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Queda do dólar ante real deve ser apenas temporária

Projeções de 31 economistas nesta semana ainda colocam a taxa de câmbio perto de 2,45 a 2,50 reais em um horizonte de seis a 12 meses


	Dólar dos Eua: desvalorização do real atrapalha a luta do BC contra a inflação
 (Scott Eells)

Dólar dos Eua: desvalorização do real atrapalha a luta do BC contra a inflação (Scott Eells)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2014 às 13h01.

São Paulo - A queda do dólar nas últimas semanas deve ser apenas temporária, o que manteria a pressão sobre o Banco Central para continuar intervindo no mercado, segundo pesquisa da Reuters.

As projeções de 31 economistas consultados pela Reuters nesta semana ainda colocam a taxa de câmbio perto de 2,45 a 2,50 reais em um horizonte de seis a 12 meses, mesmo com a queda de cerca de 3 por cento do dólar em fevereiro.

Enquanto o dólar deve subir no Brasil, ele deve cair lentamente no México após um período de estabilidade no mês passado, segundo a mediana de 22 projeções.

O dólar terminou a quinta-feira cotado a 2,3212 reais, perto da mínima em dois meses. Mesmo assim, a mediana das projeções na pesquisa da Reuters coloca a taxa de câmbio em 2,45 reais em seis meses e em 2,48 reais em 12 meses, praticamente o mesmo nível da pesquisa do mês passado.

A desvalorização do real atrapalha a luta do BC contra a inflação. O BC tem atuado no mercado de câmbio por meio principalmente de swaps cambiais desde o ano passado, e o presidente da instituição, Alexandre Tombini, já disse que o banco pode usar parte de seus 377 bilhões de dólares em reservas se necessário para diminuir a volatilidade do mercado.

A pesquisa da Reuters indicou um grau de incerteza maior sobre a taxa de câmbio no Brasil. A faixa de projeções no horizonte de 12 meses se ampliou para 2,196 a 3,000 reais, comparado com entre 2,350 e 2,700 reais na pesquisa anterior --o que também pode indicar maior instabilidade no mercado.


"O real se valorizou um pouco nas últimas semanas por causa de alguns sinais positivos no curto prazo: o resultado melhor que o esperado do crescimento no quarto trimestre, a maior dose de realismo na meta fiscal anunciada pelo (ministro da Fazenda, Guido)_Mantega para 2014, e o contingenciamento de 44 bilhões de reais do orçamento de 2014", disse o analista para América Latina da Maplecroft, em Londres, James Lockhart-Smith.

"Mas no médio prazo, o impacto estrutural da redução do estímulo monetário pelo Fed deve continuar a pesar. Nós esperamos que a queda do dólar perca força se o Fed reduzir o estímulo em mais 10 bilhões de dólares este mês, e depois o dólar deve subir ao longo do ano até se estabilizar na faixa entre 2,50 e 2,70 reais", acrescentou.

Mercado muito comprado em dólares

A mediana das projeções do mercado sugere que investidores poderiam lucrar no curto prazo comprando dólares.

No entanto, relatório recente do Bank of America Merrill Lynch lembra que essa aposta não é tão simples. Com o mercado já carregando grandes posições compradas em dólares no mercado de derivativos, há pouco espaço para novas apostas contra o real, segundo os analistas do BofA Merrill Lunch.

O BNP Paribas, que se diz "estruturalmente pessimista" com o real, também reconhece que a posição técnica não é favorável.

A cautela não se restringe ao Brasil. No México, que decepcionou investidores com crescimento muito fraco no ano passado, a moeda deve se valorizar esse ano, mas a um ritmo bastante lento, de acordo com a pesquisa. O peso, atualmente cotado a 13,1668 por dólar, se valorizaria a 13,000 em seis meses e 12,870 em 12 meses, segundo a pesquisa.

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