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Reeleição de Dilma recompensa bonds da Embraer

Motivo é a especulação de que o segundo mandato de Dilma resultará em um real mais fraco


	Hangar da Embraer: os US$ 540,5 milhões em bonds da Embraer com vencimento em 2023 deram um retorno de 2,2% desde 24 de outubro
 (Divulgação/Embraer)

Hangar da Embraer: os US$ 540,5 milhões em bonds da Embraer com vencimento em 2023 deram um retorno de 2,2% desde 24 de outubro (Divulgação/Embraer)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 13h55.

São Paulo - A reeleição da presidente Dilma Rousseff está rendendo para os detentores de bonds da Embraer SA.

Os bonds da fabricante de aviões estão gerando um retorno sete vezes maior do que o de suas rivais devido à especulação de que o segundo mandato de Dilma resultará em um real mais fraco, o que aumentaria a receita da empresa, que realiza 90 por cento de suas vendas em dólares.

Ao mesmo tempo, o programa de aviação regional da Dilma para ampliar o tráfego em aeroportos menores ajudará a impulsionar a demanda por jatos regionais e a aumentar a carteira recorde de encomendas da Embraer, de US$ 22,1 bilhões, disse Fábio Oliveira, que supervisiona R$ 17 bilhões na GPS Investimentos Financeiros em São Paulo.

“O impacto do câmbio sobre as receitas da Embraer é sentido imediatamente”, disse Oliveira, que prevê que o real cairá até 14 por cento no próximo ano após registrar o maior declínio da America Latina nos últimos seis meses. “O programa de Dilma também deve ajudar”.

Os US$ 540,5 milhões em bonds da Embraer com vencimento em 2023 deram um retorno de 2,2 por cento desde 24 de outubro, último dia de negociação antes do segundo turno da eleição mais apertada da história do país desde pelo menos 1945.

O retorno contrasta com um ganho de 0,3 por cento dos bonds de maturidade semelhante da Bombardier Inc., com sede em Montreal, e com um avanço de 0,4 por cento registrado por bonds de empresas industriais de países em desenvolvimento.

A assessoria de imprensa da Embraer disse que a “os bonds da Embraer tem níveis estáveis de comercialização, resultado da solidez demonstrada pela empresa em seus resultados e operação, que não passam por grandes flutuações”.

A Embraer têm o grau de investimento mais baixo da Moody’s Investors Service. A assessora de imprensa da Bombardier preferiu não comentar o desempenho dos bonds da empresa.

Despesas locais

Embora a Embraer, que tem sede em São José dos Campos, São Paulo, obtenha 10 por cento de sua receita em reais, a maior parte dela com contratos de defesa, cerca de 25 por cento dos custos são em reais, disse o diretor financeiro da empresa, José Filippo, ontem, em uma teleconferência com repórteres.

“Nesse balance nos temos uma vantagem de uma exposição maior em reais nos custos do que nas receitas”, disse Filippo. "Isso faz que com uma desvalorização do real, ela acaba efetando positivamente na diluição de parte desses custos". Ontem, o real caiu 2,4 por cento, para 2,5699 por dólar, seu nível mais fraco nos últimos nove anos.

O real teve uma depreciação de 13,3 por cento nos últimos seis meses e poderá cair para até 2,80 por dólar até o final de 2015, segundo Christian Lawrence, estrategista de câmbio do Rabobank em Nova York.

Vendas recordes

A Embraer disse em setembro que recebeu uma encomenda avaliada em US$ 2,1 bilhões da companhia aérea americana de voos curtos Republic Airways Holdings Inc. O acordo aumentou em 30 jatos a carteira de pedidos da Embraer no terceiro trimestre, para 476.

A Bombardier, principal concorrente da Embraer no mercado de jatos regionais, tem uma carteira de encomendas de 373 aviões, mostram dados compilados pela Bloomberg.

A Embraer, fabricante dos jatos executivos Legacy e da aeronave regional E-190, está tirando vantagem também da demanda crescente por voos de curta distância na Ásia e na África, disse Richard Aboulafia, analista aeroespacial da consultoria Teal Group, em entrevista por telefone, de Washington.

A empresa registrou um lucro liquido ajustado de R$ 214,6 milhões no terceiro trimestre, quase 50 por cento a mais do que a estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg.

A receita com investimentos em defesa subiu depois que a Embraer registrou seu primeiro contrato para construção de um novo avião de transporte militar, ajudando a compensar as vendas mais fracas de jatos comerciais e executivos e a manter uma receita pouco diferente em relação à do ano anterior.

“A empresa tem demonstrado controle sobre os custos operacionais, além de uma boa gestão de estoque”, disse Cristiane Spercel, analista sênior da Moody’s, em entrevista por telefone, de São Paulo. “Sua diversificação para jatos regionais e executivos e também para a área de defesa é positiva”.

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