acima de 10% (Marcelo Calenda/EXAME.com)

A inflação está ganhando força após superar a meta de 4,5% do governo pelos dois últimos anos e em meio a reajustes salariais acima de 10% (Marcelo Calenda/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2011 às 12h19.

Rio de Janeiro/Nova York - A remarcação de preços tem se alastrado pela economia brasileira com tal força que as Notas do Tesouro Nacional série B já indicam aumento nas apostas em taxas de inflação acima da meta do governo.

Varejistas elevaram os preços em 66 por cento dos mais de 400 produtos que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, usado como referência pelo governo, até meados de setembro, segundo o índice de difusão calculado pela Espirito Santo Investments. Em julho, o indicador apontou aumento em 53 por cento dos itens do IPCA.

A inflação está ganhando força após superar a meta de 4,5 por cento do governo pelos dois últimos anos e em meio a reajustes salariais acima de 10 por cento, disse Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do Banco Central.

A demanda por títulos indexados à inflação está aumentando em comparação à procura por papéis prefixados à medida que operadores tentam proteger suas carteiras contra os aumentos dos preços. A diferença entre as taxas das Notas do Tesouro Nacional Série F e das NTN-B, que revela a expectativa de inflação dos investidores, aumentou de 5,86 pontos percentuais para 6 pontos percentuais desde 31 de agosto, quando o BC inesperadamente cortou a taxa básica de juros. No México e no Chile, essa diferença caiu.

“O índice de difusão mostra que a inflação está cada vez mais se consolidando e criando uma enorme inércia”, disse Vieira da Cunha, sócio da Tandem Global Partners LLC, um fundo de hedge sediado em Nova York. “Está se chegando ao ponto em que a melhor medida da inflação de amanhã é a inflação de hoje.”

IPCA

O IPCA provavelmente subiu 0,54 por cento em setembro, a maior alta desde abril, de acordo com a estimativa mediana de uma sondagem da Bloomberg com 50 economistas. O índice será divulgado hoje. Segundo a pesquisa, a inflação em 12 meses deve ter subido para 7,32 por cento em setembro de 7,23 por cento em agosto.

O Comitê de Política Monetária baixou o juro básico em meio ponto percentual para 12 por cento em 31 de agosto, após cinco altas na Selic este ano, na reversão mais abrupta na política de juros desde 1999. O BC afirma que pressões “desinflacionárias” resultantes da desaceleração global vão ajudar a baixar a inflação para a meta até dezembro de 2012.

Os títulos indexados pelo IPCA subiram desde o fim de agosto, baixando as taxas dos papéis com vencimento em 2013 em 92 pontos-base, ou 0,92 ponto percentual, para 4,08 por cento ontem. Taxas de títulos prefixados de mesmo vencimento cairam 76 pontos-base para 10,51 por cento.


Inflação implícita


Após a inflação implícita medida pela diferença de rendimento entre os títulos prefixados e os atrelados ao IPCA ter chegado ao menor nível em nove meses de 5,1 pontos percentuais em junho, o indicador deu um salto para 6,53 pontos percentuais em 21 de setembro, o mais alto em três anos. A inflação implícita média do ano ficou em 5,8 pontos percentuais, comparado a 5,37 pontos em 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

As expectativas inflacionárias podem ter forte impacto psicológico em uma nação que tem memória da hiperinflação. O avanço de preços, especialmente de serviços, também é motivado pela indexação de aluguéis a tarifas de energia.

O Banco Central não quis comentar.

Enquanto mais lojistas sobem preços, outras partes da economia perdem fôlego em reação à demanda global mais lenta. A produção industrial caiu em agosto pela terceira vez em cinco meses. O Produto Interno Bruto se expandiu 3,1 por cento no segundo trimestre em relação a um ano antes, comparado a 4,2 por cento no primeiro trimestre e a 7,5 por cento no ano passado, quando o crescimento foi o mais acelerado em duas décadas.

Outros países

No mundo todo, operadores reduziram apostas de maior inflação em 2012 e 2013 nos últimos dois meses, diante de receios de que os Estados Unidos caiam novamente em recessão e a crise de dívida na Europa prejudique o crescimento global. Em Israel, onde no mês passado o banco central reduziu o juro básico pela primeira vez em dois anos, ainda assim a taxa implícita de inflação caiu para 1,85 ponto percentual, de 2,3 pontos. A meta de inflação em Israel varia de 1 por cento a 3 por cento.

A taxa implícita de inflação no México, onde a meta é de 3 por cento, caiu de 3,77 pontos percentuais para 3,57 pontos. No Chile, onde a meta é de 3 por cento, a inflação implícita caiu de 2,64 pontos percentuais para 2,51 pontos.

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