Mercados

Proposta da AmBev deve reduzir receio de minoritários

O relatório do Barclays não cita, mas a imagem da AmBev com os minoritários estava arranhada desde 2004, quando a empresa foi vendida para a belga InterBrew


	Armazém da Ambev: a operação deverá também aumentar o volume negociado de ações da empresa
 (EXAME)

Armazém da Ambev: a operação deverá também aumentar o volume negociado de ações da empresa (EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 16h31.

São Paulo - A proposta dos controladores da AmBev de transformar todas as ações da empresa em ordinárias de uma nova companhia, a InBev Participações, deve reduzir o receio dos minoritários em relação ao conflito de interesses com os controladores da companhia.

“A nova estrutura mitiga essa percepção de risco”, diz relatório do banco inglês, assinado pelos analistas Gabriel Vaz de Lima e Rodrigo Coelho. A InBev comprará todas as ações PN e ON da AmBev, pagando em ações ON de sua emissão.

Perdas dos minoritários no passado

O relatório do Barclays não cita, mas a imagem da AmBev com os minoritários estava arranhada desde 2004, quando a empresa foi vendida para a belga InterBrew, dando origem à AB InBev. Os acionistas minoritários donos de ações PN, sem votos, porém, não tiveram direito a parte do ganho de venda do controle, o chamado “tag along”.

O papel preferencial despencou, trazendo perdas pesadas para fundos de pensão, fundos de investimentos e pessoas físicas que acreditavam que a empresa não seria vendida depois das concessões de mercado feitas pelos reguladores para sua criação.

O argumento dos controladores foi de que o controle de fato continuaria com os brasileiros, ou seja, com o bilionário Jorge Paulo Lemann e seus sócios Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Conhecidos como “os três mosqueteiros”, eles se conheceram no antigo Banco Garantia e controlam outras empresas como Lojas Americanas e B2W.



Os controladores se basearam na antiga Lei das S/A, que não oferece prêmio de controle para ações PN. Desde então, a empresa é exemplo do risco que o antigo mercado de capitais brasileiro oferece aos minoritários donos de ações PNs e vista com um certo cuidado pelos investidores.

Maior liquidez para as ações

Para o Barclays, a operação deverá também aumentar o volume negociado de ações da empresa, com a média diária saltando de R$ 108 milhões para R$ 130 milhões na Bovespa e de US$ 73 milhões para US$ 74 milhões em American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações) em Nova York.

Isso também deverá levar a uma maior participação da empresa nos índices de mercado, como o Ibovespa, o IBrX-50, o IBrX 100 e no MSCI no exterior. O banco espera que os preços das ações ON e PN convirjam para o mesmo nível, já que eles serão convertidos pelo mesmo índice para a “nova” AmBev.

Nada de Novo Mercado

Em declarações a analistas hoje, o vice-presidente financeiro da AmBev, Nelson Jamel, afirmou que a empresa não pretende entrar no novo mercado, apesar dos benefícios concedidos aos minoritários.

O Barclays destaca em seu relatório que os controladores devem seguir a decisão a ser tomada pelos minoritários durante assembleia a ser realizada no primeiro trimestre do ano que vem. A empresa garantirá aos minoritários 80% do ganho dos controladores em caso de venda da empresa, o chamado “tag-along”.

Maior dividendo mínimo

O dividendo mínimo também deverá subir, de 35% do lucro líquido ajustado hoje para 40%. A reestruturação criará ainda um ganho fiscal de R$ 105 milhões que será dividido com os demais acionistas da nova empresa, a InBev Participações. E a companhia passará a ter ainda dois conselheiros independentes em seu conselho.

Acompanhe tudo sobre:Ambevbancos-de-investimentoBarclaysBebidasEmpresasEmpresas abertasEmpresas belgasEmpresas inglesasgestao-de-negociosGovernança

Mais de Mercados

Ações da Samsung caem 4,5% e empresa atinge menor valor desde 2020

Dólar atinge maior nível em seis meses após vitória de Trump

Intervenção no câmbio, Musk no governo Trump e pacote fiscal: os assuntos que movem o mercado

Com Musk no governo Trump, para onde vão as ações da Tesla?