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Recuperação à vista? Ofertas no mercado somam R$ 57 bi e vão ao maior volume mensal do ano

Montante alcançou R$ 290,5 bilhões nos nove primeiros meses de 2023 segundo a Anbima

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 14 de outubro de 2023 às 08h32.

Os primeiros sinais de recuperação do mercado de capitais estão dando as caras no volume de captação. As companhias brasileiras levantaram R$ 57,1 bilhões no mercado de capitais em setembro, o maior volume registrado no ano, com um crescimento de 23,1% na comparação com o mesmo mês de 2022, de acordo com os dados daAssociação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No acumulado dos primeiros nove meses do ano, o total de emissões chegou a R$ 290,5 bilhões, uma redução de 28% frente ao mesmo período do ano passado. Vale lembrar, no entanto, que a captação de R$ 33,7 bilhões da Eletrobras inflou os números de 2022.

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“Os dados reforçam a trajetória de recuperação gradual do mercado de capitais, com essa retomada sendo influenciada também pelo ambiente econômico com juros mais baixos”, afirmou José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em coletiva com jornalistas nesta semana.

Depois de três anos em alta, a Selic recebeu seus dois primeiros cortes a partir de agosto, e se encontra atualmente no patamar de 12,75% ao ano. A expectativa de Laloni é que a recuperação do mercado siga acelerando com a tendência de redução dos juros. O boletim Focus estima que a Selic encerre este ano em 11,75% ao ano.

Debêntures puxam a fila

As debêntures seguem liderando as captações no mercado. Em setembro, as ofertas somaram R$ 31,8 bilhões, contabilizando o maior volume mensal de 2023, e com alta de 46% ante o mesmo mês de 2022. No acumulado do ano, por outro lado, o volume de R$ 142 bilhões representa uma diminuição de 30,2% na comparação com o mesmo período de 2022. Cerca de 40,9% dos recursos captados foram alocados para capital de giro.

O setor de energia foi o que mais captou, com R$ 44,6 bilhões em emissões no ano, seguido por transporte e logística, que captaram R$15,95 bilhões. Saneamento aparece em terceiro lugar, levantando R$ 15,7 bilhões.

“Vale ressaltar também o alongamento do prazo médio de vencimento das debêntures, que passou de 6,1 anos nos primeiros nove meses de 2022 para 8,3 anos no mesmo período de 2023, refletindo uma maior confiança no mercado de capitais”, afirma Cristiano Cury, coordenador da comissão de renda fixa da Anbima.

Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) respondem pelo segundo maior volume de ofertas em 2023, levantando R$ 31,7 bilhões. O valor cresceu 3,5% na comparação com o mesmo período de 2022. Variação positiva também no caso dos fundos imobiliários e dos Fiagros que tiveram um aumento de 23,3% e 46,9%, respectivamente nas emissões, para R$ 16,4 bilhões e R$ 7,2 bilhões.

Na renda variável, houve ofertas subsequentes de ações ( follow-ons ) pelo sétimo mês seguido e o saldo de R$ 6 bilhões levantado em setembro representa uma alta de 133,8% na comparação com o mesmo mês em 2022. No acumulado do ano, no entanto, ainda há uma queda de 46,5% ante igual período em 2022: as emissões somaram R$ 29,3 bilhões.

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