Mercados

Rali de shopping centers tem dias contados, dizem analistas

Pense duas vezes antes de correr atrás do rali das ações dos shoppings brasileiros


	Compras em shopping: a recessão provavelmente vai minar as perspectivas de recuperação das empresas de shoppings
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Compras em shopping: a recessão provavelmente vai minar as perspectivas de recuperação das empresas de shoppings (Valter Campanato/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2016 às 11h17.

Pense duas vezes antes de correr atrás do rali das ações dos shoppings brasileiros.

Esse é o recado dos analistas consultados pela Bloomberg, que, em ampla maioria, não recomendam aumentar os investimentos em empresas como Multiplan Empreendimentos Imobiliários, Iguatemi Empresa de Shopping Centers e BR Malls Participações.

As operadoras de shoppings conseguiram se segurar melhor que os próprios varejistas que ocupam seus corredores e essa resistência ajudou suas ações a ter uma alta de 54 por cento neste ano, de acordo com a média ponderada do desempenho de sete papéis de sete dessas empresas.

A porcentagem é quase 3 vezes o retorno dado pelo Ibovespa neste ano.

No entanto, por mais que os brasileiros adorem fazer compras, a pior recessão em mais de um século – sem falar na crise política com o processo de impeachment presidencial – provavelmente vão minar as perspectivas de recuperação das empresas de shoppings.

Uma análise publicada pelo Credit Suisse no mês passado mostrou que um terço dos grandes varejistas de shoppings estava enfrentando sérias dificuldades financeiras, liderados por empresas de vestuário que ocupam 63 por cento do espaço dos shoppings. As operadoras de shoppings, que contam com essas varejistas para receita de aluguel, também não estão imunes.

Substituir inquilinos

Os analistas do Credit Suisse, incluindo Nicole Hirakawa e Luis Stacchini, disseram que já não veem os shoppings como uma aposta inteligente no Brasil e que a receita líquida provavelmente cairá neste ano em grande parte do setor pelo segundo ano consecutivo.

“Os riscos de desocupação e inadimplência estão mais altos, e o principal fator será a capacidade de substituir os inquilinos que estão diminuindo a rede de lojas e aqueles que irão à falência”, disseram.

No total, 12.000 lojas de shoppings estão vazias, de acordo com uma pesquisa recente do Ibope Inteligência. O que equivale a cerca de 15 por cento do total de metros quadrados disponíveis. Se reunidas, as lojas totalizariam 58 shoppings fantasmas de 30.000 metros quadrados cada.

Os níveis de desocupação são mais altos nos shoppings que abriram nos últimos três anos, mostra a pesquisa do Ibope. Nos novos centros comerciais, até 45 por cento das lojas estão vazias. Nos shoppings que abriram antes de 2012, antes da desaceleração econômica e da crise resultante, a desocupação é de menos de 10 por cento.

Poder de negociação

Iguatemi e BR Malls ainda têm potencial de crescimento, de acordo com Marcelo Motta, analista do JPMorgan Chase em São Paulo. Ele tem uma classificação “overweight” para ambas as empresas e recomendações “neutras” para a BR Properties e a Multiplan.

Iguatemi e BR Malls têm escala, o que lhes dá poder de negociação com os proprietários de lojas para manter os shoppings cheios. Os centros comerciais da Iguatemi atendem a compradores mais ricos, que são menos afetados pela crise econômica, e ao mercado de São Paulo, que sofreu menos que o do Rio de Janeiro, disse Motta. Quanto à BR Malls, Motta espera que a taxa Selic caia neste ano, o que favoreceria os pagamentos de dívida da empresa. Ele também acredita que o shopping é uma opção de entretenimento mesmo nos períodos de crise.

“Dentro do que é uma possível resiliência nesse momento a gente está muito bem posicionado”, disse Cristina Betts, diretora financeira do Iguatemi. “É muito mais bacana ir a um shopping bonito e bem localizado. Pro lojista também funciona, porque ele quer estar num lugar com mais fluxo.”

A BR Malls não quis comentar. Na semana passada, o jornal O Globo reportou que a empresa tinha contratado o Itaú BBA para negociar a venda de uma participação, com a Blackstone entre os possíveis compradores. O jornal não informou como obteve a informação.

Até o momento, a expansão rápida de algumas empresas de varejo no Brasil – entre elas, Burger King, Havaianas e L’Occitane – ajudaram a sustentar a ocupação. Mas pelo menos algumas das empresas que visam a expansão estão se aproximando do seu potencial, de acordo com o relatório do Credit Suisse, o que indica tempos ainda mais difíceis pela frente.

Acompanhe tudo sobre:brMallsEmpresasEmpresas abertasShopping centers

Mais de Mercados

Nordstrom deixa a Bolsa e dona da Liverpool passa a ser acionista em acordo de US$ 6,25 bi

Orizon cria JV com maior produtora de biometano da América Latina no Rio

Apple se aproxima de marca histórica de US$ 4 trilhões em valor de mercado

Onde investir em 2025: Wall Street aponta os 4 setores mais lucrativos