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Primeiro calote da história: o que acontece caso os EUA entrem em 'default'?

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, avisou que seu departamento pode ficar sem caixa suficiente em breve

Dólar: o que vai acontecer se o Tesouro dos EUA ficar sem dinheiro nas próximas semanas? (Adam Gault/Getty Images)

Dólar: o que vai acontecer se o Tesouro dos EUA ficar sem dinheiro nas próximas semanas? (Adam Gault/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 27 de maio de 2023 às 09h15.

Clientes de bancos de investimento têm bombardeado Wall Street com perguntas sobre o que vai acontecer se o Tesouro dos EUA ficar sem dinheiro nas próximas semanas e fizer o impensável — deixar de efetuar pagamentos relacionados aos Treasuries, a base do sistema financeiro global.

Com o prazo se esgotando antes de 1º de junho, data em que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, avisou que seu departamento pode ficar sem caixa suficiente, até a segunda-feira ainda não havia um acordo anunciado entre o presidente Joe Biden e o líder da Câmara dos Deputados, Kevin McCarth, sobre o aumento do teto da dívida federal.

Participantes do mercado assumem que, se o Tesouro ficar sem dinheiro suficiente durante um confronto partidário sobre o teto da dívida, o departamento priorizaria os pagamentos de juros e principal dos títulos públicos. Esse mercado, que movimenta US$ 24 trilhões, serve como referência global para custos de empréstimos, como garantia vital para o financiamento nos mercados monetários e constitui uma parte essencial das posições em ativos no mundo todo.

A suposição nunca foi testada, no entanto, e autoridades do Tesouro têm questionado há muito tempo em declarações se a priorização é praticável. Portanto, dada a intensidade do confronto atual, players começaram a elaborar cenários.

De acordo com uma linha de pensamento, o impacto pode não ser tão prejudicial. Afinal, desde a crise do teto da dívida de 2011, participantes do mercado elaboraram um processo para lidar com a possibilidade de o Tesouro anunciar que não poderá pagar os juros ou o principal da dívida.

Mas o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou no início do mês que até mesmo chegar à beira do abismo é perigoso, com consequências imprevisíveis.

“Quanto mais perto se aproximar disso, teremos pânico”, disse durante entrevista em 11 de maio à Bloomberg Television. “A outra coisa sobre os mercados é que, lembre-se sempre, o pânico é a única coisa que assusta as pessoas — elas tomam decisões irracionais.”

E mesmo uma organização importante que ajudou a compilar os procedimentos de emergência, o Grupo de Práticas do Mercado de Treasuries (TMPG), apoiado pelo Federal Reserve de Nova York, emitiu seu próprio alerta.

“Embora as práticas contempladas neste documento possam, à margem, reduzir algumas das consequências negativas de um pagamento fora do prazo da dívida do Tesouro para o funcionamento do mercado de Treasuries, o TMPG acredita que as consequências de atrasar os pagamentos seriam, no entanto, graves”, disse em seu plano de dezembro de 2021.

Uma turbulência mais generalizada nos mercados financeiros rapidamente colocaria o foco no Fed, que durante o confronto sobre o teto de dívida de 2011 compilou um menu de opções para evitar o colapso sistêmico. Ao revisá-los em 2013, o então membro do conselho Jerome Powell referiu-se a duas delas como “repugnantes” – embora não chegasse a dizer que os rejeitaria.

Essas duas consistiam na compra de títulos do Tesouro inadimplentes pelo Fed ou troca por notas não inadimplentes em seu balanço.

Powell, agora presidente do banco central americano, transmitiu repetidamente a mensagem nos últimos meses de que “ninguém deve presumir que o Fed pode proteger a economia” se o Congresso não abordar o teto da dívida.

Opções do Fed

O banco central dos EUA é responsável por manter a estabilidade financeira e, no caso de grandes turbulências, observadores do Fed assumem que grande parte do manual elaborado pelo ex-presidente Ben Bernanke ainda é válido.

Além de injetar liquidez de curto prazo nos mercados financeiros, o Fed também pode abandonar seu atual programa de aperto quantitativo de reduzir suas posições em títulos do Tesouro, escreveram em janeiro Robert Perli e Benson Durham, da Piper Sandler & Co. Desde então, Perli se tornou chefe da mesa de mercados do Fed de Nova York.

No que diz respeito ao processo de default, o plano de contingência elaborado pelos participantes do mercado faria com que o Tesouro informasse, até as 22h no horário local, que não faria o pagamento com vencimento no dia seguinte. Um título com o pagamento do principal vencendo teria seu prazo prorrogado por um dia.

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