Rebaixamento traz medo de Brasil perder grau de investimento
Hoje, o país tem nota Baa2 na Moody’s, dois graus acima do nível de investimento de alto risco
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 16h45.
São Paulo - O rebaixamento da nota de crédito da Petrobras para especulativo pela Moody’s ontem à noite traz de volta o receio de que o Brasil também venha a perder o chamado grau de investimento, nota que separa as aplicações consideradas de baixo risco das demais.
Hoje, o país tem nota Baa2 na Moody’s, dois graus acima do nível de investimento de alto risco.
A perda dessa nota de baixo risco teria impactos gravíssimos para o país, pois implicaria na redução do número de investidores que poderiam comprar papéis brasileiros e dificultaria ainda mais a rolagem do déficit externo, hoje superior a 4% do PIB ao ano.
A saída de dólares tenderia a aumentar a cotação da moeda americana frente ao real e o país teria de pagar juros mais altos para se financiar no exterior; por isso, hoje, dólar e juros estão em alta.
Esse receio afeta também os papéis de bancos na bolsa, um setor mais sensível à situação externa do país.
Para a corretora Guide Investimentos, o rebaixamento da Petrobras não chegou a ser uma surpresa, mas reacende o temor de rebaixamento do rating soberano, tanto que a presidente Dilma Rousseff e a equipe econômica devem se reunir hoje para decidir que estratégias tomar daqui em diante.
A percepção de risco com relação ao Brasil aumenta, o que explica a alta do dólar e dos juros e a queda da bolsa.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou evitar o rebaixamento, oferecendo uma “carta de conforto” para a Moody’s, garantindo que o governo socorreria a empresa em caso de necessidade, sem sucesso.
A Guide diz que a piora dos ratings das empresas brasileiras, especialmente uma estatal do porte da Petrobras, pode contaminar a nota de crédito do país.
A corretora lembra que o mercado já coloca em suas estimativas um risco mais elevado para o Brasil, mesmo considerando países com a mesma nota de crédito.
E Mauro Leos, analista sênior de crédito soberano da Moody’s, disse há uma semana que “há uma interconectividade alta da petroleira com a economia nacional”.
“Conter a depreciação do real e a alta dos juros futuros mais longos será mais difícil nos próximos dias”, diz o relatório da Guide.
Próximo passo é rebaixar o Brasil
Já o Bank of America Merrill Lynch destaca que o próximo passo deve ser o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
Dada a importância da Petrobras para a economia brasileira , o risco de rebaixamento da nota de crédito brasileira pela Moody’s parece mais provável, apesar de o país estar ainda dois graus acima do nível de investimento de risco, diz o Merrill Lynch em relatório.
Ou seja, mesmo perdendo um grau, o país ainda continuaria com o grau de investimento. O banco lembra que a Moody’s tem uma nota de Baa2 para o Brasil, com perspectiva negativa, que pode cair para Baa3.
O Merrill Lynch lembra ainda que a mudança de rating deverá ter impacto mais forte no mercado de títulos pelo porte da companhia e pelo tamanho da dívida negociada e que será atingida pelo rebaixamento, de US$ 55 bilhões.
O banco americano observa que outras agências também podem rebaixar a nota da Petrobras: a Fitch tem perspectiva negativa para o rating da estatal e a Standard & Poor’s tem perspectiva estável.
Mais força para Levy?
A notícia positiva é que a Petrobras não tem papéis com cláusulas (covenants) ligadas ao rating, lembra Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets.
São Paulo - O rebaixamento da nota de crédito da Petrobras para especulativo pela Moody’s ontem à noite traz de volta o receio de que o Brasil também venha a perder o chamado grau de investimento, nota que separa as aplicações consideradas de baixo risco das demais.
Hoje, o país tem nota Baa2 na Moody’s, dois graus acima do nível de investimento de alto risco.
A perda dessa nota de baixo risco teria impactos gravíssimos para o país, pois implicaria na redução do número de investidores que poderiam comprar papéis brasileiros e dificultaria ainda mais a rolagem do déficit externo, hoje superior a 4% do PIB ao ano.
A saída de dólares tenderia a aumentar a cotação da moeda americana frente ao real e o país teria de pagar juros mais altos para se financiar no exterior; por isso, hoje, dólar e juros estão em alta.
Esse receio afeta também os papéis de bancos na bolsa, um setor mais sensível à situação externa do país.
Para a corretora Guide Investimentos, o rebaixamento da Petrobras não chegou a ser uma surpresa, mas reacende o temor de rebaixamento do rating soberano, tanto que a presidente Dilma Rousseff e a equipe econômica devem se reunir hoje para decidir que estratégias tomar daqui em diante.
A percepção de risco com relação ao Brasil aumenta, o que explica a alta do dólar e dos juros e a queda da bolsa.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou evitar o rebaixamento, oferecendo uma “carta de conforto” para a Moody’s, garantindo que o governo socorreria a empresa em caso de necessidade, sem sucesso.
A Guide diz que a piora dos ratings das empresas brasileiras, especialmente uma estatal do porte da Petrobras, pode contaminar a nota de crédito do país.
A corretora lembra que o mercado já coloca em suas estimativas um risco mais elevado para o Brasil, mesmo considerando países com a mesma nota de crédito.
E Mauro Leos, analista sênior de crédito soberano da Moody’s, disse há uma semana que “há uma interconectividade alta da petroleira com a economia nacional”.
“Conter a depreciação do real e a alta dos juros futuros mais longos será mais difícil nos próximos dias”, diz o relatório da Guide.
Próximo passo é rebaixar o Brasil
Já o Bank of America Merrill Lynch destaca que o próximo passo deve ser o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
Dada a importância da Petrobras para a economia brasileira , o risco de rebaixamento da nota de crédito brasileira pela Moody’s parece mais provável, apesar de o país estar ainda dois graus acima do nível de investimento de risco, diz o Merrill Lynch em relatório.
Ou seja, mesmo perdendo um grau, o país ainda continuaria com o grau de investimento. O banco lembra que a Moody’s tem uma nota de Baa2 para o Brasil, com perspectiva negativa, que pode cair para Baa3.
O Merrill Lynch lembra ainda que a mudança de rating deverá ter impacto mais forte no mercado de títulos pelo porte da companhia e pelo tamanho da dívida negociada e que será atingida pelo rebaixamento, de US$ 55 bilhões.
O banco americano observa que outras agências também podem rebaixar a nota da Petrobras: a Fitch tem perspectiva negativa para o rating da estatal e a Standard & Poor’s tem perspectiva estável.
Mais força para Levy?
A notícia positiva é que a Petrobras não tem papéis com cláusulas (covenants) ligadas ao rating, lembra Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets.
Mas se trata de um golpe e tanto para a companhia, que terá muito mais dificuldades para realizar captações dentro e fora do país.
Ao mesmo tempo, o revés pode aumentar a força da equipe de Joaquim Levy dentro do jogo político de Brasília, ao aumentar o senso de urgências dos ajustes na economia.
Segundo Barbosa, o rebaixamento da Petrobras para grau especulativo, mesmo que apenas por uma agência, coloca em risco sim o grau de investimento do país.
“Todavia, não trabalhamos com esse cenário como base no momento”, diz o relatório do analista. “Mas a luz amarela está acessa.”